terça-feira, 18 de março de 2014

A luta da juventude, a nossa luta

 Há alguns meses atrás eu fiz comentários acerca das passeatas que mobilizaram o país e de como, em São Paulo, o umbigo e cabeça da extrema direita e do pensamento fascistóide do país elementos tentaram se aproveitar das ruas para dar voz a suas palavras de ordem grotescas, metralhar palavras preconceituosas e pautar uma juventude que ainda não sabe o que não quer, mas sabe exatamente o que não quer. 

O que a direita teta disputar é essa juventude. A nossa juventude, essa que não teve acesso a sociologia, nem filosofia no dito Ensino Médio, que cresceu num país com inflação controlada, que pode ir para as ruas (QUE BOM!!!!!!!!) gritar, desconhece de memória, o que é um país com descontrole inflacionário (fruto da melagomania da economia da ditadura), o que é desemprego em massa. SEM ESTA MEMÓRIA A JUVENTUDE SE VÊ À DERIVA, DISPUTADA PELA GRANDE MÍDIA, que cumpre fielmente o papel de porta-voz da direita.


A juventude brasileira é muito bem intencionada, mas foi pra rua com slogan de  comercial da FIAT, o VEM PRA RUA, e falando o que repetia, do Jornal da Globo ao Bom dia São Paulo, e não o contrário. Ela usa facebook até dormindo, e foi lá que ela marcou com a turma de ir pras ruas em junho. Ela se cansou da velha fórmula de partidos que não ouvem, de uma política que dialoga verticalmente. 


A JUVENTUDE OPERA EM REDE. ELA SE ADEQUA ÀS REDES pq ela PENSA, VIVE, REPIRA REDES.  Ou pra quem leu WEBER, em esferas, se vcs preferem uma teoria mais clássica...

A juventude opera em rede, em redes, nas redes.

E precisamos ouvir essa juventude. A direita está disputando-a. Nós precisamos ouvi-la. Não disputá-la, mas dar lugar a ela, no futuro, no projeto. Lutar com ela. Sonhar com ela. 

Ela quer um sistema que não oprima o negro, a mulher, a pessoa com deficiência. As passeatas tinham cartazes muito, mas muito progressistas, mas a mídia não mostrou. A MÍDIA SÓ MOSTRA O QUE QUER, SÓ PAUTA O QUE DESEJA.

Eu acabei de chegar do julgamento de Tiradentes, e vi milhares de jovens, sentados no chão do lado de fora de uma PUC LOTADA, assistindo pelo telão, as narrativas da luta contra a ditadura.

A juventude nunca desiste. E o que mantem a juventude na resistência, e na luta é a força das narrativas das lutas, de todos os tempos. Eu sempre amei profundamente a força das narrativas, sua força política, sua força de luta, sua força em manter viva a história da luta, as pessoas da luta, ainda que mortas na luta. Deixar de narrar um luta é deixar a luta morrer.

  Durante a ditadura militar uma grande luta aconteceu neste país. Uma luta que eu não presenciei como adulta, mas que eu conheci pela narrativa de outras gerações, e uma luta que eu sempre tive o respeito de preservar. Que eu vivi de outra forma.

 Era um tempo difícil, e lidar com o regime de exceção parecia aos que lutavam imperioso. Muitos deram sua vida pela liberdade, pela democracia. O tempo desta luta era duro, era um tempo ocre, com cheiro de granada, eu imagino, com cheiro de repressão, de imprensa censurada, de prisões a domicílio, de lares desfeitos, de pessoas desaparecidas. Um tempo de dor e de luto.

Hoje, dizem, vivemos outros tempos. Hoje, digo, vivemos outras lutas. A imprensa não é censurada, é cínica. O regime não é de exceção é de exclusão. As pessoas não são presas, são caluniadas.

A vocês que lutaram a luta do seu tempo, peço: nos ajudem com a luta do nosso: nossos direitos civis, de  milhares de pessoas com deficiência, doenças raras, LGBTTs, indígenas, quilombolas, idosos,   populações ribeirinhas e camponesas, entre outras dezenas de minorias, são constantemente violentados. Vamos à luta, à rua, todos. Vamos nos manter juntos, dos jovens e de suas pautas, preciosíssimas. Esse é o nosso tempo, essa é a nossa luta.