sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Neonazismo ronda a União Europeia



Antônio Inácio Andrioli*, no Jornal do Brasil

Com o aprofundamento da crise econômica mundial, ganham força os movimentos de extrema-direita na Europa. Na maioria dos países europeus, grupos políticos fascistas e neonazistas ganham simpatias e adesões, especialmente entre os jovens. Em alguns países, como a Itália e a Áustria, partidos de extrema direita tiveram um grande sucesso eleitoral, passando a constituir bancadas parlamentares e ocupando parte de governos. Haveria paralelos com a crise de 1929 e a ascensão do nazismo na Europa? Como podemos explicar o crescimento da extrema direita?

O aumento da desigualdade social e do desemprego, as principais consequências visíveis do desmonte das políticas de privatização das últimas décadas, contribuiu para produzir um antigo fenômeno social: a xenofobia. Em períodos marcados pela recessão e pela ausência de movimentos e utopias revolucionários, abre-se o espaço para a interpretação simplista e populista da realidade, que culpa os estrangeiros pelos problemas sociais. A ausência de alternativas políticas e o consequente sentimento de impotência e desesperança social são um terreno fértil para o aumento da xenofobia.

No atual cenário, o processo de mundialização do capital contribuiu para a reafirmação de estratégias de organização política com caráter nacionalista. A perda de identidade cultural, decorrente de uma crescente homogeneização da oferta de mercadorias, línguas e moedas, reforça o sentimento de nostalgia da população em relação ao período da Guerra Fria, que permitiu a construção do Estado de bem-estar social no ocidente europeu. Nesse contexto, em vez de buscar compreender os problemas sociais de forma histórica e estrutural, a tendência é identificar um “bode expiatório”, um culpado pela situação.

O contexto atual é outro, mas há semelhanças com outros períodos propícios à emergência de propostas políticas totalitárias. O período em que Hitler e Mussolini chegaram ao poder foi influenciado pela ascensão do nacionalismo, corrente política que se fortaleceu no contexto de derrotas de grandes impérios monárquicos na 1ª Guerra. Os conflitos entre povos e o racismo, entretanto, são muito mais antigos na Europa. A disputa por territórios e recursos naturais constitui a base do colonialismo europeu e o nacionalismo historicamente serviu para criar uma coesão interna nos países, eliminando as contradições de classe e legitimando o investimento bélico.

Em países que não se empenharam em refletir criticamente seu passado com as atuais gerações, como é o caso da Áustria, essa tendência tende a ser mais forte, como pudemos ver nas eleições de 2008, quando a extrema-direita obteve recorde de votos, especialmente entre os jovens. Em outros países, como a Alemanha, se intensifica a ofensiva de repressão aos movimentos sociais por parte de governos de direita, legitimado pelo discurso de “combate ao terrorismo”. Enquanto a ideologia do totalitarismo mobiliza a sociedade a seu favor, ditaduras reprimem movimentos sociais. Essa parece ser a diferença fundamental entre a direita e a extrema-direita, que dominam o atual cenário político europeu.

* Professor do Instituto de Sociologia da Universidade Johannes Kepler, de Linz, na Áustria

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Triplicam as investigações de crimes na internet do MPF em São Paulo

Terça-feira, 10/02/2009 - 18:43

São Paulo - O número de investigações de crimes na internet realizadas pelo Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo triplicou em 2008 na comparação com o ano anterior.

Segundo o procurador Sergio Suiama, membro do Grupo de Combate aos Crimes Cibernéticos do MPF, foram abertos 1.975 processos para apuração de suspeitas de ilegalidades, contra os 620 processos abertos durante todo o ano de 2007.Em entrevista coletiva concedida hoje (10), Dia Mundial da Internet Segura, Suiama afirmou que os crimes de pornografia infantil são o foco da maioria das investigações.

Esses crimes representam cerca de 75% dos casos apurados pelo MPF. Segundo ele, quase a totalidade do restante dos crimes investigados pelo MPF é formada pelos chamados crimes de ódio: racismo, preconceito e outros do tipo.Suiama afirmou também que o aumento dos casos de investigações se deve a dois motivos principais: o primeiro, a maior capacidade do MPF em apurar tais ilegalidades; o segundo, a maior colaboração de empresas para com as investigações.

Ainda sobre a colaboração das companhias do setor, a empresa Google foi citada como exemplo por Suiama. Ela, que é mantenedora do site de relacionamento Orkut, acessado por 30 milhões de brasileiros, firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPF em julho e, desde então, comprometeu-se em facilitar as investigações e restringir a inserção de conteúdos ilegais.“Quase 90% dos crimes na internet acontecem no Orkut”, afirmou Suiama. “A ajuda da Google foi muito importante para as investigações”, reconheceu.

Ivo Correa, um dos representantes da Google no Brasil, ratificou a intenção da companhia em colaborar com o MPF e ressaltou que o número de suspeitas de irregularidades confirmadas ocorridas no site vem caindo desde a assinatura do TAC.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Dia Mundial da Internet Segura é celebrado nesta terça-feira

Danielle Villela, do A TARDE On Line

O diálogo continua sendo a melhor forma de os pais lidarem com a segurança dos filhos. Isso vale tanto para o mundo real, como também para as descobertas no mundo virtual. A recomendação é apontada pelos especialistas como a melhor forma de garantir a segurança das crianças e adolescentes que usam a internet. Para falar do assunto e para comemorar o Dia Mundial da Internet Segura, que acontece nesta terça-feira, dia 10, a organização não-governamental SaferNet Brasil realiza uma oficina que poderá ser acompanhada online a partir das 9 horas da manhã no portal IPTV Cultura.



O objetivo da iniciativa é orientar pais e educadores sobre os riscos que os jovens e adolescentes enfrentam no uso de tecnologias de informação e estimular a abordagem multidisciplinar do tema nas escolas. Segundo Rodrigo Nejm, diretor de Prevenção e Atendimento da SaferNet Brasil, o maior risco oferecido pela Internet para as crianças e adolescentes é o aliciamento, que geralmente acontece em chats ou sites de relacionamento.



Rodrigo Nejm acredita que para evitar essa situação, os pais podem e devem aprender junto com seus filhos o que é a Internet e como ela funciona. “Compreender como funcionam os sites de relacionamento evitaria que o jovem participasse de comunidades com conteúdo impróprio, como de apologia à anorexia e bulimia”, explica. Nejm defende que o essencial sempre é manter uma relação aberta de confiança, sem proibições, mas os pais devem saber o que se passa com seus filhos. “A melhor tecnologia ainda é o diálogo”, finaliza.



O conselho é seguido à risca pela empresária Olga Fernandez, mãe de dois garotos que estão em fases bem diferentes, um com 15 anos e outro com 3. Ela conhece os sistemas de bloqueio de sites oferecidos pelo seu provedor, mas diz que prefere estabelecer a confiança com os meninos. “Falo abertamente sobre tudo, é melhor do que proibir”, defende. O mais novo ainda não sabe ler, mas já navega sozinho em sites de jogos infantis. “Fico mais preocupada com links de vírus do que com esse tipo de crime”, comenta lembrando mais uma das diversas ameaças que podem existir na rede.



ESCOLA – Outro tipo de ameaça para jovens que usam a internet é mais recente e vem sendo chamado de “ciberbulling”. É a versão virtual do “bulling”, nome para as agressões e ofensas praticadas por jovens contra outros jovens com intenção e humilhar e inferiorizar a vítima. Muitas vezes retratada em filmes americanos, a prática muitas vezes tem com principal palco a escola e é ainda mais nociva em sua versão virtual. “Com a possibilidade de envio de mensagens, fotos e vídeos via celular, o adolescente não tem como escapar, é incontrolável”, conta Nejm.
Para ajudar os jovens a lidar com estes e outros riscos no uso das tecnologias de informação, a Ong oferece em seu site cartilhas com orientações para os pais, professores e jovens. Nejm informa que o material disponível é didático, com linguagem simples e inclui conselhos como não ligar a webcam com desconhecidos e não informar email e dados pessoais em chats.



Nesse processo, ele lembra que as escolas têm um papel fundamental. Nesse sentido, a principal proposta da SaferNet é reservar um espaço para conversas com os alunos sobre ética na internet e sobre como prevenir os maus usuários. Filmes educativos e listas com dicas de segurança elaboradas pelos próprios alunos também seriam ferramentas eficazes. Nejm informa que a SaferNet tem sede em Salvador e está disponível para palestras sobre segurança na rede em escolas ou outras instituições. O agendamento pode ser feito pelo site da Ong.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Taxonomía del Homus Silicicus o Geek


El Homus Silicicus (HS) o geek (en su acepción sajona) es una subvariedad del Homo Sapiens, con quien comparte la mayoría de sus rasgos. Pero la diferencia con este es lo que ha motivado el siguiente reporte.




El geek ha abandonado su hábitat ancestral, los entornos rurales para concentrarse en zona urbanas densamente pobladas del mundo. También se presenta en amplias zonas en Taiwán, Japón América del Norte, del Sur y América Central, en especial en Guatemala, en ciudades como Guatemala, Xela etc. Comparte similitudes taxonómicas con el Homus Siliconvalei, en especial con la sub-etnia googlenis, pero no hay evidencia de lazos genéticos. Por lo que se concluye que son evoluciones paralelas.


Dentro de su hábitat es fascinante el estudio de los refugios y huras de los ejemplares. estas suelen consistir en departamentos pequeños de una sola habitación, baño y cocina que comparte hábitat con la imprescindible presencia de todo tipo de organismos electrónicos. Entre los cuales se puede apreciar La Televisión (Boxus Tontilicus), Laptop (Interneticus Interneticus), Home Theater (Musycae Emepetrus), vídeo-consolas (Nintendo Plaiestatiorus), vídeo (Boxus Recordis) y el infaltable celular o teléfono portable (Polifonus Verbiculare), también hallado en otras etnias de Homos como en Homo Empresariae. Si bien es aún tema de debate si estos organismos pluri-chipulares (que contienen muchos chips) realizan una labor simbiótica, ha quedado totalmente descartado que sean parásitos, ya que la ausencia de estos provoca depresión y trastornos de humor en la etnia en cuestión.


La dieta del HS se compone de alimentos ricos en grasas, hidratos de carbono y proteínas, con bebidas de un moderado contenido gaseoso. Un ejemplo de ello es su adicción a la pizza con Coca-cola. Estos alimentos constituyen un estimulante natural para la etnia junto otras sustancias que la ciencia de la taxonomía aún encuentra difícil de clasificar que nada tiene que ver con el subgénero Silicus.


El rito de cortejo del HS es también una de sus características mas sobresalientes, pero cabe destacar su ineficiencia. Dicho rito puede ocurrir en el lugar de trabajo, donde el macho se acerca a la hembra emitiendo un ruido de reclamo sexual que consiste en enumerar las formidables capacidades de su computadora (Hogaris Interneticus), de su celular, etc. Donde puede verse intercambiada con frases de películas de ficción. Dicha aproximación puede terminar en un rotundo fracaso.


Pero una variedad de cortejo, insólita en el mundo animal, es el tele-ritual. En este dos miembros de la misma etnia pueden estar separados por miles de kilómetros, pero se impresionan mutuamente interactuando con algún tipo de Interneticuas, este tipo de cortejo que involucra la presencia de una especie auxiliar no fue vista nunca en el reino animal.

Diversidade, sempre

Ação judicial que investiga o bispo negacionista agrava ainda mais a crise com Roma

A cada dia que passa, parece mais evidente. A decisão de Bento XVI de perdoar os quatro bispos lefebvrianos excomungados criou uma crise muito mais grave do que aquela que tentava resolver. Depois da pressão sem precedentes exercida pela Chanceler alemã, Angela Merkel, o Vaticano exigiu, nesta quarta-feira, que Richard Williamson, o bispo que negou o Holocausto, se retrate de forma “inequívoca” se quiser recuperar “as suas funções episcopais na Igreja”. A reportagem é de Miguel Mora e Juan Gómez e publicada no jornal espanhol El País, 05-02-2009. A tradução é do Cepat.

Além disso, se viu obrigado a dar novas explicações sobre o caso, que poderia acabar com o processo penal do ultraconservador na Alemanha. A Secretaria de Estado afirmou em nota oficial [em italiano] que o Papa não estava a par das posições negacionistas de Williamson quando suspendeu a excomunhão, em janeiro passado. Depois de quase duas semanas de controvérsias, a justificativa soou tardia e pouco convincente.

Segundo demonstra a investigação aberta sobre o assunto pela Promotoria Pública de Regensburg, as teses neonazistas de Williamson começaram a dar o que falar dias antes de ser reabilitado por Ratzinger. A revista alemã Der Spiegel antecipou em 19 de janeiro o conteúdo da entrevista concedida pelo bispo à televisão sueca STV, em que negava o genocídio de seis milhões de judeus e a existência das câmaras de gás.

A Rádio Vaticano ecoou a notícia em 23 de janeiro, e a reabilitação foi comunicada pelo L’Osservatore Romano no dia 25, se bem que a notícia já foi veiculada extra-oficialmente no dia 21 de janeiro. Nesse dia, recordou nesta quarta-feira o Vaticano, o Papa assinou o decreto de perdão. A sucessão de datas deixa em maus lençóis a Sala de Imprensa da Santa Sé.

A explicação da quarta-feira coloca também em apuros o porta-voz do Papa, o Pe. Federico Lombardi, que, no dia anterior, replicando a Merkel, sentenciou que a condenação papal da declaração negacionista “não podia ser mais clara”. Pelo que parece, não foi. No comunicado, o Vaticano exige que Williamson se retrate de suas teses “de modo absolutamente inequívoco e público” se quiser recuperar “as suas funções episcopais na Igreja”. E reitera que suas posições sobre o Holocausto “são absolutamente inaceitáveis e firmemente repudiadas pelo Santo Padre”.
O Vaticano tenta sair do aperto, mas não retrocede. Mesmo com a tempestade provocada em países como a Alemanha e a Argentina (onde a mídia local recordou que Williamson foi e é um firme defensor da ditadura), Ratzinger segue disposto a contar com o bispo. A Santa Sé “se esforçará para tratar com os interessados as questões ainda abertas”, para chegar “a uma plena e satisfatória solução dos problemas que deram origem a esta dolorosa fratura”, afirma a Santa Sé. Aduz, além disso, razões técnicas para tentar diminuir a polêmica: “A suspensão da excomunhão libertou quatro bispos de uma pena canônica gravíssima, mas não mudou a situação jurídica da Fraternidade Sacerdotal São Pio X”, e esta ainda não goza de “nenhum reconhecimento canônico” na Igreja católica.

“Para seu futuro reconhecimento”, reitera, “é condição indispensável o pleno reconhecimento do Concílio Vaticano II e do magistério dos Papas João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e do próprio Bento XVI”.

Não parece fácil, porque o movimento fundado em 1970 por Marcel Lefebvre nasceu em oposição ao Concílio Vaticano II, que abriu a Igreja aos movimentos sociais e laicos, e determinou a aproximação com muçulmanos e judeus.

O fato é que Bento XVI perdoou a um dos grupos mais marginais e reacionários do catolicismo, e que sua intenção de “conseguir a unidade da Igreja” teve apenas efeitos negativos. Deteriorou o difícil diálogo com a comunidade judaica e com Israel, e semeou a discórdia entre os setores moderados, tanto laicos como religiosos.

Na Alemanha, o desprestígio não tem fim. Williamson poderia ser réu de um processo penal, e segundo informa a imprensa, como o Süddeutsche Zeitung, o caso causou um grande aumento das apostasias no país, e uma avalancha de protestos nas dioceses.

Nas últimas semanas é possível ver no YouTube Williamson assegurando que nenhum judeu morreu nas câmaras de gás nazistas, que, segundo ele, nem mesmo existiram. E se pode comprovar como reconhece que comete um crime e “suplica” ao jornalista sueco Ali Fegan que seja “cuidadoso” com a entrevista, porque poderia levá-lo à prisão.

O artigo 130 do Código Penal alemão, dedicado à “incitação ao ódio”, prevê castigos de até cinco anos ou multa para quem “negar ou banalizar” os crimes da ditadura nazista “de forma pública”. E castiga com até três anos a quem, da mesma maneira, “justificar, enaltecer ou aprovar” o regime de Hitler.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Recobram força grupos racistas Ku Klux Klan (KKK)

Washington (Prensa Latina) A organização racista Ku Klux Klan (KKK) registrou um notório incremento de seus filiados desde a designação presidencial de Barack Obama nos Estados Unidos, assinalam hoje jornais.

John Lê Clary, ex-dirigente do grupo chamado de supremacia branca, comentou para repórteres que antigos correligionários lhe disseram que o afro-americano Obama na Casa Branca funcionou paradoxalmente a favor do grupo.

Segundo Clary, a crise financeira global e a dramática mudança de imagem política no país levou muitos estadunidenses a anotar-se como militantes ativos do polêmico grupo.

Durante um recente mitim do Klan em Alabama, a associação somou 300 novos partidários em um par de dias. Trata-se de uma cifra sem precedentes para ocasiões similares, indicou.

As anotações através da Internet também dispararam-se, é uma tendência perigosa que o Escritório Federal de Investigações (FBI) deve considerar seriamente, assinalou Clary, hoje inimigo do KKK.

O Ku Klux Klan é o movimento racista de mais forte presença nos Estados Unidos, para atingir suas metas de segregação e hegemonia branca no passado não duvidou em usar a violência extrema.

Através do território norte-americano existe meia centena de diversos grupos do Klan chamados capítulos ou klaverns, que em geral representam uma força combinada de membros e parceiros superior a seis mil elementos.

Desde 2006, o KKK centrou seus ataques contra a imigração, os casais homossexuais e aquelas leis que qualifique de injuriosas contra o cristianismo.

Depois da entrada oficial do democrata Obama no Salão Oval, os republicanos também elegeram um político negro -o ex vice-governador de Maryland Michael S. Steele- como presidente do chamado Velho Grande Partido.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Bispos católicos franceses defendem o Vaticano II

Os bispos católicos franceses se dizem fiéis e leais ao Papa Bento XVI, mas não escondem sua estupefação diante da suspensão da excomunhão dos quatro bispos integristas da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, ordenados pelo Monsenhor Marcel Lefebvre, informou o jornal La Croix. O episcopado francês se mostra relutante e apreensivo, a julgar pelos depoimentos aos meios de comunicação.

O Cardeal Jean-Pierre Ricard, arcebispo de Bordeaux e membro da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, aponta o nó da tensão: "Num dado momento, a questão do próprio texto do Concílio Vaticano II como documento magisterial da maior importância, deverá ser posto. Ela é fundamental. Mas todas as dificuldades não serão necessariamente de tipo doutrinal. Outras, de tipo cultural e político, podem também emergir. As últimas declarações, inaceitáveis, de Monsenhor Williamson, negando o drama do extermínio dos judeus, é um exemplo", enfatizou.

Reação semelhante foi a do Monsenhor Hippolyte Simon, Arcebispo de Clermont e vice-presidente da Conferência Episcopal. "O papa concedeu aos integristas tudo o que eles queriam sobre a forma dos ritos, mas sobre a questão de fundo, sobre o Concílio, quando afirmou que não existem dois ritos, mas duas formas de um mesmo rito, ele arruinou sua argumentação". Por isso, ele insiste que o Vaticano II seja aceito em sua totalidade e teme pelo retorno, por causa das dissensões internas dos lefebvristas.

Monsenhor François Garnier, arcebispo de Cambrai, disse que os padres e leigos se sentem "caluniados de maneira altaneira e orgulhosa" com a atitude dos integristas, pondera sobre a necessidade de humildade das duas partes, mas disse que não vê esta atitude nos seguidores de Lefebvre, que nunca pararam de desprezar padres e bispos fiéis ao Concílio, com um orgulho esmagador. Até o Monsenhor Marc Aillet, bispo de Bayonne, solidário à decisão de Bento XVI, reagiu às declarações do Monsenhor Williamson, declarando-as "muito graves".

O responsável pelo diálogo judeu-cristão, Monsenhor Maurice Gardès, arcebispo de Auch não esconde o assombro: "Essas declarações se chocam com todo o trabalho realizado desde o Concílio em direção aos nossos irmãos judeus. Não se pode ser cristão e negar a eliminação de seis milhões de judeus. Nossos amigos judeus só podem se sentir desprezados pela decisão da Igreja de aceitar em seu seio um bispo que defende uma tese negacionista. Que exigências foram postas? Quais as condições? Eu não sei. É assombroso que a decisão não tenha sido acompanhada de maneira explícita pelo enunciado de condições".

O bispo de Versailles, Monsenhor Éric Aumonier, pede a unidade, mas expõe os limites: "Bento XVI, assim como João Paulo II, não pode aceitar que subsista uma rachadura no tecido da Igreja sem que se tenha tentado de tudo para remediá-la e que a unidade seja verdadeira. É por essa razão que as excomunhões foram levantadas". Mas reconhece, "será preciso tempo para que todos os católicos adiram de maneira firme e total ao magistério da Igreja, assim como se expressa hoje".

O cerne da dificuldade de relacionamento com os lefebvrianos na França passa pela história do integrismo, de Charles Maurras, de um lado, e pela dificuldade de conciliação desta perspectiva com os avanços do Concílio Vaticano II na Europa. Ao que dizem os bispos franceses, o ressentimento, o anti-semitismo e a antimodernidade não deixam que os seguidores de Lefebvre correspondam ao gesto generoso de Bento XVI. Se a intenção da decisão era a unidade, as reações parecem demonstrar que ela ficou mais distante.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Assassinato de advogado e jornalista renova o espectro das "mortes políticas" na Rússia

O frio dos 16 graus negativos de Moscovo não os demoveu. Não foi uma manifestação maciça - não há manifestações maciças da oposição a Vladimir Putin e Dmitri Medvedev -, mas quase meio milhar de pessoas exigiram ontem nas ruas da capital russa o fim das "mortes políticas", evocando o assassinato recente do advogado Stanislav Markelov e da jornalista Anastasia Baburova, abatidos a tiro a menos de mil metros do Kremlin.Activistas dos direitos humanos comparam a morte de Markelov e de Baburova aos assassinatos da jornalista Anna Politkvoskaia, a tiro em Moscovo, e do ex-agente secreto Alexander Litvinenko, envenenado em Londres - ambos há dois anos e ambos personae non gratae para as autoridades russas."Este homicídio é o último sinal de que a Rússia está voltar à repressão da era soviética, estamos a viver num Estado pós-totalitário", acusou o activista russo Lev Ponomariov durante o funeral de Markelov, em Moscovo, há pouco mais de uma semana.
Stanislav Markelov, de 34 anos, não era estranho a ameaças de morte. Antes dos tiros fatais de 19 de Janeiro, perto da estação de metro de Kropotkinskaia, este advogado - que defendia casos de direitos humanos na Rússia, muitos envolvendo crimes praticados por militares na Tchetchénia - recebera múltiplas ameaças.
E esse foi, de resto, o testemunho prestado pelos seus clientes ao Comité de Investigações da Rússia. O presidente daquele órgão de justiça, Alexander Bastrikin, avisou que o caso é "complicado", dada as numerosas ligações que as vítimas tinham.Medvedev ouviu a GazetaAs circunstâncias das mortes de Markelov e Baburov estão ainda por explicar, sem testemunhas.
Sabe-se tão--só que o advogado foi baleado por um único homem armado, à saída de uma conferência de imprensa onde protestara contra a atribuição de liberdade condicional, a 15 de Janeiro, ao antigo coronel do exército russo Iuri Budanov - condenado em Julho de 2003 a dez anos de prisão pelo estrangulamento mortal da jovem tchetchena Elza Kungaieva, de 18 anos.
Anastasia Baburova, de 25 anos, que acompanhava o advogado, terá tentado parar o atacante e acabou por ser também baleada. Morreria horas mais tarde, no hospital. Foi "testemunha acidental e vítima do crime", afirmaria a polícia. Era oriunda de Sebastopol, na Ucrânia, e escrevia sobre os movimentos políticos juvenis, com particular enfoque no neonazismo, para o Novaia Gazeta, jornal muito crítico do Kremlin. O mesmo para o qual trabalhava Politkovskaia quando foi abatida à porta de casa, em Outubro de 2006, com quatro tiros certeiros - três no peito e um na cabeça, o "tiro de controlo" dos assassinos profissionais.
As autoridades políticas russas mantiveram um silêncio quase total nas duas semanas que se seguiram a estas mortes, mas na passada quinta-feira, o Presidente russo, Dmitri Medvedev - que sucedeu a Putin em Maio - chamou ao Kremlin o director do Novaia Gazeta, Dmitri Muratov, a par de um dos co-proprietários da publicação, o ex (e último) Presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachov.Num relato feito ao correspondente da Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade na Rússia, Muratov contou que o Presidente russo se absteve de fazer comentários sobre a morte do advogado e da jornalista: "Ele explicou que as suas palavras podiam ser interpretadas como uma directiva para seguir uma determinada linha de investigação. E, como advogado, disse ser fortemente contra isso".
Mas quis ouvir a perspectiva de Muratov, assim como a de Gorbachov, sobre o que designou como uma "tragédia". O director do Novaia Gazeta relata que insistiu com Medvedev sobre os perigos do emergente - e cada vez mais forte - movimento neonazi russo (75 imigrantes mortos entre Janeiro e Setembro de 2008, mais 57 por cento do que em 2007).
O chefe de Estado russo asseverou estar a seguir atentamente o fenómeno - "o mais perigoso que a Rússia enfrenta actualmente", avaliou ao director do jornal.
Armas para os jornalistasCom a morte de Baburova e Markelov, o co-proprietário do Novaia Gazeta e oligarca Alexander Lebedev - que comprou recentemente o vespertino britânico Evening Standard - afirmou que não podia "garantir a segurança" das pessoas que trabalham naquela publicação russa.Queria, por isso, que os Serviços Federais de Segurança russos (FSB, agência que sucedeu ao KGB) atribuís-sem licenças de porte de arma aos jornalistas, para que estes se possma defender. "Vamos fazer um pedido raro aos FSB: se não são capazes de garantir a nossa segurança, permitam que os nossos jornalistas tenham armas", desafiou Lebedeva. A sugestão foi liminarmente recusada pelas autoridades policiais de Moscovo.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Google apocalipse

Um bug no Google, que durou cerca de meia hora, fez com que o popular buscador sinalizasse que todos os sites poderiam danificar o computador, neste sábado (31). Assim, não permitia que o usuário abrisse a página ao clicar sobre seu link nos resultados da busca. Ao invés de ir para o site, ele era levado a mais um alerta.
O problema atingiu pessoas de todo o mundo, que não param de publicar comentários no Twitter sob o assunto #googmayharm. O Google ainda não se manifestou a respeito, mas o bug parece ter sido resolvido às 13h30.
Segundo outros relatos, o Gmail também foi afetado, fazendo com que todos os e-mail fossem classificados com spam. O problema pode ter sido com o stopbadware.org, responsável pela análise de segurança do Google.