terça-feira, 31 de março de 2009

Hakken e a "etnografia do proto-ciberespaço".

David Hakken, 1999, Cyborgs@Cyberspace? An Ethnographer Looks at the Future. HAKKEN, D.avid. New York: Routledge, 1999.
Veja aqui.

Resenha feita por Adriana Dias, Doutoranda em Antropologia - UNICAMP. Publicada no OCS - Observatorio para la CiberSociedad

Um dos primeiros livros que li, a respeito da “etnografia do ciberespaço”, ou “etnografia do proto-ciberespaço”, como a define o autor (p.4) foi Cyborgs@Cyberspace? de David Hakken. O livro, muito instigante, desafia a pensar as novas tecnologias à luz de uma perspectiva antropológica.

O nome do livro problematiza a relação do homem bidimensional, tecnológico e cultural, o cyborg (p. 2-4), com o novo espaço de relações sociais, ou um novo “um tipo de formação social” (p.3), o ciberespaço. O sinal @, símbolo que, nos endereços eletrônicos indica o usuário em um domínio no qual utiliza o servidor de e-mail, o @ tem o sentido de “at”. A idéia é portanto pensar este homem bidimensional neste espaço também bidimensional, pois também é uma construção tecnológica e social.

Escrito em 1999, o livro é uma primeira tentativa de problematizar a relação entre as novas tecnologias e as praticas sociais por elas construídas, discutindo que espécie de questões podem surgir, em termos de possibilidades e perigos para o que ele denomina “arena primária da atividade humana”, ou sejam as relações sociais.

Um dos pontos mais interessantes da introdução do texto de Hakken nasce de sua constatação: os seres humanos, como seres tecnológicos e culturais devem ser analisados por uma teoria antropológica que abarque também os estudos técnicos. Para isso seria necessário pensar as identidades formadas e as relações a elas impostas, neste espaço.

Nos segundo capítulo o autor avalia a participação humana no ciberespaço, preconizando que o crescimento desta participação e sua influência sobre as relações sociais fariam deste “mundo” um grande objeto para a antropologia. Interessa-lhe pensar, como etnógrafo o ciberespaço como um lócus humano, e discutir a “revolução dos computadores” a partir de suas implicações para a vida social. Para tanto, o autor revista três décadas de desenvolvimento tecno-eletrônico para pensar o etnógrafo diante das responsabilidades teóricas, éticas e políticas que vem a tona “neste novo mundo”.

No terceiro capítulo, o mais interessante para a metodologia etnográfica, Hakken discute os pressupostos deste método, sua aplicabilidade ao “tipo de formação social” em questão, e como o conceito de “objeto de estudo” da antropologia se manteve distante dos avanços técnicos. Partindo de uma experiência etnográfica no ciberespaço, desenvolvida por Sheffield, Hakken esboça as primeiras discussões antropológicas a respeito do tema. Sem dúvida, a melhor parte do livro aparece aqui: é esta tentativa de pensar o cyborg, uma tentativa que ele divide com outros autores (Downey, 1998, Bell, 2000 e a importantíssima Harraway, 1999), pensando, de dentro da teoria antropológica, e com grande rigor, como discutir, em etnografia virtual a idéia do ciberespaço, e sua relação com o cyborg. O cyborg, neste livro é pensado como “portador da cultura”, hábil em articular tecnologia e relações sociais, atravessando identidades múltiplas e reinvenções sociais. Absolutamente bidimensional o cyborg é o humano dentro do domínio do ciberespaço, ele está @ciberespaço. E por isto empresta também ao ciberespaço a sua dupla dimensão, demarcando-o como espaço tecnológico e social, entre tecnológico e social.

A seguir, no quarto capítulo, ele recorta como esta capacidade de funcionar como um espaço híbrido, entre o cultural e o tecnológico permite ao ciberespaço servir de espaço a outras mediações, entre a ética e a política, por exemplo. Ele mostra como tecnologia é trazida ao jogo, em defesa da idéia de nação, por exemplo ou defendendo projetos políticos.

No quinto capítulo, o autor aponta como esta ambigüidade, do cyborgue e do ciberespaço apontam para relações revestidas de complexidade. E dsicute, ainda, como se comportam as identidades no ciberespaço, e os atores sociais nelas envolvidos, problematizando temas como classe, gênero, raça, entre outros.

No sexto capítulo do livro, Hakken desenvolve duas grandes aproximações analíticas, a primeira, à luz da Economia Política, que enfatiza, por demais a tecnologia, tratando-a como símbolo de progresso, e lendo todos os avanços tecnológicos diretamente como avanços sociais. A segunda aproximação, central na argumentação de Hakken não vê na tecnologia força inevitável e independente, mas também como sujeita, inclusive na leitura que se faz delas, a focas políticas. A idéia de hakken é que o ciberespaço não é amplo, apenas porque inclui o espaço físico das redes de computadores, mas ele é ampliado, na medida em que se desenvolve, politicamente, inclusive, a idéia de que “toda a sociedade” ou “a totalidade social” se utilize destas tecnologias. (pág. 216).

O texto é tão atual, que quase podemos ver as inúmeras campanhas de políticas públicas que se arvoram em resolver os problemas da “exclusão digital” passarem na frente de nossos olhos, nos interrogando porque “politicamente”, como discute Hakken elas são produzidas. Irreversível, este processo exige questionamentos éticos e políticos mais profundos.

Foi diante deste texto que pensei pela primeira vez na idéia de zoon politikon digitalis...O texto remetia-me, diretamente a questão colocada por Hannah Arendt, quando cita Aristóteles e suas únicas “duas atividades necessárias e presentes nas comunidades humanas” (ARENDT, 1981, p. 34) que poderiam ser concebidas como políticas, a saber, a ação (práxis) e o discurso (lexis). Entendo o discurso como prática, pois as condições sociais de sua produção e utilização, como indicou Bourdieu, exigem que o discurso deva ser pensado ´procurando fora das palavras´, nos processos que produzem tal discurso, e que confere aos agentes ´os princípios de um poder que uma certa maneira de utilizar as palavras permite mobilizar´ (BOURDIEU 1998, p.199-200).


A tecnologia, nem as praticas e discursos (estes também práticas) por meio dela desenvolvidos e nela ambientados, jamais poderiam ser, portanto pensados como autônomos do mundo social. Neste sentido, como afirma Hakken, o ciberespaço funciona como uma arena, sujeita à forças políticas e profundamente reflexivo no mundo social. Um novo agora, digitalizado, necessita de antropólogos que o problematizem. Esta idéia central permeia o sétimo capítulo do livro: é preciso pensar a cibercultura, indagá-la, indo além do exame, nada simples, do papel da tecnologia em sua relação com a cultura, para discutir se é possível, e de que forma, etnografá-la, dando conta de como as práticas envolvidas implicam na construção da metodologia etnográfica, como concluiu o autor.






Referências:
ARENDT, H. 1981. A condição humana. São Paulo: Forense/Edusp.
BOURDIEU, Pierre. A economia das Trocas Lingüísticas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.

segunda-feira, 30 de março de 2009

A importância da diversidade

Texto clássico traz lição enunciada por Lévi-Strauss que está na ordem do dia: a impossibilidade de hierarquizar a diversidade
Por Alexsander Lemos de Almeida Gebara


O texto “Raça e história” de Claude Lévi-Strauss, publicado em 1952, foi escrito sob encomenda da United Nations Educational Scientific and Cultural Organization (Unesco) como parte de uma coleção intitulada La question raciale devant la science moderne. Não é difícil compreender algumas das razões que pautaram a encomenda. A Segunda Guerra Mundial havia recentemente marcado a história como um dos acontecimentos mais trágicos, violentos e devastadores de todos os tempos e, a despeito de suas razões políticas, parte de seu motor ideológico funcionava com um combustível bastante inflamável, o racismo.

Entretanto, a Segunda Grande Guerra não foi o único e nem o último dos processos geopolíticos excludentes e opressores que derivam da idéia de uma suposta hierarquia racial. Basta, como exemplo, apontar o controle colonial que boa parte dos países da Europa Ocidental exercia, ainda na década de 1950, sobre grandes porções do território do globo, mais especialmente sobre o continente africano e o sudeste asiático. Em suas origens, tal colonialismo legitimava sua existência exatamente nas suposições de uma hierarquia “racial” oriunda da “antropologia” do final do século XIX. De fato, as chagas do racismo expostas pela Segunda Guerra Mundial teriam grande efeito no desencadeamento das lutas pela libertação das regiões coloniais nas décadas seguintes.

Desta forma, também não parece muito difícil compreender qual seria o tom mais geral do referido texto de Lévi-Strauss, qual seja, a desconstrução, a crítica e a condenação das perspectivas que continuavam a hierarquizar as diferentes “raças” ou culturas do mundo.
Não é por acaso, portanto, que o texto comece com a afirmação de que não há nada que comprove, cientificamente, a superioridade de uma raça sobre a outra. Mas não é apenas isso, o autor também não se contenta com a possibilidade de “medir” supostas diferentes contribuições das “raças” ao patrimônio comum da humanidade, pela simples razão de que tal atitude seria uma espécie de inversão da doutrina “racista”, uma vez que continuaria creditando à “raça” o motivo das diferenças culturais. Ou seja, basicamente, o ponto inicial da crítica é a confusão freqüente então entre “raça”, no sentido biológico do termo, e “cultura”.

Por outro lado, Lévi-Strauss também não pode deixar de notar a diversidade das formas culturais humanas. Diversidade esta que só faz sentido na relação entre elas, uma vez que se não se relacionassem, não haveria nem mesmo a percepção da diversidade. Neste sentido, as culturas não são em si, mas sim em relação à. Esta constatação faz surgir um tema que permeia todo o texto, qual seja: “existem nas sociedades humanas, simultaneamente em elaboração, forças trabalhando em direções opostas: umas tendem à manutenção, e mesmo à acentuação dos particularismos; as outras agem no sentido da convergência e da afinidade” (Lévi-Strauss, 1993, p.331).

A diversidade, apesar de não ser mensurável, vinha sendo comumente retratada como uma diferença derivada de um processo evolutivo, ou seja, enquanto algumas culturas evoluíram, outras permaneceram estáticas. Ora, supor que alguma cultura estaria isenta da influência do tempo seria propor um absurdo. Entretanto, tal absurdo permaneceu por muito tempo como sustentáculo das teorias evolucionistas sociais, que viam nas sociedades “primitivas” um estágio anterior do desenvolvimento da cultura ocidental1.

Duas questões passam a dominar o texto a partir de então, quais sejam: como se explica a diversidade? E como as diferentes culturas interagem? Dado o fato de que todas as culturas dispõem do mesmo “material básico” – ou seja, “todos os homens, sem exceção, possuem uma linguagem, técnicas, uma arte, conhecimentos positivos, crenças religiosas, uma organização social, econômica e política” (Lévi-Strauss, 1993, p.349) – as diferenças estariam baseadas na “dosagem” de cada um desses elementos para cada uma delas.

Assim, para uma compreensão mais ampla do “outro” faz-se necessária uma mudança de perspectiva, ou ao menos na crítica da perspectiva tradicional com a qual a sociedade ocidental enxerga o “outro”. Dominado pela idéia de “progresso” e, logo, pela construção de sua história como uma evolução paulatina e relativamente constante, o Ocidente toma-se como modelo, o que redunda na explicação evolucionista social anteriormente criticada. Ou seja, é preciso rever o próprio conceito de progresso, que o autor classifica então como não linear e ocorrendo aos “saltos”.

Uma vez que a cultura ocidental trilhou um caminho de progressão técnica para sua reprodução e expansão, é com base nesse conceito que observa as demais, tornando-se incapaz de perceber eventuais “desenvolvimentos” de outras culturas que trilharam outros caminhos2. Deste ângulo de visão, quaisquer progressos técnicos de outras sociedades são vistos como obra do “acaso”, diferentemente da sociedade ocidental que “progride” pela reflexão e investimento objetivo e consciente.

A diferença técnica da sociedade ocidental, dessa forma, não pode ser índice de uma superioridade em si, mas deve ser tratada apenas como característica histórica específica. Mas Lévi-Strauss vai ainda mais além. Mesmo a conjunção de fatores que resultaram nesse desenvolvimento específico não pode ser creditada unicamente à história ocidental.
É aqui que entra a segunda das questões esboçadas acima, ou seja, como as diferentes culturas interagem? Segundo o autor, para que qualquer forma de desenvolvimento se torne possível, é necessária uma conjunção de inúmeros fatores, ou seja, em última análise trata-se de uma questão de probabilidade3. A metáfora utilizada no texto remete às probabilidades de uma determinada sequência numérica ocorrer em seguidas rodadas de uma única roleta. Dessa forma, a probabilidade da bolinha cair no número 1, depois no número 2, e assim sequencialmente até o número 9, por exemplo, é muito pequena. No entanto, se utilizássemos um número maior de roletas, e pudéssemos selecionar o resultado de qualquer uma delas a cada rodada, as probabilidades seriam ampliadas.

Transposta à situação de contatos culturais, conclui-se que quanto maior o número de contato entre culturas diferentes, maiores as probabilidades de desenvolvimentos específicos em quaisquer delas. Dessa forma, Lévi-Strauss procura valorizar a coexistência de diferentes estruturas culturais como forma de impulsionar o “desenvolvimento” de todas elas. Entretanto, essas considerações o levam de volta à tensão expressa no início de seu texto, entre as tendências por um lado particularistas, e por outro homogeneizadoras, resultantes do contato cultural. Uma tensão paradoxal, pois se o contato com outras culturas amplia as possibilidades de desenvolvimentos, ao mesmo tempo faz com que tendam a se tornar cada vez mais parecidas. De fato, a distinção entre “história cumulativa” e “estacionária” ganha aqui uma definição mais ampla:

“... pode-se dizer que a história cumulativa é a forma de história
característica desses super-organismos sociais que constituem os grupos de
sociedades i.e., das sociedades que têm contatos com outras, ao passo que a
história estacionária – se é que ela existe verdadeiramente – seria a marca
deste gênero de vida inferior, que é o das sociedades solitárias” (Lévi-Strauss,
p.361).

Enfim, na resposta à questão sobre como as diferentes sociedades e culturas interagem, encontra-se a valorização da diferença como elemento produtivo. É justamente o afastamento diferencial entre as culturas que oferece as maiores probabilidades de configuração de novos elementos de desenvolvimento para todas elas.

Desta forma, o texto termina com uma recomendação às instituições internacionais (não nos esqueçamos que a encomenda do artigo partiu da Unesco), no sentido de preservar a diversidade cultural, não significando com isso mantê-las intactas, mas incitando os desenvolvimentos e potencialidades de cada uma delas.

Certamente, uma série de críticas pode e deve ser feita ao texto de Strauss, mas este não é o espaço adequado para apresentá-las, uma vez que não se trata de uma revisão da teoria antropológica, mas sim de observar a importância desse ensaio no contexto de reflexão sobre os direitos humanos na sociedade contemporânea.

Neste sentido, basta notar alguns exemplos de acontecimentos e processos geopolíticos internacionais deste meio século posterior à publicação original, tais como a resistência dos países europeus às demandas por independência nas colônias asiáticas e africanas até as décadas de 1960 e 1970; a divisão global em blocos políticos durante a Guerra Fria até o final da década de 1980; a contínua exploração econômica sobre o sul global até os dias atuais; as manifestações xenófobas na Europa contra os imigrantes; os incessantes embates entre judeus e palestinos, (para citar apenas alguns) para perceber que a lição enunciada por Strauss, sobre a impossibilidade de hierarquizar a diversidade, e de fato, a extrema importância desta diversidade no desenvolvimento mundial ainda não foi apreendida, de maneira que sua leitura ainda se mantém, até hoje, na ordem do dia.

Alexsander Lemos de Almeida Gebara é professor adjunto de história da África da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Esta resenha foi feita a partir do capítulo do livro Antropologia Estrutural II:
- LÉVI-STRAUSS, C. “Raça e história”. In: Antropologia Estrutural II. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 4ª. ed, p. 328-366, 1993.
A imagem da capa é de um livro publicado posteriormente com o ensaio de Lévi-Strauss:
- LÉVI-STRAUSS, C. Raça e história. 7ª. ed. Portugal: Editorial Presença, 2003. (Universidade).


Notas
1 Mesmo uma leitura leviana e equivocada do texto de Strauss poderia concluir que as diferenças esboçadas pelo autor entre “história cumulativa” e “história estacionária” traçam uma diferença entre culturas que se desenvolvem e outras que permanecem paradas. Claro está que esta não é a leitura apropriada. Para uma avaliação desses conceitos ver Goldman, M. “Lévi-Strauss e o sentido da história”. Revista de Antropologia, vol. 42, n 1-2, 1999.
2 A título de exemplo, Strauss sugere, por exemplo, que as culturas orientais acumularam um conhecimento muito maior sobre o corpo humano, esta “máquina suprema”, do que o próprio Ocidente. Conclui-se que, dessa forma, o caminho trilhado pelas culturas orientais foi diferente, mais “atrasado” com relação a conhecimentos técnico-mecânicos e mais “adiantado” no conhecimento do corpo humano.
3 Nunca é demais relembrar que “desenvolvimento” no sentido empregado aqui não tem a conotação de “progresso” em sentido único, mas sim de transformações quaisquer, a despeito de suas importâncias no processo de diferenciação ao longo do tempo.

terça-feira, 24 de março de 2009

Velhos Ditados...

Recebi do Alexandre Atheniense

1. A pressa é inimiga da conexão.
2. Amigos, amigos, senhas à parte.
3. Antes só, do que em chats aborrecidos.
4. A arquivo dado não se olha o formato.
5. Diga-me que chat freqüentas e te direi quem és.
6. Para bom provedor uma senha basta.
7. Não adianta chorar sobre arquivo deletado.
8. Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse.
9. Em terra off-line, quem tem 486 é rei.
10. Hacker que ladra, não morde.
11. Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.
12. Mouse sujo se limpa em casa.
13. Melhor prevenir do que formatar.
14. O barato sai caro. E lento.
15. Quando a esmola é demais, o santo desconfia que tem vírus anexado.
16. Quando um não quer, dois não teclam.
17. Quem ama um 486, Pentium 5 lhe parece.
18. Quem clica seus males multiplica.
19. Quem com vírus infecta, com vírus será infectado.
20. Quem envia o que quer, recebe o que não quer.
21. Quem não tem banda larga, caça com modem.
22. Quem nunca errou, que aperte a primeira tecla.
23. Quem semeia e-mails, colhe spams.
24. Quem tem dedo vai a Roma.com
25. Um é pouco, dois é bom, três é chat ou lista virtual.
26. Vão-se os arquivos, ficam os back-ups.
27. Diga-me que computador tens e direi quem és.
28. Há dois tipos de pessoas na informática. Os que perderam o HD e os
que ainda vão perder…
29. Uma impressora disse para outra: Essa folha é sua ou é impressão minha?
30. Aluno de informática não cola, faz backup.
31. O problema do computador é o USB (Usuário Super Burro).
32. Na informática nada se perde, nada se cria. Tudo se CTRL C <-> CTRL V.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Repórteres sem Fronteiras faz lista com '12 inimigos da internet'

O Globo

PARIS - A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) publicou na quinta-feira uma lista com os "12 inimigos da internet" devido ao controle e à censura que esses países exercem sobre a rede e ao acesso a ela.

As nações que fazem parte da relação são Arábia Saudita, Mianmar, China, Coreia do Norte, Cuba, Egito, Irã, Uzbequistão, Síria, Tunísia, Turcomenistão e Vietnã, que, segundo a ONG, "transformaram suas redes em uma intranet, impedindo que os internautas tenham acesso a informações consideradas 'indesejáveis".

"Todos esses países evidenciam não só sua capacidade para censurar a informação, mas também a repressão praticamente sistemática dos internautas", afirma a organização no relatório.

Cuba: Embora os cidadãos da ilha possam utilizar conexões de internet em hotéis e consultar sites estrangeiros, "a rede se encontra vigiada pela Agência Cubana de Supervisão e Controle". Na ilha caribenha só há um provedor de acesso à internet.

Arábia Saudita: A ONG afirma que as autoridades não oficializaram a prática de proibir certas páginas, "mas optaram por reprimir os blogueiros que se manifestam contra sua moral, seja qual for a reivindicação".

China: O governo de Pequim "ocupa a liderança da repressão na internet", e a organização adverte que, "com a maior população de internautas do mundo, o jogo da censura é um dos mais indecentes do mundo".

Coreia do Norte: A internet funciona no país, um dos mais fechados do mundo, desde 2000, mas com sérias limitações: ferramentas de busca censuradas, apenas um navegador funciona e sites informativos são limitados - e somente aqueles autorizados pelo governo comunista.

Egito: O "dinamismo" da "blogosfera" do país no panorama internacional "está muito longe de ser uma vantagem para seus blogueiros, que se encontram entre os mais perseguidos do mundo", ressaltou a organização.

Irã: O regime teocrático lidera a repressão na internet no Oriente Médio, segundo o relatório da RSF. Segundo o documento, "de acordo com o conselheiro do procurador-geral de Teerã, as autoridades bloquearam 5 milhões de sites em 2008".

Outros governos - dez no total, incluindo o da Austrália e a Coréia do Sul - também adotaram medidas "preocupantes", porque, diz a organização, "podem abrir a via para que sejam cometidos abusos".

Atualmente, disse a RSF, há 70 cyber-dissidentes presos por publicar informações "indesejáveis" na internet. China, Irã e Vietná lideram o ranking de prisões.

terça-feira, 10 de março de 2009

Internet sem fio chega a favela no Rio de Janeiro

Agência Brasil


RIO DE JANEIRO - Os quase dez mil moradores do Morro Santa Marta, em Botafogo, zona sul do Rio, terão a partir da próxima segunda-feira (16) acesso a internet sem fio em banda larga. A tecnologia, disponibilizada pelo governo do estado do Rio de Janeiro com a instalação de 16 antenas de tranmissão de rádio no local, foi anunciada nesta segunda-feira (9) pelo governador Sérgio Cabral. De acordo com ele, o Santa Marta será a primeira comunidade do país a contar com o serviço.

Além de permitir o acesso a internet livre em qualquer ponto do morro, o projeto inclui a instalação de um quiosque onde as pessos comunidade poderá derão navegar pela rede e freqüentar oficinas de informática, todos os dias, de 8h às 22h.

Para o presidente da associação de moradores do Santa Marta, José Mário Hilário dos Santos, o projeto é importante para educar digitalmente os jovens da comunidade.

“A importância do serviço é a inclusão digital, em que as crianças vão crescer alfabetizadas pela informatização, o que garante igualdade perante a sociedade, pelo menos no que se refere à informática”.

Durante a inauguração, o governador Sérgio Cabral destacou o papel da inclusão digital para a igualdade no mercado de trabalho e adiantou que o projeto será estendido a outras pontos da capital e do estado.

“No caso da inclusão digital, existem vários projetos, que envolvem a orla de Copacabana e de Ipanema, mas também em áreas que o governo pacificou tirando o tráfico ou os milicianos: Cidade de Deus e Batan. Na Baixada Fluminense, nós estamos avançando e vamos fazer a inclusão digital até o final de maio. O Rio vai se transformar no primeiro estado 100% digital”, disse o governador.

Polícia alemã apreende material neonazista

Stuttgart, Alemanha - A polícia alemã apreendeu material de propaganda e gravações de grupos musicais neonazistas nesta quarta-feira em uma operação coordenada e de alcance nacional por mais de 200 domicílios e escritórios em todo o país.
Segundo a polícia de Stuttgart, que coordenou a acção, os agentes apreenderam abundante material, gravações e CDs. A Procuradoria de Stuttgart preparava a operação há meses, em coordenação com o Departamento Federal de Polícia (BKA), com sede em Wiesbaden.
A produção e venda de música de direita que promove uma agenda extremista ou ódio racial são crimes na Alemanha. O principal objectivo da acção é confiscar itens proibidos, como músicas, para evitar a difusão dos extremistas.
Mais de 60 anos depois da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, estes grupos ainda são um problema na Alemanha, principalmente na parte leste do país, ex-comunista, onde o desemprego é quase o dobro que a taxa do oeste.
De acordo com a imprensa alemã, há pelo menos cem suspeitos de serem neonazistas no alvo das investigações. A polícia informa que as buscas ocorreram em todos os 16 Estados, mas não diz se alguém foi preso.

domingo, 1 de março de 2009

O novo anti-semitismo

Umberto Eco
Do The New York Times

No mês passado, em resposta à guerra em Gaza entre Israel e o Hamas, o pianista Daniel Barenboim pediu que intelectuais ao redor do mundo assinassem um manifesto divulgando uma nova iniciativa para resolver o conflito (publicado recentemente pelo The New York Review of Books). A princípio, a intenção é quase ridiculamente óbvia: O objetivo principal é juntar todos os recursos possíveis para propor uma mediação vigorosa. Mas o mais significativo é que um grande artista israelense é o responsável pela iniciativa.

É um sinal de que as mentes mais lúcidas e os pensadores mais profundos de Israel estão pedindo que as pessoas parem de se perguntar que lado é o certo ou o errado e trabalhem para a coexistência dos dois povos. Sendo assim, os protestos contra o governo israelense são compreensíveis, não fosse pelo fato de que estes protestos possuem normalmente um tom anti-semita.

Se os protestantes não demonstram uma postura anti-semita explícita, a imprensa o está fazendo nos dias de hoje. Já vi artigos que mencionam - como se fosse a coisa mais óbvia do mundo - "protestos anti-semitas em Amsterdam" e coisas do gênero. É algo que já ficou tão banalizado que o anormal agora é pensar que seja algo anormal. Mas vamos refletir se seria correto definir um protesto contra a administração Markel na Alemanha como antiariano, ou um protesto contra Berlusconi na Itália como antilatino.

Neste curto espaço é impossível resumir os problemas centenários do anti-semitismo, suas ressurgências ocasionais, suas várias raízes. Quando uma postura sobrevive por 2.000 anos, já está impregnada de fé religiosa - de crenças fundamentalistas. O anti-semitismo pode ser definido como uma das muitas formas de fanatismo que envenenaram o mundo através dos tempos. Se muitas pessoas acreditam na existência de um diabo que conspira para nos levar à ruína, por que não poderiam acreditar também numa conspiração judaica para dominar o mundo?

O anti-semitismo, como qualquer atitude irracional orientada pela fé cega, é cheio de contradições; seus adeptos não as percebem, mas as repetem sem qualquer constrangimento. Por exemplo, nas ocorrências clássicas do anti-semitismo no século XIX, dois lugares comuns eram utilizados sempre que a ocasião assim pedisse. Um era que os judeus, que viviam em lugares apertados e escuros, eram mais suscetíveis do que os cristãos a infecções e doenças (e, portanto, eram perigosos). Por razões misteriosas, o segundo argumento era justamente que os judeus eram mais resistentes a pragas e epidemias, além de serem sensuais e assustadoramente fecundos, o que fazia deles invasores em potencial do mundo cristão.

Outro lugar comum foi amplamente utilizado tanto pela esquerda quando pela direita, e para exemplificar, eu cito um clássico do anti-semitismo socialista (Alphonse Toussenel, "Les Juifs, Rois de l'Epoque," 1847) e um clássico do anti-semitismo católico legitimista (Henri Gougenot des Mousseaux, "Le Juif, le Judaisme et la Judaisation des Peoples Chretiens," 1869). As duas obras sustentam o argumento de que os judeus não praticavam a agricultura e, portanto, eram distantes da vida produtiva dos países em que residiam. Por outro lado, eles eram também completamente dedicados às finanças, ou seja, a posse do ouro. Portanto, sendo nômades por natureza, e impulsionados por suas esperanças messiânicas, eles poderiam prontamente abandonar os estados que os acolheram e facilmente levar toda a riqueza com eles. Não vou comentar o fato de que outra ocorrência anti-semita daquele período, incluindo o notório "Os Protocolos dos Sábios de Sião", acusava os judeus de tentar se apoderar de propriedades para tomar seus campos. Como já foi dito, o anti-semitismo é cheio de contradições.

Uma característica proeminente dos israelenses é que eles utilizaram métodos ultramodernos para cultivar a terra, criando fazendas modelo e afins. Então, se eles lutassem, seria precisamente para defender o território em que eles se estabeleceram de forma estável. Este, acima de todos os argumentos, é o que os árabes anti-semitas usam contra eles, sendo que na realidade o objetivo principal deste tipo de árabe é destruir o Estado de Israel.

Em suma, os anti-semitas não gostam quando os judeus vivem em um país que não seja Israel. Mas, se um judeu decide morar em Israel, os anti-semitas também não gostam. Claro, eu sei muito bem da objeção de que o território onde hoje é Israel foi um dia palestino. Mesmo assim, ele não foi conquistado com violência aviltante ou com nativos dizimados, como no caso da América do Norte, ou mesmo pela destruição de estados governados por seus monarcas de direito, como na América do Sul, mas através migrações graduais e assentamentos que foram inicialmente aceitos.

De qualquer forma, enquanto algumas pessoas ficam irritadas quando aqueles que criticam as políticas de Israel são chamados de anti-semitas, aqueles que traduzem imediatamente qualquer criticismo às políticas israelenses com termos anti-semitas me deixam ainda mais preocupado.

Umberto Eco é filósofo e escritor.
É autor de "A Misteriosa Chama Da Rainha Loana", "Baudolino", "O Nome da Rosa" e "O Pêndulo de Foucault". Artigo distribuído pelo The New York Times Sybdicate.