sexta-feira, 23 de outubro de 2009

News Corp. vê espaço para conteúdos gratuitos e desafios em redes sociais

Jonathan Miller é o CEO de mídias digitais da News Corp., um dos maiores grupos de mídia do mundo, e o mais crítico conglomerado de comunicações em relação às mudanças que a realidade digital está impondo ao mercado de conteúdos. Ao falar nesta quinta, 22, durante o Web 2.0 Summit, que acontece em São Francisco, ele reforçou a percepção geral de que o próximo grande desafio da indústria de Internet é evoluir as plataformas de busca para o ambiente complexo e dinâmico das grandes redes sociais como Twitter e Facebook. Miller não deixou de repetir as preocupações que o presidente do grupo, Rupert Murdoch, já manifestou sobre conteúdos gratuitos. "Acreditamos que conteúdos de alto valor devem ser remunerados, mas há espaço para conteúdos gratuitos", disse, referindo-se a esses conteúdos básicos como commodities.

O problema, aparentemente, é para conteúdos que estão no meio do caminho, onde o modelo de negócio é mais complicado. De qualquer maneira, Miller destacou as duas apostas do grupo: conteúdos em tempo real e móveis. "A News Corp está muito focada em realtime e em mobile, como informações para negócios. Está muito claro, olhando o resto do mundo, que a Internet móvel é o futuro. Se formos atrás disso, estaremos no caminho certo".

A maior aposta da News Corp no mundo da Internet foi o site de relacionamento MySpace, que nos últimos anos perdeu muito espaço para outras redes sociais como Twitter e Facebook. "Nesse mercado, se você fica parado, perde espaço. Foi o que aconteceu com o MySpace. O que estamos fazendo é estancar a queda e olhar para a essência do serviço, que é a música". A visão corrobora o que já havia sido anunciado por Owen Van Natta, presidente do serviço, no mesmo evento: transformar o MySpace na próxima plataforma de distribuição de conteúdos digitais, competindo, assim, diretamente com Amazon e Apple (iTunes), que já dominam esse mercado.

A forma como a News Corp. vai colocar o MySpace nesse mercado não está muito clara, mas passa, certamente, pelo uso da rede social construída ao longo dos anos, o que seus concorrentes não têm.
Samuel Possebon, de São Francisco

Recomendo!!!!!!

Ontem, fui ao lançamento do livro traduzido pela querida amiga Miriam Oelsner, LIT - a Linguagem do Terceiro Reich.
Fomos presenteados com falas maravilhosas. O livro é mais que uma tradução, é uma edição comentada. Está maravilhosa e eu recomendo!!!!!!
Publicado pela Contraponto, o livro de Victor Klemperer aguardava uma tradução tão esmerada. Maravilhoso trabalho da Miriam.
Algumas análises:

Conhecemos análises sobre o nazismo. Lemos livros de história. Temos relatos de sobreviventes de campos de concentração. Vemos filmes sobre episódios da Segunda Guerra Mundial. Mas não sabemos como era o cotidiano nas cidades alemãs nessa época: a atmosfera que a sociedade respirava, o teor das conversas entre pessoas comuns, os tipos humanos, as esperanças e medos, os heroísmos anônimos, as pequenas covardias.
O filólogo Victor Klemperer registrou tudo isso. Judeu alemão assimilado, convertido ao protestantismo, sem militância política, assistiu com perplexidade ao que lhe parecia inverossímil: a ascensão da barbárie no coração da Europa. Perdeu a cidadania do país que amava, quando a doutrina racial tornou-se lei. Foi afastado da cátedra, das bibliotecas e do convívio normal com os demais. Teve a casa confiscada. Viu amigos e conhecidos – e até o próprio filho adotivo – aderirem ao regime que o
discriminava. Forçado a usar a estrela de Davi sobre a roupa, como forma de identificação, conheceu todas as humilhações. Escapou dos campos de concentração graças à mulher, Eva Klemperer, uma “ariana” – para usarmos o termo da época – que se recusou a abandoná-lo, acompanhando-o nas Judenhauser [casas de judeus] como fiadora da sua sobrevivência. Durante a guerra, Victor foi enviado como trabalhador manual para as fábricas carentes de mão de obra.
O desespero e a morte rondaram, durante anos, a vida dos dois. A vingança foi escrever um diário. Victor acordava às 3:30h da manhã para registrar tudo, clandestinamente. Eva contrabandeava as observações para a casa de uma amiga fiel. Elas descrevem, vistas de dentro, a ascensão do nazismo, a glória do regime, a adesão das massas, a onipresença de um poder totalitário, as perseguições, a guerra e, finalmente, a derrota. Mostram muitos aspectos desse processo, mas têm um fio condutor, o estudo da linguagem: “O nazismo se embrenhou na carne e no sangue das massas por meio de palavras, expressões ou frases, impostas pela repetição, milhares de vezes, e aceitas mecanicamente. [...] Palavras podem ser como minúsculas doses de arsênico: são engolidas de maneira despercebida e aparentam ser inofensivas;
passado um tempo, o efeito do veneno se faz notar.”
O nazismo se consolidou quando dominou a linguagem, eis a tese do livro. O filólogo mostra como as palavras aparecem e desaparecem, mudam de sentido e de ênfase, se encadeiam de diversas formas, emitem mensagens diferentes ao longo do tempo. Vê, estarrecido, que até mesmo as vítimas usam a linguagem do Terceiro Reich. Percebe que o poder se exerce, em larga medida, por meio de mecanismos inconscientes: quem controla as maneiras como nos expressamos também controla as maneiras como pensamos.
Depois da guerra, Victor usou os diários para escrever este livro com um objetivo educacional, pois a linguagem nazista ainda predominava na Alemanha que tentava se afastar desse passado. Mas não é de um passado alemão que estamos falando, é de nós mesmos.
César Benjamin


O homem que marchava à frente apertava os dedos da mão esquerda bem espalmada no quadril e inclinava o corpo para o mesmo lado, em busca de equilíbrio, apoiando-se nessa mão, enquanto o braço direito golpeava o ar com o bastão e a perna lançava a ponta da bota para o alto, como se tentasse alcançar o bastão. Pairava oblíquo no vazio, como um monumento sem pedestal, misteriosamente mantido ereto por uma convulsão que o esticava dos pés à cabeça.
Não era um mero exercício, mas uma dança arcaica e uma marcha militar. O homem era, ao mesmo tempo, faquir e granadeiro. Na época, essa crispação e desarticulação convulsiva podia ser vista em esculturas expressionistas, mas na vida nua e crua, como ela é, no realismo da cidade, seu impacto me atingiu com a força de uma novidade absoluta. [...] Foi a primeira vez que me defrontei com o fanatismo em formato especificamente nacional-socialista. Essa figura muda provocou meu primeiro embate com a linguagem do Terceiro Reich.

Victor Klemperer

Parceria Bing/Twitter mostra que desafio do mercado de buscas são as redes sociais

Uma discussão que dominou a manhã do segundo dia do Web 2.0 Summit, que acontece esta semana em São Francisco, são as mudanças no mercado de buscas online em função das crescente importância das redes sociais. O destaque do dia foi o anúncio da parceria entre Microsoft e Twitter para integrar as informações do Twitter ao mecanismo de busca Bing, da Microsoft. O objetivo, segundo Qi Lu, ex-Yahoo e atualmente presidente da divisão online da Microsoft, que responde pelo Bing, é fazer com que as buscas se tornem eficientes em um ambiente fechado, de troca de informação entre indivíduos.

A parceria está em linha com o que o Twitter espera desenvolver nos próximos meses: uma forma de capitalizar as informações que estão trafegando na rede social, sobretudo informações corporativas ou oferecidas por empresas.

Outra apresentação do Web 2.0 Summit foi de Max Ventilla, da empresa Aardvark, que apresentou um modelo de busca baseado na consulta simultânea de dezenas de redes sociais.


http://www.teletime.com.br/News.aspx?ID=152443#

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Entre os arquivos e o futuro - O discurso negacionista e o antissemitismo contemporâneo.

Entre os arquivos e o futuro - O discurso negacionista e o antissemitismo contemporâneo.

Adriana Dias 
 Universidade Estadual de Campinas - Unicamp


  As imagens foram escolhidas por Rita Amaral. Obrigada, querida.
In memorian.
    Como Citar este Artigo



Introdução
O termo “revisionista” será tratado aqui entre aspas, pois este é o termo utilizado pelos sites analisados em sua autodescrição. Recordo que “revisionismo” e negacionismo não são sinônimos. O primeiro é a forma como se autointitulam os adeptos do discurso que defende a negação do Holocausto. Eles usam esse termo para defender uma pseudo-historiografianota 2 . Utilizamos o termo negacionista para descrever este projeto. Os sites analisados, portanto, são negacionistas e se descrevem como “revisionistas”. Em 2006, o Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, advertiu quanto ao perigoso crescimento negacionista: “Recordar é um repúdio necessário daqueles que dizem que o Holocausto nunca aconteceu ou foi exagerado. A negação do Holocausto é obra de fanáticos; devemos repudiar as suas falsas declarações, sempre que, em qualquer lugar e por quem quer que seja, sejam proclamadas”.



Recentemente, o bispo ultraconservador Richard Williamson causou enorme polêmica ao questionar a existência do Holocausto em uma entrevista gravada em novembro de 2008, mas que foi ao ar em janeiro de 2009. Posteriormente, no dia 26 de fevereiro, o bispo se retratou pedindo perdão a "Deus e ao papa" por ter negado a magnitude do Holocausto, segundo a agência católica de notícias Zenit. Em 12 de fevereiro, o papa Bento XVI, havia realizado uma alusão indireta ao caso, asseverando que "está claro que toda negação ou amenização deste terrível crime (Holocausto) é intolerável e, ao mesmo tempo, inaceitável". 



O tema da negação do holocausto também se fez presente na mídia internacional, pelas diversas declarações do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. Estas manifestações negacionistas  proliferam pela Internet, desenvolvendo o que Pierre Vidal-Naquet, denominou assassinato da memória. 



Em sua minuciosa apreciação do “revisionismo” Vidal-Naquet o diagnostica a partir da leitura de uma “anatomia de uma mentira” (VIDAL-NAQUET, 1988, p. 16), evidenciando a impossibilidade do diálogo com o movimento “revisionista”, porque neste último se ignora a “opacidade irredutível do real”, afastando-se de toda possibilidade de reconstituição da verdade histórica. Como afirmou o autor: “na verdade, não se refuta um sistema fechado, uma mentira total que não se situa na ordem do refutável, pois aí a conclusão precede as provas” ((VIDAL-NAQUET,, 1988, p. 122). O presente artigo pretende demonstrar como estas “conclusões revisionistas” são difundidas pela Internet, a partir de uma matriz dos sites etnografados.






Fotogradia [close do rosto] de Pierre Vidal-Naquet
 Pierre Vidal-Naquet






Apresentando os portais analisados

Entre os portais da Internet que se preocupam, principalmente, com a sustentação deste discurso, estão o “Libre Opinion”, o “NSDAP/AO”, o “NuevOrdem” e o AAARGH. Muitos sites brasileiros continham (antes de serem retirados do ar) farto material revisionista. Concentro-me nos sites citados, que disponibilizam material em várias línguas, inclusive a portuguesa, por conta da experiência etnográfica que serviu de base a meu Mestrado. Na etnografia realizada pude desenvolver uma observação detalhada destes sites, que permite discutir o movimento revisionista.



O primeiro site, o “Libre Opinion”, é um portal argentino. Portal é um termo muito popular na Internet, que designa um endereço eletrônico que pode abarcar muitos sites. No seu código fonte o “Libre Opinion” se descreve como “Portal de portales para un Mundo Libre”. Sua página inicial foi denominada, por seus arquitetos, de “¡Bienvenidos a Ciudad Libre Opinión!” e no texto utilizado para sua indexação no Google, o portal se apresenta: “Insurreccion, revolución, denuncia, buscador con todas las páginas antisistema de la Red. Nacionalismo”. Atualmente o portal possui seções de Registro, de Acesso restrito aos membros, uma comunidade virtual (a Comunidad Libre Opinion), um servidor para blogs (com 34 usuários no momento da escrita deste artigo), um setor de classificados, uma agência de notícias, um livro de visitas, uma lista de correio eletrônico, uma seção de jogos online, um diretório institucional, no qual se descreve um centro de ajuda aos internautas, um centro de banners para download, o setor de “Términos y Condiciones”, que expõe as regras do portal para seus usuários, uma divisão de Publicidade e uma apresentação das formas possíveis para contatar o portal. 



Há cerca de 20 sites com conteúdo “revisionista” alojados no portal; mas este número sofre constantes alterações. Sites são retirados do ar (muitos afirmam que por perseguições da mídia, na maior parte das vezes caracterizada como “sionista”), outros tantos entram. Nestes há, no momento em que escrevo, 126 URLs (cada uma com artigos que ultrapassam, na grande maioria das vezes, trinta páginas) que tratam exclusivamente do “revisionismo” do holocausto. O portal mantém e divulga, ainda, a enciclopédia virtual eletrônica revisionista, a Metapédia.



O portal “Nazi Lauck NSDAP/AO”, citado pela rede como “NSDAP/AO”, não possui descrição em seu código fonte , e sua página inicial apresenta como título “Nazi Lauck NSDAP-AO Flags Posters Books Movies Films German Military Marches Pictures Art Militaria”, uma verdadeira descrição de seu conteúdo. Ou seja, há artigos, bandeiras, banners, livros, filmes, material a respeito do estado nazista (arte, militaria, rituais), fotos diversas. No site é possível, ainda, comprar material para ativismo. O site disponibiliza o endereço de seis sites mirrors nos quais é possível encontrar material semelhante, em outras línguas. Neste portal há seis sites que discutem o “revisionismo”.



O portal “NuevOrdem”, cujas palavras de indexação no Google trazem os termos de interesse do site numa mistura de várias línguas (como espanhol, inglês, croata, português, russo, alemão e romeno, entre outras, que vão sendo trocadas, continuadamente), apresenta as seguintes seções: Manifesto, que é uma espécie de declaração fundadora do site, uma carta de regras denominada Nuestros Princípios, uma página de contatos, uma comunidade virtual, a Vox Populi, páginas que contêm material ativista para imprimir, conferências em mp3, uma página de editoriais, La Voz Disidente, um diretório de livros e artigos, diretórios de notícias (um específico acerca do mundo judaico e outro que versa a respeito de imigrantes), diretórios com artigos cujos títulos são: Raça, Doutrina, História, Revisionismo, Arte, Cultura, Natureza, Consumo Responsável, Deusas, Rainhas e Mães (páginas dedicadas a assuntos relativos às mulheres do movimento) e Política. Há, ainda, uma página dedicada a comemorar os dez anos do Portal, e sites dedicados à mitologia, à obra de Wagner, a manuais de ativismo, às diversas bandas de música nazi, além de servidores de Chat, classificados e fóruns. O site oferece um índice com as atualizações mais recentes e outro com links para outros sites neonazistas e revisionistas. São ao todo mais de oito mil URLs, e novos conteúdos são acrescidos todas as semanas; em alguns períodos, diariamente. Em seu código fonte o site não se vale da descrição, mas apresenta como palavras chaves 868 vocábulosnota 4 . 



O quarto portal, o AAARGH, é o portal mantido por uma instituição que se denomina “L'Association des Anciens Amateurs de Récits de Guerres et d'Holocaustes”, fundada em outubro de 1996, e cujo “AAARGH” é um grito que visa expressar a raiva dos “revisionistas”. O portal tem mais de seis mil URLs e disponibiliza material nas línguas francesa, inglesa, italiana, grega, espanhola, hindu, turca, portuguesa, hebraica, russa, polonesa, norueguesa e árabe. Novas línguas são acrescentadas continuadamente, conforme permite o trabalho de tradução de dezenas de voluntários pelo mundo.  Nestes portais o movimento “revisionista” desenvolve, por meio do material disponibilizado, três militâncias políticas distintas. Neste ato de disponibilizar, a prática “revisionista” se revela. No conteúdo deste ato, um discurso é produzido, legitimado, reproduzido. Este discurso é também, portanto, uma prática. Nesta articulação entre as duas únicas “atividades necessárias e presentes nas comunidades humanas” (ARENDT, 1981, p. 34) que podem ser concebidas como políticas, a saber, a ação (práxis) e o discurso (lexis), como apontou Aristóteles, poderíamos pensar nas práticas desenvolvidas nos portais “revisionistas” citados como políticas: o zoon politikon digitalis se denuncia. O “revisionismo” dos sites, ato político evidente, se vale da tecnologia para disputar, primeiramente, a posse da verdade histórica. Dirigido a uma leitura do passado, objetiva negar as mortes industrializadas no Holocausto, tanto em sua quantidade, como em sua natureza. Não teriam sido milhões, não teria sido um genocídio. Os campos não eram matadouros, ou de extermínio, eram “apenas” campos de trabalhos forçados.



Numa segunda direção, os sites “neonazistas” defendem uma particular idéia de “liberdade de expressão”. Voltado para o presente, este segundo aspecto do discurso dos portais apresentados busca validar sua existência, seu sentido e sua manutenção. Finalmente, no terceiro aspecto construído pelo engajamento político destes portais, nasce a preocupação com o “projeto de dominação sionista”. Voltada para o futuro, esta bandeira teme ser silenciada em futuro breve, pelos que “delata”. Imagina que o mundo esteja se tornando, a passos largos, um lugar dominado pelos governos de ocupação sionista. Voltada para temporalidades diversas, em aspectos distintos de sua prática política, o movimento “revisionista” vem crescendo em todo o mundo, o que se observa na Internet pelo crescente número de internautas que acessam esses portais, ou que discutem seus temas em fóruns, comunidades e redes sociais digitais. Interessa-nos entender este movimento.





A disputa pela legitimidade de falar do passado

Ao desacreditar a história do Holocausto, o uso das câmaras de gás, o número de mortes, o movimento “revisionista” torna o próprio passado objeto da luta política dos sites: para eles, há o passado oficial, produzido, segundo os sites, pelo “mundo sionista”, e há o “passado” defendido por eles. O revisionismo, segundo os sites, deve ser entendido como se não pretendesse “pretender defender o Nacional Socialismo como doutrina, nem sugerir sua prática” (NuevOrden), mas como um movimento distinto que tem 



[...] pretendido por anos esclarecer a verdade sobre os chamados ‘crimes de guerra’ dos quais se acusa a Alemanha Nacional Socialista e graças aos quais se mantém a mesma Alemanha e a todos os outros povos do Ocidente com um pé na garganta ante qualquer tentativa de defesa de nossa cultura, com a ameaça de chamar-nos de "racistas" e assim, colocar-nos no Índice do Catálogo dos condenados nesta sociedade supostamente livre e democrática” (NuevOrden). 



Descrevendo o “revisionismo” como um movimento neutro, não político, mas apenas “histórico”, os portais desejam imprimir a ideia de que são equívocos quanto aos dados históricos da Segunda Guerra que precisam ser revistos, para que seja possível retomar o “nacional-socialismo” sem, necessariamente, ocupar a cadeira dos réus. A história denominada de “oficial” passa a ser discutida como uma “propaganda de guerra” dos vencedores e, portanto, um resgate da “história verdadeira” traria de volta a dignidade dos que perderam a luta e, consequentemente, o poder de determinar a verdade dos fatos. 


Foto de um campo de concentração no inverno.Campo de concentração nazista



Um dos mais impressionantes textos acerca do movimento é “22 Paralelos entre a Caça de Hereges e a Caça de Revisionistas”, nos quais os internautas que arquitetaram o portal “NuevOrden” apresentam vários argumentos que pretendem fazer o leitor chegar à seguinte conclusão: se os hereges foram cassados por se colocarem contra a verdade do sistema vigente -a Igreja -, os “revisionistas” também o são por se rebelarem contra a verdade do sistema vigente, a saber: a “história oficial”. O debate se inicia a partir da notícia da condenação do historiador David Irving, sentenciado a três anos de prisão  por afirmações revisionistas.  


Os autores apresentam como principal argumento o de que, durante a Alta Idade Média, “uma atmosfera carregada de homicida intolerância e fanatismo religioso” aterrorizou a Europa, “nossa civilização”, e provocou imensas e violentas ondas de perseguição a hereges e bruxas, “sob a tremenda acusação de ter relações com o diabo”. O discurso analisa os motivos que teriam permitido que as autoridades religiosas e seculares, “dominadas pela histeria coletiva”, declarassem “como coisa provada o que até agora resulta impossível de se provar, e sobre esta base, sentenciavam para seus autodeclarados inimigos um horrível destino”. Desta forma, ao compararem o sistema religioso da Alta Idade Média à historiografia contemporânea, os autores julgam que, definitiva e diretamente podem associar, também, os perseguidos pela Inquisição e os adeptos do “revisionismo”.



Entre os vinte e dois argumentos apresentados alguns nos são interessantes para discussão no presente artigo (os textos extraídos dos portais “revisionistas” estão em itálico): 


Ao igual que os hereges cristãos eram inapelavelmente equiparados com falsos predecessores (exemplo: os cátaros anticristãos), assim os “revisionistas” são todos falsamente equiparados com nazistas e fascistas’. Na verdade, acusações de nazismo e “revisionismo” são distintas, e nem sempre ambas são tipificadas como crime. No Brasil a negação do Holocausto não é crime, embora haja projeto de lei que proponha sua tipificação.


’Os perseguidos não são culpados de ação criminosa alguma. A grande ofensa está em que eles estudaram criticamente certas concepções oficiais (estatais) e fizeram públicos suas descobertas; só em razão disto é que se fizeram puníveis de castigo, além de execráveis. São culpados de ação criminosa a partir do momento em que o Estado tipifica o crime. No Estado de Direito há leis que garantem direitos e deveres e que tipificam os crimes, diferentemente do mundo medieval. 


Seu crime é a não crença na religião oficial do Estado (dogma). Quem determina as leis é o   Estado e não a Igreja. Não há dogmas; há leis.



A ação vigorosa de chantagem/censura legal e social não deixa às pessoas dissidentes, críticas da verdade protegida por lei, alternativa que transmitir “ilegalmente” suas opiniões ao público. Interessantíssimo problematizar o que eles chamam de “verdade protegida por lei”. Para eles a defesa de uma “outra verdade, dissidente”, é um ato legítimo.



Eles são vistos como apostatas e em razão disso denunciados e perseguidos. Na verdade são criminosos. 



Na verdade, o objetivo primordial deste tipo de perseguições não é castigar as vítimas, senão mais bem, pôr cabeças ensangüentadas na picota, para escarmento e dissuasão de outros potenciais críticos à ideologia de Estado. Novamente, uma discussão política a respeito de quem deve deter o poder sobre a verdade.



Tal como ocorreu durante a caça medieval de hereges, também em nossos dias os mais viciosos excessos à hora de castigar os crimes de pensamento têm como palco a Alemanha. A Alemanha perseguida pelos defensores da verdade oficial, pátria dos neonazistas, sofre o drama de mais uma caça às bruxas. 



Problematizando os argumentos apresentados pelo portal, podemos pensar como a discussão política encontra apoio num fato histórico que se centrou na religião. A ideia central aparece neste contexto: o que se pretende, na verdade é apresentar a “verdade oficial histórica” como um “dogma de Estado”, como “um elemento religioso” que cega “toda racionalidade” e emudece “toda ciência” como escreve o portal. Omitindo, inclusive, que as grandes vítimas da Inquisição medieval foram os judeus, exatamente porque não partilhavam a fé dominante, os “revisionistas” manobram a história da Inquisição a seu bel-prazer, torcendo dados para que caibam, adequadamente, em seus argumentos. Para dar conta do “revisionismo”, os sites produzem milhares de páginas: sua versão dos fatos precisa ser divulgada. Voltado para o passado, o “revisionismo” não deforma apenas fatos relativos ao Holocausto. Permite-se fazer isso com qualquer fato, texto, laudo, foto, arquivo, desde que sirva para legitimar-se. Como escreveu Moura Mello, “se o passado é um campo de disputas, as mediações com os arquivos podiam oferecer ferramentas para autorizar os discursos e versões do passado (Moura Mello, 2009)”.





Olhando para o presente: pelo direito de “expressão”


Em seus argumentos, o portal NuevOrdem denuncia que a tipificação do “revisionismo” como crime teria transformado “nada menos que a Alemanha; sim, precisamente a Alemanha, a outrora grande nação europeia, agora convertida pelo judeu num Guantánamo para revisionistas”. Contribuíram para tanto, nos informa o portal, a “pesada” perseguição da imprensa, da polícia e do judiciário sobre o grupo. Os autores do texto denunciam que dezenas de milhares de pensadores “dissidentes”, os “negadores do holocausto” estariam sendo castigados com penas “desproporcionalmente severas”. Apenas na Alemanha, mais de 10.000 pessoas estariam sendo condenadas anualmente. Na Áustria, a pena máxima para o “revisionismo” foi elevada a vinte anos de prisão, o que eles consideram um verdadeiro absurdo. Na Europa “uma série de artimanhas jurídicas e a poderosa pressão de Alemanha-EUA, quase em segredo, e às custas do povo e do parlamento holandês”, têm pressionado governos, a exemplo da Holanda, para calar, exemplarmente, os “revisionistas”.




Para os participantes do movimento esta seria “uma violação inaceitável, motivada politicamente, dos Direitos Humanos, da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e da liberdade de ciência”. Para os membros do “AAARGH” é um absurdo que o “revisionismo” do Holocausto seja considerado um crime grave. Na França, as pessoas podem ser levadas para a prisão por até um ano; na Suíça, até três anos; na Alemanha – assim como em Israel – até cinco anos; na Áustria, é possível a prisão até 10 anos. Tudo isto impede a liberdade de expressão, necessária a preservação dos Direitos Humanos, repetem eles. Outro argumento, apresentado pelo portal “AAARGH” é econômico:



Desde o final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha pagou bem acima de 100,000,000,000 (uma centena de bilhões) de marcos em indenizações a indivíduos Judeus e instituições. No decurso dessas compensações, para cima de cinco milhões e meio de candidaturas feitas por sobreviventes do Holocausto foram processadas. Obviamente, o número de sobreviventes é bastante grande. Uma vez que as obrigações Alemãs não têm lei estatuária, as exigências para indenizações têm sido ininterruptas e têm-se agravado nos anos recentes. No entanto, nós não estamos a dirigir a pergunta se aqueles que exigem mais dinheiro são os verdadeiros designados, após cinqüenta e cinco anos. Muito mais importante é a questão de porque é que o pagador de impostos Alemão do dia de hoje terá que pagar estes montantes. 99.9% de todos os pagadores de impostos da Alemanha de hoje têm sessenta e cinco anos ou menos e esses eram quase todos pequenas crianças quando a Guerra acabou.



Ou seja, ao reconhecer que o número de vítimas é infinitamente menor, se provocaria significativa redução nos impostos pagos pelo povo atualmente.






O “revisionismo” e o futuro: a paranoia da dominação sionista mundial

Na denominada “Ciudad Libre Opinion”, o medo da dominação sionista sobre os povos de origem ariana é assim descrito: “Hoje as nações Arianas estão literalmente ocupadas pelas forças sionistas, pelo egoísmo, pelo poder do dinheiro e estas forças negativas usam de todos os artifícios, desonrados e imorais para deturparem o significado espiritual da Suástica”. Os mesmo judeus, que não foram vítimas do Holocausto, segundo afirmam os portais “revisionistas”, são emoldurados como inimigos, como perseguidores, como arquitetos das forças destruidoras que investiram contra “as nações arianas”. No portal, um internauta (que se identifica como Flávio Gonçalves) expressa sua opinião:




"Completamente irreal" é como se classifica a possibilidade da Alemanha nazi ter procedido ao extermínio de seis milhões de judeus durante a II Guerra Mundial”.



Este estudante de história garante não pertencer a qualquer partido; define-se politicamente como sindicalista revolucionário e ecoanarquista e considera que o Holocausto é "o álibi perfeito" para o Estado de Israel: "qualquer coisa que Israel faça de mal, tem sempre a desculpa do Holocausto”. 




Na mesma linha de argumentação, outro membro da comunidade do portal cita Ford: “O judeu é adversário de toda a ordem social não judaica...”. Outro, acrescenta, num fórum: “O judeu é um autocrata encarniçado... A democracia é apenas um argumento utilizado pêlos agitadores judeus, para se elevarem a um nível superior àquele em que se julgam subjugados. Assim que conseguem, empregam imediatamente seus métodos, para obter determinadas preferências, como se estas lhes coubessem por direito natural.“ No mesmo portal, aliado ao “revisionismo”, outro membro da comunidade virtual escreve em seu blog: “Em outra obra, chamada “Hitler - Culpado ou Inocente”, lemos: ...os judeus mortos nos campos de concentração foram sacrificados deliberadamente pêlos [sic] sionistas, em prol de seu ideal maior".



A ideia de condenar os próprios judeus pelo Holocausto, absurda e paranóica, tem, contudo, uma direção política: é preciso convencer quem lê estas argumentações de que este mesmo “judeu” quer dominar o mundo e o fará, de fato, amanhã. Reescrever a história é, portanto, uma forma de manipular o futuro.





Algumas considerações finais




Imagem de tabuletas de madeira apontando passado, futuro e presente, a ´última apontando  tanto para o passado como  para o futuro.




 Acerca de si mesmo o “revisionismo” informa, no portal etnografado “NSDAP/AO”:





“O que é o Revisionismo? A palavra "Revisionismo" deriva do Latim ‘revidere’, que significa ver novamente. A revisão de teorias guardadas há muito tempo é perfeitamente normal. Acontece nas ciências da natureza assim como nas ciências sociais, à qual a disciplina da história pertence. A ciência não é uma condição estática. É um processo, especialmente para a criação de conhecimento pela pesquisa de provas e evidências. Quando a investigação decorrente encontra novas provas ou quando os pesquisadores descobrem erros em velhas explicações, acontece freqüentemente que as antigas teorias têm que ser alteradas ou até abandonadas. Por "Revisionismo" queremos dizer investigação crítica baseada em teorias e hipóteses no sentido de testar a sua validade. [...] Assim como outros conceitos científicos, os nossos conceitos históricos estão sujeitos a considerações críticas”.


 O “revisionismo” afirma: 




“Não há provas que o Holocausto, tal como é apresentado pelo Grupo de Pressão de Promoção do Holocausto e pela altamente politizada indústria de Hollywood, tenha ocorrido”. 



 Os “revisionistas” afirmam e argumentam que não havia política de estado que apelasse para o "extermínio em massa dos Judeus" ou qualquer outra minoria indesejada. 




“(...) A Alemanha de Hitler era inflexível em não querer que os Judeus fizessem parte da Alemanha porque eram considerados prejudiciais para a criação de uma sociedade etnicamente coesa tal como era imaginada por Hitler. O Führer queria os Judeus "fora da vista." Não tinha grande simpatia por eles. Mas é aí que a história pára. As voltas Talmúdicas e giros que alguns desse povo ainda executam, quando "realojamento" e "evacuação" de Judeus subitamente se transformam em palavras de código para "exterminação", são espantosas. Mais uma vez: Eram centros de detenção. NÃO eram centros de matança”.



 Neste ponto a ideia evolucionista se estende à história: a ciência também evolui e a ciência histórica em sua evolução, revisaria, pretende o discurso etnografado, a questão do Holocausto. Ciente de que distribuir textos “revisionistas” é ato criminoso em muitos países da Europa, o site em análise questiona:




“Embora o “revisionismo” do Holocausto não dirija nada sobre Judeus por si mesmo, todas as comunidades Judaicas sentem-se muito ofendidas, porque o Revisionismo, directa ou indirectamente, chega à conclusão que várias personalidades Judaicas não foram sempre verdadeiros quando testemunharam sobre as suas experiências na Segunda Guerra Mundial. Claro, seria surpreendente se os Judeus fossem o único grupo identificável de seres humanos que nunca mentem, adulteram e exageram, mas aparentemente os líderes representativos Judaicos sentem que a ninguém poderá ser permitido invocar que certos Judeus foram desonestos sobre o Holocausto".



A argumentação se direciona para uma construção negativa; os judeus não podem ser o único povo que jamais mente. Então, é provável que sobreviventes tenham mentido. Logo, é certo que os dados precisariam ser revisitados e, portanto, é um dever reescrever a história. 




Um contraponto à visão “revisionista” dos portais se situa no livro “A Escrita ou a Vida”, de Semprun (1987), descrito pelo próprio autor como uma tentativa de exorcizar a experiência de Buchenwald. A transmissão da experiência da travessia pela morte, na morte e com a morte. Semprun denuncia, neste livro, exatamente o que todos os sites “revisionistas” pretendem empalidecer: o que fazer diante de milhares de mortes? A pergunta que ecoa no livro incomoda: “o que fazer com o cheiro de carne queimada?” Pretendem os sites “revisionistas” tornar a fumaça da chaminé inodora?


O luto de Semprum se contrapõe a qualquer possibilidade de revisão histórica, porque deflagra na memória o cheiro da morte. A capilaridade de seu testemunho inquieta. A memória se alimenta desta inquietação. Nutrida, a memória se contrapõe ao relato dos sites revisionistas: e o Revisionismo se revela, por fim, como a continuação do extermínio, como assassinato da memória, como “nova solução final”. 



Diminuir o impacto do massacre nazista sobre os judeus, proposta que se pretende histórica no “revisionismo”, é fornecer, segundo Franco Ferrarotti, um álibi ao crime. Contra a tentação do esquecimento, é preciso romper, segundo o sociólogo italiano, qualquer forma de silêncio e denunciar a realidade que se esconde sob o negacionismo: uma mentalidade conspiratória, demarcada por um antintelectualismo, que “vocifera violentas manifestações xenofóbicas”. 



O movimento “revisionista” na Internet busca o desenvolvimento da “legitimidade” para o movimento neonazista na rede. Estes grupos têm se expandido de forma gigantesca pela WEB. Como escreveu Susan Zickmund, “os indivíduos que propagam ideologias nazistas tradicionalmente operavam isolados, com poucas ligações estruturais maiores. Mas com o advento do correio eletrônico e do acesso às páginas da Internet, esses subversivos estão agora descobrindo meios de propagar suas mensagens além dos limites estreitos de suas ligações pré-estabelecidas”. Na rede, a comunicação circula mais rápido e a menos custo. Também para propostas subversivas. Contra elas, adverte Ferrarotti, há o “imperativo moral de recordar”, para impedir que a manipulação política do “revisionismo” detenha poder sobre o passado em questão e no presente que vivenciamos. Principalmente para a construção de um mundo mais tolerante, no futuro. FIM



Notas
  Doutoranda em Antropologia Social pela Unicamp. Membro da Associação Brasileira de Antropologia e da Latin American Jewish Studies Association.
  Este movimento, segundo Moraes, inclui: “(1) a defesa e a reabilitação do nacional-socialismo, do III Reich em geral e de Hitler em particular, (2) a tentativa de provar a ausência de culpa da Alemanha pela Segunda Guerra e (3) a banalização, a justificação ou mesmo a negação da inexistência dos campos de extermínio e do Holocausto nazista.” (Moraes, 2004: 757).
  Código fonte é o conjunto de palavras ou símbolos escritos de forma ordenada, contendo instruções em uma das linguagens de programação existentes, de maneira lógica.
  Uma pequena amostra: Nacionalsocialismo, Hitler, letizia ortiz, letizia ortiz principe felipe, ribadesella, protocolo real, prometida principe, ex letizia ortiz, divorcio letizia ortiz, alonso guerrero, alonso guerrero letizia ortiz, sardeu, natalidad, demografia, princesa de asturias, casa real, compromiso principe felipe, inmigracion, inmigrantes, a, 0, aa, nazi, neonazi, bajo la tirania, fascista, neofascista, caballeros teutonicos, beca, Ernst Kaltenbrunner, Alfred Rosenberg, Joseph Ratzinger, Hans Frank, Wilhelm Frick, Aryan Nations, Naciones Arias, ZOG, 88, 1488, sistemas politicos Gustav Krupp von Bohlen und Halbach, Karl Doenitz, Erich Raeder, Baldur von Schirach, Fritz Sauckel, Alfred Jodl, Martin Bormann, Franz von Papen, Arthur Seyss-Inquart, Albert Speer, Constantin von Neurath, Hans Fritzsche,arte historia cultura artes chat chats canal canales exposición exposicion exposiciones bellas bellasartes belleza dibujo dibujos grabado grabados, Die Sturmartillerie, pinturas escultura esculturas artistas artista pintor pintores escultor escultores español dibujante dibujantes obras obra españa hispanoamerica velazquez van gogh goya murillo ribera greco zurbaran ramses miguel angel durero leonardo manet monet rembrandt caravaggio gauguin meninas chinchon, 11-m, SS, SS, arios, indoeuropeos, raza, racismo.
  





Bibliografia
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. 5º Edição. Rio de Janeiro: Ed. Forense Universitário, 1981.
DIAS, Adriana. Os Anacronautas do teutonismo virtual; uma etnografia do neonazismo na Internet. Campinas: UNICAMP,  2007 (Dissertação de Mestrado). 
DIAS, Adriana. Links de Ódio: Uma etnografia do Racismo na Internet. Monografia de Conclusão de Curso em Ciências Sociais, Universidade de Campinas, 2005.
FERRAROTTI, Franco. La tentazione dell’oblio – Razzismo, antismetismo e neonazismo Roma: Editori Sagittari Laterza, 2002 
MOURA MELLO, Marcelo. “Visões do campo sobre o arquivo (e vice-versa)”, In DULLEY, Iracema e CUNHA, Flávia Etnografia, etnografias: ensaios sobre a diversidade do fazer antropológico (no prelo), 2010.
MORAES, Luís Edmundo de Souza. “O “revisionismo” Negacionista” In: SANTOS, Ricardo Pinto dos (org.) Enciclopédias de Guerras e Revoluções do século XX. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004VIDAL-NAQUET. Pierre. Os Assassinos da Memória. Campinas: Papirus, 1988.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Social Networks Site Usage: Visitors, Members, Page Views, and Engagement by the Numbers in 2008

Jeremiah Owyang

Stats on social networks are important, but I’m going to need your help in creating a community archive, can you submit stats as you find them?
I’m often asked, “What are the usage numbers for X social network” and I’ve received considerable traffic on my very old post (way back in Jan) of MySpace and Facebook stats, even months later. Decision makers, press, media, and users are hungry for numbers, so I’ll start to aggregate them as I see them
An industry analysts’ perspective on web measurement:To be clear, my employer Forrester doesn’t provide specific numbers about social networks like Compete, Comscore, Nielsen or others, we conduct our own surveys on user/brand behavior, opinions, and technographics, so I’m often asked for these numbers by press. I’ll use this page as a library, and point clients, press, and media to it, so they’re armed.
Numbers don’t tell us much without insight and intrepreation, in fact, you’re going to see conflicting numbers of usage from many of the agencies and social networks themselves. The key is to look at trend movements, don’t focus on the specific numbers but the changes to them over time.
I put more weight on active unique users in the last 30 days vs overall registered, in fact, the actual active conversion rate will often range from 10-40% of actual users sticking around and using the social network, so don’t be fooled by puffed numbers.
No single metric is a good indicator, you have to evaluate the usage from multiple dimensions, so you also have to factor in what are users doing, time on site, interaction, and of course, did they end up buying, recommending products, or improving their lives.
Social Networks Site Usage: Visitors, Members, Page Views, and Engagement by the Numbers in 2008
All Social Networks
Overall growth, Unique Audience of Twitter, Facebook, Bebo, LInkedIn, MySpace and beyond, Oct 23, 2008, Nielsen Wire
Social Media Stats: This comprehensive wiki has additional data, Helen Lawrenece
Membership in social sites: Facebook, MySpace… and Classmates.com, Oct 2008, Rubicon Consulting
Extensive list of social networks by traffic, and google insights mentions, and demographics (but doesn’t state source), it’s best to use this comparatively, Dec 2008, Ignite Social Media
UK Social networking stats show growth, Hitwise Dec 2008
Social TechnographicsUnderstand how people use different social technologies –the first step before you determine which tools to use.
Social Technographics Profile Tool, Forrester Research
New 2008 Social Technographics data reveals rapid growth in adoption, Forrester Research
AdultFriendFinder
59 million unique worldwide visitors per month according to comScore, For the nine months ended September 30, 2008, we averaged more than four million new member registrations on our websites each month, averaged over one million paying subscribers each month from whom we derived 77.2% of our internet revenues. Dec, 2008 IPO statements
Bebo
40 million registered users, Nov 2008, from Bebo directly to me
Beth Kanter has an archive of stats she’s taken screenshots of, as well as this handy index list.
BlogHer
Nielsen Site Census on all of the 2,500 blogs in our Publishing Network, and December, 2008 ended up with: 14.2MM uniques, 62MM page views. Comscore, a panel-based solution, a panel based survey indicated November, 2008 with 6MM uniques. Comscore typically runs at about 50% of our audit trails from Nielsen Site Census. Source: Told to me direct by Blogher, on Jan 2009
A treasure trove of stats are available in this PDF report, read the last slides about not even giving up chocolate!, Blogher, 2008
Digg
“Although the company claims it has 35 million unique users per month, independent researcher comScore (SCOR) says that Digg had 16.3 million users worldwide in October 2008, up 31% from last October’s user base of 12.4 million”, also “But according to Quantcast’s Web site, Digg.com claimed 21.7 million global users as of Nov. 30″, Dec 2008, Business Week
Facebook
Facebook usage skyrockets from election activity: Includes specific usage numbers, fans and supporters, Nov 5th, Source: Zdnet
Facebook 18 Million Unique Visitors in UK, top 5th overall web property, Sep-Aug 08, Source: Comscore
More than 120 million active users (does not indicate measure of active), Facebook is the 4th most-trafficked website in the world, More than 400,000 developers and entrepreneurs from over 160 countries, Over 52,000 applications are currently available on Facebook Platform, Nov 2008, from Facebook Stats Page
I was told by Mark Zuckerberg (face to face) that the total number of registered users is now 140mm, Dec, 2008
If the numbers are right, Facebook’s online users have grown by 30 million in the last four months, up from 90 million users in early July 2008. That means that Facebook is growing much faster than the 250,000 new users per day that the company had previously estimated, Nov 3, 2008, Epoch Times
Gather
Demographies: ages 25-54, median age is 42, 55% women, 1.2 milliion unique vistiors, 9 million pages views per month, 500k are registered, Dec 2008, as told to me by CEO Tom Gerace
Hi5
World’s fastest growing among the top-10 global social networks. Based on the June comScore Media Metrix worldwide figures, hi5 grew 79% in the first half of 2008 – more than twice the growth rate of any of the top 10 social networks. According to comScore, the popular site’s monthly unique visitors increased from 31.4 million in December 2007 to 56.4 million in June 2008 – an increase of 25 million monthly visitors. hi5’s October 2008 Worldwide daily average is: 505 million, July 2008 stats, as told to me by Adriana of Corp Comm of Hi5 team.
LinkedIn
Nearly 60% of LinkedIn users have high personal incomes and hold executive-level or consultant positions, Nov 10th, 2008, LinkedIn, Anderson Analytics.
LinkedIn demographics presentation from Aug, 2008, Erick of Techcrunch
Stats from CEO: 8 million to more than 30 million, while the staff has expanded from 60 to 370 employees, CEO alludes (but doesnt confirm nor deny) that revenues are $75 (million) to $100 million, The average age is 41 years old. The average household income is $109,000; 76 percent of them have a college degree or a graduate degree. It’s pretty evenly split between men and women, slightly more men. Forty-eight percent are outside the United States, from 07 to 2008. Nov, SFGate.
LiveJournal
LiveJournal is almost 10 years old and has 1.9 million active users (PDF), Dec, 2009
MySpace
MySpace has more than 110 million monthly active users around the globe, Jan 2008, emailed to me from press
Reunion
32 Million Registered Members, and Growing. Jan, 2008, Reunion to me direct
Update, Nov 20, 2008: 50 million total registered members, Adding 1.6 million+ members monthly (mostly adults), Nearly 1 million active paying subscribers. Numbers direct from Kate Zentall of Reunion to me.
Second LIfe
Second Life provides real time stats: Residents Logged-In During Last 30 Days: 985,92 (out of 16 million total registered). Nov 18, 2008, Linden Site
Twitter
Global visitors to Twitter rose almost fivefold to 5.57 million in September from a year earlier. Nov 12, 2008, Comscore via BBC.
Locations (Cities) with the most tweets, Tokyo is the most popular city, Real TimeTwitter Local
Twitter stats by usage during week, as well as comparing heavy vs light users, May 15th, Compete (submitted by Nick)
HP Labs has conducted research on twitter, I’ve highlighted the average number of followers, friends, tweets, and active user base.
Twitter is dominated by newer users – 70% of Twitter users joined in 2008, An estimated 5-10 thousand new accounts are opened per day, 35% of Twitter users have 10 or fewer followers, 9% of Twitter users follow no one at all, Dec 08, State of the Twittersphere
WeeWorld
This virtual world/social network aimed at teens who also use IM has reported 25mm registered users, and 1million unique active visitors in last 30 days, as told to me in Nov 2008 on briefing call
2009 Stats
Need more stats See this ongoing list of social networking stats for 2009.
Caveat: As I mentioned before, do not quote these numbers are from me, I’m simply collecting them in one spot, as you’ll see the accuracy will be debated depending on source to source.
I need your help, as you find references to usage, visitors, or registered members numbers in articles or reports, please leave a comment with the URL.