quinta-feira, 30 de abril de 2009

Um pequeno manifesto

Há cerca de seis anos, quando eu comecei a entrevistar sobreviventes do Holocausto, em especial os residentes do bairro do Pari em São Paulo, entrei em contato com o grande enunciado de Jorge Semprum:
ninguém sai vivo de um campo de concentração.
A perseguição desumana e a inimaginável animalização imposta a estas pessoas pelo mais abominável regime totalitário de todos os tempos foi mais do que suficientemente retratada. Não se trata aqui apenas de reafirmar isto: mas de recordar a dor. Eu convivi em cada uma das entrevistas com a dor, incômoda, nauseante, consternadora. A descrição de toda a tortura criara em mim um estado de alerta: ultrapassamos, como humanos, os limites possíveis. E, se humana me construo, afinal humano ser é humano fazer-se, esta dor é minha. É minha porque não posso permitir a partilha deste fato sem me surpreender que pessoas humanas, como eu e você, um dia optaram por permitir que campos de concentração aprisionassem judeus, ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais, enfim, outras pessoas humanas, como eu e você.

O sentido da palavra humano se fragilizou pela experiência tenebrosa do holocausto, pois a perseguição realizada por parte da humanidade à outra parte estilhaçou o espelho em que mirávamos o nosso rosto pseudo civilizado. Restou-nos resgatar nossa face humana. É verdade que toda uma luta por Direitos Humanos se iniciou, mirando este resgate. Isto, no entanto, parece escapar-nos. Permitir que vozes se levantem negando o Holocausto é não acalmar feridas mal cicatrizadas, é abrir permissão para assassinar novamente.

Por isto, não posso aceitar a vinda do presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil no início de maio. Na delegação de Ahmadinejad, composta por pelo menos cem pessoas, estarão representantes de vários setores do governo iraniano e empresários. Serão assinados acordos de cooperação econômica, técnica e cultural. Este controverso presidente defende varrer Israel do mapa, questiona o Holocausto e recusa pressões para suspender o programa nuclear iraniano. O comércio bilateral com o Irão significa 2 bilhões de dólares e a presença da Petrobrás no Irão - a estatal estuda ampliar a atuação iniciada em 2004.

Esta semana, a administração Obama reafirmou que concorda com Israel a respeito do programa nuclear iraniano: ele é uma gigantesca ameaça à estabilidade, notadamente delicada, do Oriente Médio. Munido de um apelo populista (se auto-proclama "o amigo do povo"), Mahmoud Ahmadinejad quando eleito presidente do Irã, em 2005, no entanto, ainda era uma figura pouco conhecida internacionalmente. Sua trajetória política conhecia como marco a designação para prefeito de Teerã, em 2003. Fortalecido pelo apoio de setores conservadores poderosos, que mobilizaram uma rede de mesquitas a seu favor, a candidatura à presidência obteve vitória nas urnas.

Como prefeito, o ex-militar havia fechado inúmeras lanchonetes de fast-food e obrigado todos os funcionários homens da prefeitura a usar barba e vestir camisas de mangas compridas. Recusava qualquer manifestação pró-ocidente, como exemplifica a proibição, determinada por ele, da primeira campanha publicitária desde a Revolução Islâmica de 1979, apenas por se vincular a imagem de uma celebridade ocidental, o jogador de futebol britânico David Beckham. Ahmadinejad também defende o programa nuclear que tanto preocupa os Estados Unidos e a União Européia. Desde sua posse, o Presidente iraniano manifestou nas Nações Unidas sua intenção firme de prosseguir com a produção de combustível nuclear. Desde então, ele insiste nesta concepção: defende o Irã como possuidor de "um direito inalienável" à energia nuclear e ofereceu mesmo a países estrangeiros um papel no seu programa nuclear.

Não quero partilhar o solo brasileiro com este homem. Simplesmente, porque ele se recusa a partilhar a humanidade com milhões de seres humanos, ao negar sua dor, história e memória.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Frase do século para quem ainda não entendeu o que a Internet significa politicamente!

A política da mídia não se aplica a todas as formas de fazer política, mas todas
as formas de política têm necessariamente de passar pela mídia para influenciar
o processo decisório.[1]
Manuel Castells
[1] CASTELLS, M. O Poder da Identidade. São Paulo, Paz e Terra, 1999 (Obra original de 1996), pp. 374.

Obama e a memória do Holocausto

WASHINGTON, EUA (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta quinta-feira, durante uma cerimônia que lembrou os seis milhões de judeus massacrados durante a Segunda Guerra Mundial, que se enfrente "aqueles que contam mentiras sobre a história" e pretendem negar o Holocausto.


"Existem aqueles que insistem que o Holocausto nunca ocorreu, aqueles que
praticam toda forma de intolerância -racismo, antissemitismo, homofobia,
xenofobia, sexismo e outras",
disse Obama durante uma cerimônia no plenário do Capitólio que incluiu judeus sobreviventes dos campos de extermínio nazistas e não-judeus que os ajudaram durante a guerra.

"Temos uma oportunidade e uma obrigação de enfrentar este flagelo", disse Obama.

"Temos a oportunidade de nos comprometermos a resistir à injustiça, à intolerância e à indiferença em qualquer forma que assumir, enfrentando aqueles que dizem mentiras sobre a história ou fazendo todo o possível para evitar e pôr fim a atrocidades como as que ocorreram em Ruanda, ou as que ocorrem em Darfur", disse Obama, que fez o seu pronunciamento depois do sobrevivente do Holocausto e Prêmio Nobel da Paz, Elie Wiesel.

Wiesel, que sobreviveu aos horrores do campo de extermínio de Auschwitz, onde sua mãe e sua irmã morreram, acusou o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, de ter se tornado o "principal negador do Holocausto no mundo".

Política se faz com links

Apoio ao Ministro Joaquim Barbosa
http://www.petitiononline.com/Ministro/petition.html

Quando é que vai se acordar que agora a Política tem na Grande Rede, o Agora?
Internet frita Mendes
Do blog Cidadania, do Eduardo Guimarães. Leia tudo aqui.


Em todos os grandes portais da mídia corporativa que fizeram enquetes sobre o
assunto, os comentários chegaram aos milhares e foram quase unânimes em apoiar
Barbosa. Reservo, aqui, um espaço especial ao UOL, que veiculou uma enquete perguntando ao internauta qual dos ministros do STF tinha razão e quebrou a cara de uma tal maneira que simplesmente sumiu com ela pouco depois de publicada, quando o contador de comentários já se aproximava do terceiro milhar e praticamente todos esses comentários eram favoráveis a Barbosa.


Na blogosfera não foi diferente. Os blogs afinados com Gilmar Mendes (Esgoto, Noblat) viram seus posts em defesa do presidente do STF ficarem quase às moscas. No do Josias, ele parece ter optado por não deletar os apoiadores de Barbosa - o número de comentários foi alto (770, na hora em que verifiquei), mas quase todos apoiando Barbosa.


Enquanto isso, os blogs independentes – que apoiaram Barbosa em peso –, tais como o do Azenha, do Nassif, do PHA, do Idelber Avelar e, entre outros, modestamente também este blog, produziram centenas de comentários, com destaque impressionante para o blog do Luis Nassif, onde os comentários chegaram a mais de 700 no momento em que eu escrevia este post – o que pôs o Esgoto em pânico, aliás.


Enfim, estou começando a ficar animado com a “brincadeira”. A internet está começando a mostrar quem é quem politicamente hoje no Brasil. E, a partir disso, tem sido possível até mobilizar centenas, milhares de cidadãos – se se levar em conta os que têm acompanhado e apoiado atos públicos convocados pela Rede como o da ditabranda sem terem tido como participar em pessoa.



A mentalidade política nacional está mudando rapidamente e à revelia do bombardeio político avassalador das redes de televisão e rádio e dos grandes jornais e revistas, todos alinhados ao grupo político-partidário que envolve Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Gilmar Mendes e as famílias midiáticas Frias, Marinho, Civita e congêneres.

Joaquim Benedito Barbosa Gomes é o nome dele.

Conhecido como Joaquim Barbosa, apenas, ele é ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil desde 25 de junho de 2003, quando nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o único negro entre os atuais ministros do STF.
Joaquim Barbosa nasceu no município mineiro de Paracatu em 7 de outubro de 1954 (54 anos), noroeste de Minas Gerais.
É o primogênito de oito filhos.
Pai pedreiro e mãe dona de casa, passou a ser arrimo de família quando estes se separaram.
Aos 16 anos foi sozinho para Brasília, arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público.
Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, obteve seu mestrado em Direito do Estado.
Prestou concurso público para Procurador da República e foi aprovado.
Licenciou-se do cargo e foi estudar na França por quatro anos, tendo obtido seu Mestrado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1990 e seu Doutorado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1993.
Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Foi Visiting Scholar no Human Rights Institute da faculdade de direito da Universidade Columbia em Nova York (1999 a 2000), e Visiting Scholar na Universidade da California, Los Angeles School of Law (2002 a 2003).
Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês e alemão.

O currículo do ministro do STF Joaquim Barbosa que vocês acabam de ler foi extraído da Wikipédia, mas pode ser encontrado facilmente nos arquivos dos órgãos oficiais do Estado Brasileiro.
“E o que mostra esse currículo?”, perguntarão vocês. Antes de responder, quero dizer que o histórico de vida de Joaquim Barbosa pesa muito neste caso, porque mostra que ele, à diferença de seus pares, é alguém que chegou aonde chegou lutando contra dificuldades imensas que os outros membros do STF jamais sequer sonharam em enfrentar.
Não se quer aceitar, nesse debate – ou melhor, a mídia, a direita, o PSDB, o PFL, os Frias, os Marinho, os Civita não querem aceitar –, que Joaquim Barbosa é um estranho no ninho racialmente elitista que é o Supremo Tribunal Federal, pois esse negro filho de pedreiro do interior de Minas é apenas o terceiro ministro negro da Corte em 102 anos, conforme a Wikipédia, tendo sido precedido por Pedro Lessa (1907 a 1921) e por Hermenegildo de Barros (1919 a 1937).

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Novas informações sobre os campos de extermínio de judeus

Ethan BronnerEm Jerusalém

Na cidade ucraniana de Berdicheve, as mulheres judias foram obrigadas a atravessar a nado um rio largo até afogarem-se. Em Telsiai, na Lituânia, crianças foram jogadas vivas em valas ocupadas pelos corpos dos seus pais assassinados. Em Liozno, na Belarus, judeus foram trancados em um estábulo no qual muitos morreram de frio.Apesar dos indivíduos que negam a existência do Holocausto, o mundo está informado a respeito do assassinato sistemático de cerca de seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial. As pessoas sabem o que se passou em Auschwitz e Bergen-Belsen; muitos ouviram falar das dezenas de milhares de judeus fuzilados na ravina ucraniana de Babi Yar. Mas pouco se sabe sobre as centenas, e talvez milhares, de campos menores de extermínio espalhados pela União Soviética, nos quais cerca de 1,5 milhão de judeus encontraram a morte.

Mas agora essa situação está mudando. No decorrer dos últimos anos, o museu do Holocausto e centro de pesquisa Yad Vashem, em Israel, vem investigando esses locais, examinando relatos soviéticos, alemães, de moradores locais e de judeus, e comparando os números e os métodos. O trabalho, coletado sob o título "As Histórias Não Relatadas", está longe de terminar. Mas, para celebrar o Dia de Recordação do Holocausto, que começou na noite da segunda-feira (20/04), a pesquisa está sendo divulgada publicamente no site da instituição. "Certos lugares foram em grande parte negligenciados porque ficam em pequenas vilas e aldeias", diz David Bankier, diretor do Instituto Internacional de Pesquisas Sobre o Holocausto em Yad Vashem.

"Em muitos casos, os moradores locais desempenharam um papel-chave nos assassinatos. Provavelmente em uma proporção de dez moradores locais para cada alemão. Estamos tentando entender aquele homem que um dia jogava futebol com o vizinho judeu, e no outro dia participou do assassinato deste vizinho. Isso proporciona material para pesquisas sobre o genocídio em outros locais, como a África".Segundo a diretora do projeto, Lea Prais, para fins do trabalho um campo de extermínio é aquele que envolve a morte de pelo menos 50 pessoas.

Os assassinatos começaram em junho de 1941, com a invasão alemã da União Soviética. Das repúblicas bálticas, no norte, ao Cáucaso, no sul, esquadrões da morte nazistas varreram as áreas.A primeira evidência do ocorrido foi obtida logo após a guerra por comitês de investigação soviéticos que se concentravam principalmente na descoberta de colaboradores anti-soviéticos. As novas pesquisas comparam tais evidências com registros, diários e cartas de soldados alemães, bem como com relatos de testemunhas e dos poucos judeus sobreviventes, alguns dos quais saíram de valas cheias de cadáveres. Os pesquisadores dizem que em determinadas ocasiões os soviéticos pareceram exagerar, e que se chamou atenção para isso no site. Um dos objetivos do projeto é determinar com mais exatidão quantas pessoas foram mortas. Um caso pouco conhecido envolve um marinheiro alemão que filmou assassinatos em Liepaja, na Letônia. O filme é exibido há alguns anos no museu Yad Vashem. Mas o novo site traz um vídeo esquecido de 1981 com uma entrevista feita em 1981 com o marinheiro, Reinhard Wiener, que disse que era apenas um observador munido de uma câmera cinematográfica.

De acordo com parte do seu relato, "Depois que os guardas civis com tarjas amarelas nos braços gritaram mais uma vez, pude identificá-los como sendo guardas letonianos. Os judeus, que àquela altura eu fui capaz de reconhecer, foram obrigados a pular do caminhão. Entre eles estavam indivíduos deficientes e debilitados, que foram pegos com os demais. A princípio, eles tiveram que fazer uma fila, e depois foram obrigados a seguir para uma vala. Isso foi feito por soldados SS e guardas letonianos. Depois os judeus foram forçados a pular na vala e a correr ao longo dela até a sua extremidade, perfilando-se. Eles tiveram que ficar de pé com as costas voltadas para o pelotão de fuzilamento. Naquele momento, quando viram a vala, eles provavelmente sabiam o que aconteceria. Eles devem ter sentido o que lhes aguardava, porque logo abaixo já havia uma camada de corpos, sobre a qual foi colocada uma fina camada de areia".Prais diz que uma das descobertas que mais a surpreenderam foi a forma como os judeus soviéticos que sobreviveram à guerra procuraram homenagear aqueles que pereceram.


Em campos e praças de vilas distantes eles frequentemente exibiam a Estrela de Davi ou outro símbolo em homenagem aos mortos, apesar do temor das manifestações judaicas ostensivas na era soviética.
"O silêncio dos judeus na União Soviética não era tão silencioso assim",
diz ela. É difícil imaginar a magnitude da chacina da qual alguns deles escaparam. Um caso que Prais e seus colegas analisaram envolve aquilo que ocorreu em Krupki, na Belarus, onde uma comunidade judaica inteira de pelo menos mil pessoas foi eliminada em 18 de setembro de 1941. Um soldado alemão que participou do assassinato em massa escrevia um diário que foi encontrado com o seu corpo pelos aliados, diz ela. No diário, o soldado contou que se ofereceu como um dos "15 homens de nervos fortes" convocados para eliminar os judeus de Krupki. "Todos estes têm que ser fuzilados hoje", escreveu o soldado. Ele observou: "O tempo está cinzento e chuvoso".

Os soldados disseram aos judeus que estes seriam deportados para trabalhar na Alemanha, mas, quando foram obrigados a entrar na vala, o destino real deles ficou evidente. Houve pânico. O soldado escreveu que os guardas tiveram dificuldade em controlar a multidão. "Dez tiros foram disparados; dez judeus caíram", escreveu o soldado. "Isso continuou até todos serem mortos. Somente uns poucos mantiveram a compostura. As crianças agarravam-se às mães, as mulheres aos maridos. Não esquecerei esse espetáculo tão cedo...".

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Pois é...

Ministro Joaquim Barbosa:

Vossa Excelência não está na rua não, Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro. É isso.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Post Off-topic

Gente, eu adoro o blog NPTO! Política analisada pelo cara, sem dúvida, mais inteligente que já andou pelo IFCH (ou será pelo mundo?) Eu adoro, leio e fico me acabando na frente do monitor... Repitam com ele:
Senhor, não deixe que sejamos o América de Natal. Senhor, não deixe que sejamos
o América de Natal. Senhor, não deixe que sejamos o América de Natal. Senhor,
não deixe que sejamos o América de Natal. Senhor, não deixe que sejamos o
América de Natal.

Off-topic nonsense






















Duas imagens que eu quero por aqui.
Motivos?
Ora, eu quero. Simples, é meu blog!
A primeira, versão etnografia virtual da sopa de letrinhas.


A segunda, porque achei ma-ra-vi-lho-sa!



Benjamin, nas tuas mãos...


Quer ter Walter benjamin nas mãos?




nesta loja, você encontra a Arendt, o Hegel, uma turma!

Anotações sobre a notícia abaixo

Não é de hoje que eu falo que este movimento cresce. Está em evolução exponencial...
Num anti-semitismo absurdo, culpam os judeus pela crise, por todos os males do mundo...
Montam um discruso em que os negros teriam "tomado" os empregos dos brancos.
Deliram conspirações... a tal "conspiração deliberada conduzida pelas elites financeiras judaicas", como uma tentativa de recrutar novos membros.
O relatório diz ainda que "lobos solitários e pequenas células terroristas" são os que representam a maior ameaça terrorista para o país - um perfil discreto faz com que seja mais difícil de intervir.

Lobo solitário é o neonazista que age sozinho. Escrevi páginas e páginas a respeito dos lobos e das células...
Espero que medidas educativas se apresentem para barrar o movimento.
Paz...

Movimento de extrema-direita pode estar crescendo nos EUA

Movimento de extrema-direita pode estar crescendo nos EUA
Publicada em 15/04/2009 às 15h02mO Globo


RIO - Ativistas da extrema-direita americana podem estar se aproveitando do momento de recessão econômica e da eleição do primeiro presidente afro-americano nos Estados Unidos para recrutar novos membros, aponta um relatório elaborado pelo Departamento de Segurança Interna americano em coordenação com o FBI, a polícia federal americana. O estudo, publicado no último dia 7, compara a fase atual aos anos 90, quando a extrema-direita ressurgiu "alimentada por uma recessão econômica, críticas à perda de postos de trabalho para outros países e a notável ameaça ao poder e soberania americanos por forças estrangeiras", segundo a CNN.


Apesar de o documento afirmar não ter informação sobre possíveis atos de violência planejados por terroristas da extrema-direita, ele alerta para a possibilidade de problemas como o desemprego e a oferta limitada de crédito "criarem um ambiente favorável ao recrutamento de ativistas de extrema-direita e até resultarem em confrontos entre os grupos e autoridades governamentais". Eleição de Obama pode se refletir em crescimento de grupos extremistas
A eleição de Barack Obama para a presidência dos EUA é tratada no relatório como uma ferramenta-chave para o recrutamento de novos membros de grupos de extrema-direita. "Muitos extremistas de direita são antagônicos em relação à nova administração do país e sua posição em relação a diversas questões como imigração e cidadania, a expansão de programas sociais para alcançar as minorias e restrições à compra e uso de armas de fogo".


O relatório acrescenta que por duas vezes durante a corrida presidencial de 2008 "extremistas pareciam estar nas etapas iniciais de planos contra o candidato democrata", mas foram interrompidos.


A proposta de restrições a armas é citada como outro fator que pode fazer com que os grupos de extrema-direita conquistem novos adeptos e que até mesmo consigam recrutar veteranos.
O anti-semitismo também é abordado no relatório, que diz que alguns grupos atribuem a culpa da perda de empregos nos Estados Unidos e a crise das hipotecas à uma "conspiração deliberada conduzida pelas elites financeiras judaicas", como uma tentativa de recrutar novos membros.
O relatório diz ainda que "lobos solitários e pequenas células terroristas" são os que representam a maior ameaça terrorista para o país - um perfil discreto faz com que seja mais difícil de intervir.


Um funcionário do Departamento de Segurança Interna explicou que a publicação não representa uma tentativa de reprimir a liberdade de expressão. "Não há ligação entre extremistas serem citados no relatório e analistas políticos conservadores, ativistas, eleitores", disse.


Mas a explicação não convenceu o apresentador de rádio Roger Hedgecock, que disse que se o relatório tivesse sido elaborado pela administração Bush, a repercussão seria diferente.
- Se o governo Bush tivesse feito isso (um relatório) sobre os extremistas da esquerda, a imprensa trataria diferente.


Em janeiro, a administração Obama lançou um primeiro alerta, sobre os extremistas da esquerda. Ambos os relatórios começaram a ser elaborados durante a gestão do ex-presidente George W. Bush.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Grande Irmão...

Pesquisadores descobrem spyware em computadores de ministérios, embaixadas e outras instituições de “alto valor político”
Uma investigação de crimes digitais descobriu que 1.295 computadores em 103 países estavam sendo espionados. Segundo o relatório de 53 páginas divulgado no domingo, 30% dos PCs invadidos pertencem a ministérios de relações exteriores, embaixadas, organizações internacionais, empresas de comunicação e organizações não-governamentais. O relatório ainda fornece as evidências mais detalhadas sobre crackers com motivação política ao mesmo tempo em que levanta dúvidas sobre a relação destes criminosos com governos.
A rede de espionagem, chamada GhostNet, utiliza o malware chamado gh0st RAT (Remote Access Tool) para roubar documentos sensíveis, acessar Web cams e assumir completamente o controle de máquinas infectadas.
“A GhostNet é uma rede de computadores infectados residente em localizações de alto valor político, econômico ou de mídia, espalhada por vários países do mundo,” aponta o relatório criado pela Warfare Monitor, projeto de pesquisa do grupo SecDev Group e da Universidade de Toronto, Canadá. “Neste momento, temos quase certeza que as organizações atingidas não têm idéia da situação em que se encontram.”
Ao todo, segundo os pesquisadores, 30% das máquinas infectadas eram “de alto valor” diplomático. Estes computadores estavam em Bangladesh, Barbados, Butão, Brunei, Indonésia, Irã, Letônia e Filipinas. Havia computadores infectados pertencentes as embaixadas de Chipre, Alemanha, Índia, Indonésia, Malta, Paquistão, Portugal, Romênia, Coréia do Sul, Taiwan e Tailândia.
Os pesquisadores ressaltaram, no entanto, que eles não têm confirmação de que as informações obtidas tinham valor e foram vendidas comercialmente ou passadas como inteligência.
A GhostNet começou por volta de 2004, período em que os pesquisadores perceberam que as organizações começaram a receber muitas mensagens falsas de e-mail com arquivos anexados, explica Mikko Hypponen, diretor de pesquisa antivírus da F-Secure. Hypponen, que pesquisa sobre o ataque por anos, afirma que as táticas da GhostNet evoluíram muito desde a primeira tentativa. “Nos últimos três anos, foi bem mais avançada e técnica.”
“É muito interessante ver discussão em torno desse tema, por que é muito antigo e ninguém parecia estar prestando atenção,” acrescentou.
Evidências mostram que servidores na China coletavam alguns dos dados sensíveis, mas os pesquisadores têm cautela e não afirmam que há uma relação direta entre a rede e o governo chinês.
“Atribuir todo malware chinês como um ato deliberado da inteligência do país é errado e causa enganos,” aponta o relatório. Ainda assim, ressalta o relatório, a China fez esforços claros desde a década de 90 para usar o cyberspace para ganhar vantagem militar.
Um segundo relatório, escrito por pesquisadores da Universidade de Cambridge, Inglaterra, e publicado em conjunto com o texto da Universidade de Toronto, foi menos cuidadoso. A análise aponta que os ataques contra o escritório de Dalai Lama (OHHDL, da sigla em inglês) foram lançados por “agentes do governo Chinês.”
Os pesquisadores tiveram acesso aos computadores pertencentes aos dirigentes do governo tibetano que estão exilados, a organizações não governamentais relacionadas com o Tibet e do escritório pessoal de Dalai Lama.
Eles descobriram infecção de malware que permitia o roubo de dados a crackers remotos. As máquinas foram atingidas após usuários abrirem anexos maliciosos ou clicarem em links que levavam para sites nocivos. Neste momento, as pragas procuravam vulnerabilidades em software para assumir o controle da máquina.
Conforme investigavam a rede, os pesquisadores descobriram que os servidores que armazenavam os dados roubados não tinham proteção. Eles assumiram o controle destas máquinas e passaram a monitorar os computadores que foram crackeados. Três dos quatro servidores estavam na China, enquanto um estava nos Estados Unidos. (via idgnow.uol.com.br)

Do marketing etnográfico (???)

Etnografia elimina respostas falsas

São inúmeras as vantagens do marketing etnográfico. Empresas com atuação global utilizam-se da etnografia para saber como seus produtos e/ou campanhas publicitárias serão recebidos nos diversos países. Nos países de cultura islâmica, por exemplo, as roupas masculinas são lavadas separadamente das femininas. Uma informação como essa é fundamental para que as empresas não "arranhem" suas imagens.

A convivência com os consumidores evita desvios dos levantamentos de mercado, entre eles, respostas falsas e inibição diante de questões "melindrosas".
Foi dessa forma que uma antropóloga da Unilever observou uma consumidora tomando banho. Em uma mão ela segurarava a embalagem do xampu; na outra, a tampa. Sua reclamação de que não conseguia passar o produto nos cabelos, fez com que a empresa adotasse no Brasil as embalagens flip-top (aquelas em que a tampa fica embutida na embalagem).

Algumas descobertas creditadas ao comportamento dos consumidores:
• Sorvetes - Nem mesmo o clima quente brasileiro contribui para que o consumo seja maior do que o dos países europeus. Por trás disso, o conceito de que ainda prevalece a mentalidade de que as sobremesas devem ser feitas sempre em casa. Ou seja, servir alimentos industrializados após as refeições indica falta de atenção da dona de casa, segundo os observadores;
• Alimentos matinais - A maioria dos produtos do café da manhã dos brasileiros é consumida em lanches durante o dia, e não apenas no café;
• Inseticidas - As iscas mata-baratas foram desenvolvidas para que os insetos as levem para seus ninhos, contaminando-os. Os descobridores, porém, não contavam que muitas pessoas não resistem ao ver as baratas saindo vivas das armadilhas e as matam com inseticidas.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Pesquisa demonstra que crime de racismo tem poucas condenações

Valor Econômico .
Adriana Aguiar

Apesar do rigor das leis contra o racismo, essas normas não têm sido eficazes para condenar a prática na Justiça. A conclusão é de uma pesquisa feita pelo Núcleo de Direito da Democracia do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e pela Direito GV no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

O levantamento filtrou 26 processos de um total de 226 ações judiciais sobre racismo em tramitação de 1988 a 2005 no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Dessas, apenas dez tiveram decisões de mérito que trataram da questão do racismo - sendo que em seis delas os acusados foram absolvidos e em outras quatro foram condenados. Ainda assim, as condenações foram dadas por crime de injúria racial e não por crime de racismo. Segundo Marta Machado, professora da Direito GV e uma das coordenadoras do projeto, essa alteração na tipificação do crime se dá porque a maioria das condutas de discriminação analisadas envolviam insultos como xingamentos.

Embora tanto a pena por injúria quanto a por racismo seja de um a três anos de prisão, a escolha da Justiça por tipificar os casos como injúria acaba trazendo maior dificuldade no andamento da ação. Isso porque, ao alterar a infração de crime de discriminação, previsto na Lei nº 7.716, de 1989, para crime de injúria racial, previsto no parágrafo 3º do artigo 140 do Código Penal, o processo deixa de ser uma ação pública, movida pelo Ministério Público, e passa a ser uma ação individual, que deve ser movida pela própria parte ofendida. Além disso, a ação passa a ter um prazo de seis meses desde o fato ocorrido para ser impetrada na Justiça, sob pena de prescrição. Já no caso de discriminação racial, o crime tem caráter imprescritível.

Por conta do reduzido prazo de prescrição do crime de injúria, das 16 ações restantes selecionadas pelos pesquisadores e que não tiveram decisões de mérito - em que o TJSP analisou apenas se elas deveriam ou não ter seguimento na primeira instância - sete delas foram extintas. Uma por falta de provas e outras seis por conta de terem ultrapassado o prazo de seis meses. Outras três ações tratavam apenas de questões processuais e em seis o TJSP decidiu pelo seguimento na primeira instância.

Para Marta Machado, "a solução seria uma alteração na lei para colocar a tipificação de conduta de injuria racial passível de uma ação civil pública, que não estaria submetida a esse prazo de prescrição". Para ela, ainda não é possível afirmar, diante da pesquisa, que o Poder Judiciário é insensível à questão racial. "Há problemas sistêmicos sérios nas normas que regulamentam o tema, o que não permite avaliar a posição dos juízes", diz. A exceção, porém, se dá com relação aos quatro casos em que houve absolvição, de um total de seis analisados no mérito pelo tribunal paulista. "Apesar das provas, os juízes alegaram que não houve intenção do acusado em ofender a vítima ao usar expressões pejorativas", afirma. Um novo levantamento abrangendo cerca de 90 decisões do TJSP já está sendo desenvolvido.

No Supremo Tribunal Federal (STF), o tema racismo rendeu poucas discussões até hoje, segundo pesquisa feita no site da corte. Foram encontrados apenas três casos julgados - um que resultou em condenação, outro na extinção do processo e o terceiro foi julgado procedente para o recebimento de queixa-crime. A condenação se deu no caso do editor Sigfried Ellwanger, que publicou livros que fazem, segundo a decisão, apologias discriminatórias contra judeus. Em outro caso, a extinção do processo se deu com a alteração na tipificação de crime de racismo por crime de injúria.

Cadernos do IFCH: Histórias de vida. Biografias e Trajetórias

Cadernos do IFCH: Histórias de vida. Biografias e Trajetórias

Excelente texto acerca da relação entre biografia e etnografia! 


CADERNOS DO IFCH
Nº 31
Título: Histórias de vida. Biografias e Trajetórias
Autor: Suely Kofes
R$ 3.00
Ano: 2004
Páginas 301
Tamanho 15,5x21 cm
Disponível


Apresentação - Suely Kofes (orgs)-"Os papéis de Aspern":anotações para um debate

Suely Kofes-


A maçonaria e mestre Seixas:esboçando a etnografia de uma experiência

Patrícia Inês Garcia de Souza


Vidas protestantes

Ramon Santos da Costa


Antropologia, Estado e o exercício profissional do antropólogo:reflexões a partir da trajetória de Darcy Ribeiro


André Luiz Lopes Borges de Mattos


O negócio de ser "Nestor Perlonguer"um fragmento biográfico

Alcides Fernando Gussi


Impasses no estudo de uma trajetória polêmica

Daniela Manica


"Wasted: uma memória de anorexia e bulimia de Marya Honbacher:uma reflexão antropológica"Daniela Araújo


Sobre Carolina Maria de Jesus, o Quarto de Despejo e a Casa de alvenaria

Simone da Silva Aranha


"Soy un blanco nacido en África,y todo lo demás fluye de ahi"

Marcos Toffoli Simoens da Silva


Sobre Martins e Hannah, entre o romance e as precisões

Cristina Machado Maher


Isolamento,solidão e superfluidade: sobre abismos cotidianos

Gabriel de Santis Feltran


Autobiografia, histórias de vida e narrativas: macaenses em São Paulo

Maíra Santos


Experiência e (hiper) corporalidade entre modelos profissionais

Fabiana Jordão Martinez


Abordagem biográfica:reflexões aplicadas a um projeto de pesquisa

Fabiana Mendes


A greve dos caminhoneiros de julho de 1999:-re-apresentando experiências

Maria Luisa Scaramella


Trajetórias e biografas como métodos de pesquisa

Valdeir D.Del Cont


http://www.ifch.unicamp.br/pub/area.php?texto=pesquisa&id_serie=3

Resumos

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Lista de Schindler é encontrada na Austrália

Nick BryantDa BBC News, em Sydney
A lista preparada pelo industrial alemão Oskar Schindler, que ajudou a salvar mais de mil judeus dos campos de concentração na Segunda Guerra, foi encontrada em uma biblioteca de Sydney, na Austrália, que não sabia que estava de posse do documento.


A lista foi encontrada em meio a notas de pesquisa e recortes de jornais alemães usados pelo escritor australiano Thomas Keneally, autor do livro A arca de Schindler, em que se baseou o filme A lista de Schindler, de Steven Spielberg.

A biblioteca obteve a lista quando comprou o material de pesquisa de Keneally em 1996.A lista contém 13 páginas amareladas, onde estão escritos os nomes e nacionalidades de 801 judeus e foi descrita como um dos documentos mais poderosos do século 20.

"Ela salvou 801 vidas das câmaras de gás... é uma peça histórica incrivelmente tocante", disse a co-curadora da biblioteca Olwen Pryke.Segundo Pryke, nem a biblioteca nem o livreiro, de quem comprou o material, se deram conta de que a lista estava entre os documentos.

A lista foi datilografada apressadamente em 18 de abril de 1945, ao fim da Segunda Guerra, e compilada por Oskar Schindler.Durante a Segunda Guerra, Schindler dirigiu uma fábrica na Cracóvia, Polônia, onde usou mão de obra judia.

Horrorizado com a conduta dos nazistas ele conseguiu convencer oficiais de que seus funcionários eram essenciais para os esforços de guerra e não deviam ser enviados a campos de concentração.

A lista foi entregue ao escritor australiano Thomas Keneally em uma loja em Los Angeles, quase 30 anos, atrás por uma das pessoas que Schindler ajudou a escapar, Leopold Pfefferberg.
Pfefferberg queria que o escritor contasse a história da lista.

domingo, 5 de abril de 2009

Veja 10 filmes que tentaram prever quais tecnologias vingariam no futuro.

Framingham - Alguns acertaram em cheio e outros foram futuristas.
Não é fácil fazer um filme que divirta, tenha uma boa história e antecipe as tendências e tecnologias que se tornarão verdade tempos depois. Lembra aqueles incríveis gadgets dos filmes de James Bond (um carro que se transforma num submarino e um relógio que emite laser que corta qualquer coisa)? Eram pura fantasia!Listamos aqui dez filmes, especialmente os feitos entre os anos 1980 e 1990 - que acertaram nas previsões de tecnologia - ou chegaram perto. Alguns deles você vai dizer: "Meu Deus, essas tecnologias já existem hoje!" ou "Isso realmente pode acontecer agora!".
Confira.>

sábado, 4 de abril de 2009

Livro digital é o futuro da academia (?)

Robert Darton 67 anos, Professor de História Européia na Universidade de PrincetonLivro digital é o futuro da academia - Link Estadão
Professor de história na Universidade de Princeton advoga a combinação de publicações online e em papel
Camila Viegas-Lee ESPECIAL PARA O ESTADO EM NOVA YORK
Apesar de ser historiador – e portanto o que os franceses chamam de passéiste, sempre voltado ao passado –, o professor Robert Darnton, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, explica que "de vez em quando bate o olho no retrovisor e capta relances do futuro.”
Darnton, que já presidiu a Associação Histórica Americana, é um dos maiores defensores da combinação de publicações digital e impressa. Ele está no Brasil onde participará de uma conferência organizada pelo Projeto Copesul Cultural, em Porto Alegre, no dia 27 de março.
Para o professor, as publicações eletrônicas têm vantagens evidentes como acessibilidade e facilidade de pesquisa. “O preço para desenvolver mecanismos de busca e programar links deverá cair na medida em que bibliotecas e usuários aumentarem a demanda por esses serviços”, diz. Além disso, ele explica, já existem impressoras por demanda que podem produzir livros tradicionais a partir de e-books (livros eletrônicos) e facilitar leituras prolongadas.
“Práticas como essa vão mudar a indústria editorial incluindo impressão, estoque e distribuição”, diz ele.
Darnton defende que, passadas as fases de entusiasmo utópico e desilusão das publicações eletrônicas, estamos entrando numa fase de pragmatismo. “E-books podem incrementar o livro tradicional. Nunca me ocorreu que uma nova forma de comunicação sairia da internet, mas estou feliz que ela esteja aqui.”
Darnton está escrevendo a história do comércio de livros na França durante o século XVIII. O livro deve ser publicado parte em papel pela Oxford University Press e parte na internet. “Não se trata do acúmulo de dados, como uma nota de rodapé elaborada”, diz. “Vou organizar o texto em camadas como uma pirâmide em que o cume é o livro impresso, e as camadas debaixo são monografias aprofundando temas citados no livro, dossiês em francês, transcrições interpretativas de documentos, cópias de cartas originais e assim por diante.”
Para escrever esse livro, Darnton conta que, desde 1965, leu cerca de 50 mil cartas originais de praticamente todos os tipos de pessoas envolvidas no comércio de livros na época, incluindo autores, editores, impressores, distribuidores e vendedores, arquivadas em uma pequena editora em Neuchâtel, na Suíça. O professor explica que a censura francesa no século XVIII era severa e que os livros mais ousados vinham de lugares que hoje são a Bélgica, a Holanda e a Suíça.
Darnton vai descrever como os livros entravam clandestinamente na França, a partir da viagem de cinco meses de um vendedor ambulante em 1778. O personagem é verídico e o professor encontrou as cartas que ele escreveu durante a viagem. “A maioria das cartas é de prestação de contas, mas há momentos em que ele conta que teve de vender o cavalo e que passou cinco dias viajando debaixo de chuva. Divertido.”
Por causa do formato, o leitor poderá ler o material tanto na horizontal quanto na vertical. “A beleza da nova tecnologia está aí. O leitor ganha autoridade e se torna um colaborador ativo capaz de fazer associações diferentes das minhas”, diz entusiasmado.
É impressão minha ou essa função de colaborador ativo é intrínseca ao livro? Quero dizer, nós já não fazemos associações diferentes das do autor de um livro ou texto, uma vez que somos diferentes dele, e uma vez que nosso arcabouço teórico e de valores é diferente do dele?
Contudo o entusiasmo diminui quando o professor comenta que estudantes do outro lado do mundo mandam perguntas sobre o iluminismo por e-mail. “Eles têm que estudar por conta própria. Às vezes recebo e-mails extremamente informais do tipo ‘oi Bob’. Antigamente eu respondia a todos, hoje já não dá mais tempo.”
Apesar do entusiasmo com a tecnologia e de ser autor de projetos online, o professor garante que sempre haverá espaço para o livro tradicional. “O livro tem provado ser uma ferramenta excelente e não vai desaparecer.” Para ele, o livro é fácil de manusear, resistente, confortável, bonito e permite rápido acesso à informação, sem depender de bateria ou de conexão à internet.
Concordo com o rapaz, adoro livros e jamais abriria mão de manuseá-los, sentir seu cheirinho de gráfica, o que seja (chamem de mania, chamem de esquisitice, como queiram). Mas vamos combinar que, apesar de não depender de 'bateria ou conexão à internet', aqui no Brasil ele depende de poder financeiro - o que dá no mesmo, ou pior, em questão de acesso rápido e fácil à informação
Além disso, “quando toma nota de informações contidas em livro, o pesquisador passa por um processo de interpretação, entendimento e síntese”. Darnton mesmo guarda suas anotações, centenas de cartões cuidadosamente catalogados, em cerca de 20 caixas de sapato em seu escritório em Princeton. “Quando escrevo, coloco os cartões na mesa e vou organizando as informações que me interessam.”