segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Número de neonazistas violentos aumenta na Alemanha


O número de ultradireitistas dispostos à utilizar a violência aumentou na Alemanha, assim como o de neonazistas militantes de grupos radicais e autônomos nacionalistas, segundo dados antecipados pelo jornal alemão "Der Tagesspiegel".

O número de radicais de direita violentos se situou neste ano em 9,8 mil - cerca de 300 a mais do que em 2010 -, informa o jornal em sua edição desta quinta-feira.

Esta estatística reúne tanto os militantes do ultradireitista Partido Nacional Democrático (NPD), que se destacam por seu potencial violento, como os neonazistas não vinculados a nenhuma outra organização do tipo e membros das denominadas "camaradagens" e de pequenos grupos locais.

Em todos estes ambientes foi observada uma crescente tendência à "politização e ao ativismo político" rumo ao que essa publicação qualifica como "neonacional-socialismo", frente ao que até agora era considerado mero neonazismo superficial e sem raiz ideológica.
Apenas com relação aos chamados autônomos nacionalistas, estima-se que haja cerca de 6 mil indivíduos identificáveis como tal após vários anos de crescimento constante, de 4,8 mil de 2008 até os 5,6 mil de 2010.
Estas estatísticas revelam, por um lado, uma progressiva redução do número de militantes por parte das principais legendas da extrema-direita, o NPD e a União do Povo Alemão (DVU) - com 6 mil e 3 mil militantes, respectivamente, segundo números de 2010.

Os dois partidos, agora em processo de fusão para tentar somar forças, teriam perdido em menos de cinco anos um terço de seus membros, enquanto as camaradagens e grupos locais de neonazistas estariam em auge.

Estima-se que em toda Alemanha haja aproximadamente 200 destes grupos, o que, somado à diversificação das forças policiais, serviços secretos e de observação do Ministério do Interior dificulta a luta contra a extrema-direita, segundo os especialistas.
As informações do "Der Tagesspiegel" coincidem com as informações divulgadas nas últimas semanas sobre uma célula de neonazistas que ao longo de dez anos matou nove imigrantes e uma policial.

A trama foi revelada em meados de novembro, depois que apareceram em uma caminhonete em Eisenach (leste da Alemanha) os corpos de dois membros dessa célula, Uwe Mundlos e Uwe Böhnhardt, de 38 e 34 anos, que aparentemente se suicidaram após assaltarem um banco e serem cercados pela polícia.
Pouco depois, Beate Zschäpe, de 36 anos, a terceira integrante do grupo ultradireitista, se entregou após atear fogo à casa que havia compartilhado com os outros dois membros, supostamente para destruir provas.



Nos dias seguintes foram efetuadas outras três detenções relacionadas ao grupo e, pelo menos em um dos casos, também com o NPD.

A questão reabriu a possibilidade de iniciar um novo processo de proibição do NPD - como pediu a própria chanceler Angela Merkel -, após o fracasso da solicitação apresentada em 2000 pelo governo e o Parlamento diante do Tribunal Constitucional.
O TC rejeitou o pedido em 2003, devido às dúvidas geradas sobre a credibilidade dos depoimentos de policiais infiltrados, principal argumento da solicitação.