sábado, 30 de junho de 2007

Fontes de pesquisa medieval

Um site acerca de Agostinho. Um site a respeito das Famílias nobres catalãs, medievais: the Montcadas. Um portal sobre a História de Portugal e Espanha. The Internet Modern History Sourcebook, grandes links. Um Portal de Historia Medieval. Internet Jewish History Sourcebook.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Um mapa!




Se o MySpace fosse um país, de que tamanho ele seria? Onde ficam as Ilhas IRC? Não sabe? Pois então vale a pena visitar o blog de charges diárias que tem o impronunciável nome de xkcd.com.


veja mais aqui.

A Estrutura da Internet deve ser neutra

O que deve e o que não deve constar na eleição de palavras, idéias e expressões que podem ser registrados como nomes de domínio? Uma expressão proibida em certa cultura pode não ter o mesmo significado em outra. E quem determina o que e o que não pode ser registrado como nome de domínio? Especialmente quando estamos falando de nomes de domínio internacionais, que não estão ligados à infra-estrutura tecnológica e cultural de um certo país, essa escolha pode ser de crucial importância. Para alertar a comunidade em geral sobre os riscos trazidos por decisões arbitrárias na escolha das palavras e expressões que não podem ser registrados como nomes de domínio, foi lançada a coalizão "Keep the Core Neutral".

A coalizão, iniciada pela organização norte-americana IP Justice, e apoiada pelo Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS), da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas/RJ, preparou uma petição sobre o assunto. A petição original, em inglês, pode ser lida, e posteriormente assinada, aqui. http://www.keep-the-core-neutral.org/petition/ Um tradução da petição para o português foi preparada pelo CTS. O inteiro teor da tradução você pode ler abaixo. Petição Global para os Membros da Diretoria da ICANN: “A Estrutura da Rede deve ser neutra”

Todos têm o direito de pesquisar, receber e transmitir informações e idéias sem interferência por qualquer meio, inclusive no ciberespaço. Com o surgimento dos novos domínios genéricos de primeiro nível e escolhas sobre como idéias podem ser expressas através dos mesmos são tomadas, nós requeremos à ICANN que mantenha a estrutura da rede neutra, livre das disputas não técnicas, e que sejam adotadas políticas que respeitem a liberdade de expressão e permitam a inovação no processo de criação de novos nomes de domínio. Encorajar a livre circulação da informação é um princípio basilar nas decisões de política pública relacionadas à informação e à tecnologia da comunicação. O direito à liberdade de expressão, fundamental numa Sociedade da Informação, estimula a participação democrática, amplia as possibilidades individuais e proporciona o desenvolvimento econômico.

O ciberespaço é um ambiente único e especial que concilia antigas divisões, no qual diversas comunidades interagem, e todas as visões são bem-vindas. Mas esse cenário apenas permanecerá se esses atributos forem levados em conta por quem determina as políticas públicas sobre a Governança da Internet e os incorpore nas políticas sobre como idéias podem ser expressas através de nomes de domínio. Nós requeremos que a ICANN atenha-se ao seu mandato técnico e se abstenha de embutir determinados padrões nacionais, regionais, morais ou religiosos nas regras globais sobre o uso de linguagens em nomes de domínio. Seria uma missão perigosa para a ICANN decidir entre políticas conflituosas e determinar padrões globais de expressão que são reforçadas através da sua atuação técnica. Por favor não deixem que a ICANN se torne uma ferramenta conveniente para a obtenção de um controle global por aqueles que almejam censurar expressões controversas ou não populares na Internet.

Requeremos que a ICANN resista a qualquer tentativa de restringir quais idéias podem ser expressas em qualquer nível de hierarquia da Internet. A estrutura técnica da Internet deve ser neutra e livre de quaisquer conflitos nacionais ou ideológicos, possibilitando que a liberdade e a inovação floresçam no ciberespaço. Assinado, Indíviduos ou grupos podem assinar no site da campanha. http://www.keep-the-core-neutral.org/petition

A petição foi publicada originalmente no Cultura livre.
http://www.culturalivre.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=175&Itemid=40/

Tradução realizada pelo Centro de Tecnologia e Sociedade Centro de Tecnologia e Sociedade - CTS - da Fundação Getúlio Vargas - Direito Rio.

recebi por e-mail da Rita Amaral

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Timeline Internet


quarta-feira, 27 de junho de 2007

Um presente! Revue L'Homme. Revue française d'anthropologie, n° 182


Racisme, antiracisme et sociétés
veja mais aqui
Wiktor Stoczkowski - Racisme, antiracisme et cosmologie lévi-straussienne. Un essai d'anthropologie réflexive.
Pierre Savy - Transmission, identité, corruption. Réflexions sur trois cas d'hypodescendance.
Emmanuel Parent - Derrière le voile. L'impossible résolution musicale des antagonismes raciaux aux Etats-Unis.
Patrick Williams - Les Alsaciens-Lorrains romanichels pendant la première guerre mondiale. Un cas d'école ? Varia
Guillaume Rozenberg - Le saint qui ne voulait pas mourir. Hommage à Robert Hertz.
Mathieu Hilgers - La dynamique de la croyance. Enjeux contemporains d'une ancienne cérémonie moaga.
Stéphane Rennesson - Violence et immunité. La boxe thaïlandaise promue en art d'autodéfense national.En question
Eric Jolly - Rêveries exotiques sur le Dogon

terça-feira, 26 de junho de 2007

Dois Parlamentos


- Nestes cemitérios gerais

os mortos não mostram surpresa

- A morte para eles

Foi coisa rotineira.

- Nenhum tem o ar de ter morrido

em instantâneo ou guilhotina.

- Porém de um sono lento

que adorme, não fulmina.

- Em nenhum deles há as posturas

desses que morrem sob protesto.

- É sempre a mesma pose

sem nenhum grito, gesto.

- Entre eles gestos de eloqüência

não se vêem nunca, quando a morte.

- Todos morrem em prosa,

como foram, ou dormem


um poema de João Cabral de Melo Neto

segunda-feira, 18 de junho de 2007

De Borges

O labirinto
Este é o labirinto de Creta. Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro. Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações. Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro, que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações como Maria Kodama e eu nos perdemos. Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro, que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações como Maria Kodama e eu nos perdemos naquela manhã e continuamos perdidos no tempo, esse outro labirinto.

(Atlas - tradução de Miguel Angel Paladino)

sábado, 16 de junho de 2007

Obra silencia sobre lutas dos minoritários

MARCIO GOLDMAN
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Divisões Perigosas" dá continuidade a uma conhecida intervenção política contra o Estatuto da Igualdade Racial e a lei de cotas em tramitação no Congresso Nacional: de seus 46 artigos, dois terços já foram publicados em jornais e revistas de grande circulação nacional (11 deles na Folha). Seu argumento não é menos conhecido: qualquer política pública em benefício dos que sofrem discriminação racial é perigosa e corresponde a uma forma de racismo. Se a intervenção é política, sua legitimidade é buscada na qualificação profissional dos autores. O que permitiria esperar mais rigor nos textos e uma maior clareza na explicitação das opções intelectuais adotadas. Mas não é difícil perceber, desde o título, os pressupostos de "Divisões Perigosas":


falar em raça é "perigoso" porque "divide" uma unidade transcendente, a
humanidade (alguns preferem a sociedade ou a identidade nacional), e porque,
garantem os cientistas naturais que colaboram no livro, "raça" não existe. O que
"existe" é, de um lado, o "código genético"; de outro, completam os cientistas
sociais, a estrutura e os valores da sociedade brasileira (que, asseguram, não é
racista).


Conceito de raçaSe raça foi durante muito tempo um conceito tido por científico, o reconhecimento de que certezas passadas da ciência não passam, hoje, de erros, deveria levar a uma certa modéstia, não a novas certezas mais uma vez disseminadas com "autoridade científica". Intelectuais acostumados a lidar com a construção social do conhecimento, a inextricável mistura de ciência e interesses e a pôr os fenômenos em seu contexto, deveriam admitir que a recusa do conceito de raça pela genética não significa a "descoberta" de que raças não existem. E que essa recusa não tem o poder de fazer calar categorias homônimas utilizadas por outros agentes sociais em suas lutas. Isso não ocorre apenas quando se evoca a ciência para garantir a inexistência das raças, mas também quando se opõe a "verdadeira" história da África ou a estrutura "real" da sociedade brasileira ao que se considera meras ilusões.

"Desessencializar" é tarefa complexa, especialmente quando, via de regra, consiste na substituição de uma essência por outra. Enfrentar o racismo"Raça" não é nem uma coisa cuja existência ou inexistência poderia ser arbitrada pela ciência, nem um simples recorte equivocadamente efetuado em uma unidade originária. É uma categoria que pode ordenar de diferentes maneiras a diversidade do real e da experiência. Quando os movimentos negros falam em raça, não estão se referindo a genótipos ou a louváveis ideais abstratos de igualdade, mas a experiências coletivas de discriminação e resistência. Quando o combate às desigualdades raciais assume a forma de políticas públicas é para enfrentar o racismo no campo sociopolítico, não apenas no das ideologias e preconceitos. Ao silenciar sobre as lutas e reivindicações dos movimentos minoritários, o livro converte alvos do racismo em racistas potenciais e confunde o combate à discriminação com "políticas raciais" inventadas por intelectuais influenciados por idéias estrangeiras e políticos em busca de votos. E ao se concentrar nas "falsas idéias" e não no conteúdo efetivo das práticas racistas, acaba por associar essas lutas e essas políticas à Ku Klux Klan, ao apartheid e até ao nazismo, disseminando um medo que não sabemos bem de quê ou de quem é. Talvez de uma experiência sociopolítica visando modificar o quadro geral de desigualdade e exclusão no qual vivemos.



MARCIO GOLDMAN é professor associado do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Patrice Maniglier : « La pensée structuraliste »

Nouvel Observateur, Hors-Série n° 51, « Lévi-Strauss et la Pensée Sauvage », juillet-août 2003, pp. 6-11.jeudi 2 décembre 2004.

" Nota Bene : Ce texte est un article de Patrice Maniglier , paru dans le Nouvel Observateur, Hors-Série n° 51, « Lévi-Strauss et la Pensée Sauvage », juillet-août 2003, pp. 6-11. Pour citer cet article, utiliser cette référence. Pour en savoir plus sur le structuralisme vous pouvez lire, du même auteur, l'article en ligne L'humanisme interminable de Claude Lévi-Strauss , ou les livres Le Vocabulaire de Claude Lévi-Strauss, Ellipses, 2002 et La vie énigmatique des signes, Saussure et la naissance du structuralisme, Léo Scheer, 2006 .

Il est loin le temps où l'entraîneur de football de l'équipe de France espérait rassurer ses supporters en leur promettant une « réorganisation structuraliste » des joueurs. Michel Foucault, avec Les mots et les choses en 1966, venait de faire du structuralisme la nouvelle philosophie parisienne qui devait éclipser l'existentialisme : elle affirmait que le sujet ne donnait pas du sens à l'univers dans l'angoisse de sa liberté, mais qu'il se contentait de réaliser des possibilités inscrites d'avance dans des codes aussi inconscients que sont les règles grammaticales. Althusser professait à l'Ecole Normale Supérieure que Marx était structuraliste, Lacan y réinventait la psychanalyse, Barthes montrait que la mode vestimentaire obéissait à un « système », bref le structuralisme donnait à une époque mieux que des résultats théoriques : une vision de l'homme et du monde avec laquelle elle se sentait en affinité. Son principal instigateur, pourtant, ne voyait pas ce succès public d'un bon œil : Claude Lévi-Strauss, dont la publication en 1949 des Structures élémentaires de la parenté peut être tenue pour la date de naissance du structuralisme, considérait en effet le structuralisme avant tout comme une méthode pour les sciences humaines. L'avenir sembla lui donner raison : le structuralisme, comme ces étoiles qui s'effondrent sur leur propre poids, fut aussi contesté après mai 68 qu'il avait été adulé avant. On lui reprochait de nier la dimension politique des faits humains, de méconnaître l'histoire, et, finalement, de désespérer Billancourt… Alors, méthode prometteuse ou éphémère idéologie ?


Le mot lui-même a été inventé par le linguiste Roman Jakobson dans un article de 1929. Il désignait alors une « tendance de la science russe », opposée à la science occidentale atomiste, mécaniste (c'est-à-dire aveugle à l'importance de la finalité), et réductionniste, donc incapable de montrer que les faits culturels obéissent à des lois qui leur sont propres, et non pas seulement à des causalités physiques ou biologiques. Un an plus tard, Jakobson, esprit universel s'il en est, polyglotte par vocation et exilé par destin, en faisait plus généreusement la caractéristique de la science moderne, par opposition au vieux « positivisme », obsédé par le recueil de faits particuliers observables, et par la tentative pour établir entre eux des régularités dûment constatées. Mais la définition restait vague : si le structuralisme consiste simplement à penser que le tout précède et détermine les parties, que les relations importent plus que les termes, et qu'on ne construit pas les lois en généralisant à partir des observations, ne devrait-on pas dire qu'Aristote, mais aussi Spinoza, Leibniz, Goethe, Hegel ou Bergson, à quoi il faut adjoindre un grand nombre de biologistes, la plupart des physiciens contemporains, et sans doute tous les mathématiciens, sont également structuralistes ? Tant d'extension ne risque-t-elle pas de faire perdre au mouvement toute compréhension ? Pire : une telle définition est-elle susceptible de clarifier une méthode ? Cette incertitude sur la définition devait plus tard amener les auteurs les plus divers à s'y reconnaître, pour, dans la même confusion, s'en écarter presque aussitôt. Aussi vaut-il mieux, pour bien comprendre ce dont il s'agit, laisser de côté les définitions explicites, et revenir aux opérations même que les linguistes « structuralistes » - au premier rang desquels Jakobson et son compatriote et ami, le Prince Nicolaï Troubetzkoy - cherchèrent à introduire dans leur discipline, pour montrer ensuite pourquoi et comment Lévi-Strauss a cru pouvoir l'étendre à l'étude de tous les faits culturels, règles de parenté, récits mythiques, rites, ou construction des villages, ouvrant ainsi au programme dont se griseront les années 50 et 60…


Le dix-neuvième fut le siècle de l'histoire : la linguistique indo-européenne découvrait la possibilité de reconstruire, à partir de la diversité des langues actuelles (français, allemand, hindi, etc.), la langue disparue dont elles dérivent à la manière de dialectes. Le changement linguistique apparaissait alors comme ce qu'il y avait d'objectif et de connaissable dans le phénomène du langage, puisqu'il échappait à la conscience et à la volonté des sujets : c'est insensiblement que le latin est devenu le français... En réaction, Jakobson et Troubetzkoy soutinrent qu'il était inutile de chercher à expliquer l'histoire des langues à partir de contraintes phonétiques (en dernière instance physiologiques) qui conduiraient peu à peu les locuteurs à altérer leurs manières de parler. En effet le langage a une fonction : l'état actuel d'une langue ne dépend pas seulement de son histoire, mais aussi des contraintes que lui imposent les nécessités de la communication. C'est pourquoi on ne peut évacuer toute considération sur la finalité dans l'étude des phénomènes culturels. Aussi élaborèrent-ils une méthode qui permettait de ne retenir que ce qui, dans les performances verbales des individus, était porteur de signification.


Elle consiste, dans un premier temps, à proposer aux locuteurs d'une langue un test, dit de « commutation » ou de « permutation », qui permet de distinguer entre les variations phoniques qui induisent une variation significative, et celles qui ne le font pas. Par exemple, en français, le mot « tri » peut être prononcé avec un « r » roulé, et non grasseyé, sans qu'un locuteur perçoive une différence de sens. A l'inverse, la substitution de « pli » à « tri » modifie la signification (remarquons au passage que le locuteur n'a pas besoin de définir chacun de ces termes séparément pour le sentir : il suffit qu'il perçoive la différence). On induit donc que [tr] et [pl] ont des particularités phoniques significatives pour un français. En croisant les tests, par exemple en montrant qu'il y a une différence entre « tri » et « pris », on décompose la masse phonologique en « phonèmes » ([r], [l], etc.), c'est-à-dire en unités ultimes, qui apparaissent alors comme une somme ou un « faisceau » de particularités phonétiques distinctives (labial/non-labial, voisé/non-voisé, etc.). Le phonème est donc une entité purement différentielle. C'est ici que les « phonologues » russes rejoignent les thèses d'un auteur alors un peu oublié, le linguiste russe Ferdinand de Saussure mort en 1913, qui affirmait précisément que « dans la langue, il n'y a que des différences » (Cours de linguistique générale, Payot, 1973, p. 166), et que « les phonèmes sont avant tout des entités oppositives, relatives, et négatives » (Ibid., p. 164).


Mais la méthode comporte un deuxième moment. En effet, les mêmes traits distinctifs séparent plusieurs phonèmes à la fois : ainsi p-t, b-d, m-n, par exemple, forment une série, en s'opposant de la même manière. Un phonème, dès lors, ne se définit plus seulement par la somme des traits distinctifs qu'il actualise, mais aussi par sa position dans un système de séries d'oppositions. Et c'est précisément le schéma de ce système qu'on appelle une structure : « La définition du contenu d'un phonème dépend de la place qu'il occupe dans le système des phonèmes donc il s'agit (…). Un phonème ne possède un contenu phonologique définissable que parce que le système des oppositions phonologiques présente une structure, un ordre déterminé » (Troubetzkoy, Principes de phonologie, trad. J. Cantineau, Klincksieck, Paris, 1964, p.69). Nous pouvons donc maintenant montrer une structure : le « tableau du système phonologique des consonnes de l'allemand » proposé par Troubetzkoy est peut-être le premier exemple de formalisation structuraliste (ibid. p. 74).


-----------v--s-
-------x---f--ss-sch
-p--t--k---pf-tz
-b--d--g--------
-m--n--gn-------



Les sujets qui parlent allemand ne sont pas évidemment pas conscients de cette structure, mais elle n'en est pas moins opératoire : c'est elle qui leur permet non seulement de se comprendre, mais encore de percevoir distinctement les sons émis. Ainsi les lois du langage ne sont pas seulement historiques, mais aussi, comme le disait Saussure, « synchroniques », puisque par définition tous les éléments d'une structure doivent être données en même temps. De plus, on peut comparer les langues du point de vue de leur structure, montrer comment leur évolution tend parfois à restaurer l'équilibre structural menacé par la perte accidentelle d'une opposition distinctive, etc. Le linguiste ramène donc la très grande diversité des phénomènes du langage à quelques principes simples, et peut même faire l'hypothèse de « lois structurales » qui seraient valables universellement pour toutes les langues. On comprend désormais comment une nouvelle méthode de décomposition des faits du langage a conduit à la thèse selon laquelle les éléments sont définis non par des propriétés positives, mais par la manière dont ils se rapportent les uns aux autres : le [r] français n'est pas une certaine manière d'articuler ou un certain profil sonore, mais uniquement une position dans le schéma de la structure. Il peut, en ce sens, être représenté de manière algébrique. Mais il ne faut jamais oublier que cela n'a été possible que parce que les relations sont des différences, ou plus exactement des différences sonores corrélées à des différences de signification.


En quoi cette méthode est-elle transposable au domaine de l'anthropologie ? Saussure l'avait anticipé en promettant l'avènement d'une discipline nouvelle, la sémiologie, « science qui étudie la vie des signes » (Cours de linguistique générale, op. cit., p. 33), Troubetzkoy l'avait suivi, mais rien n'avait été réalisé. Quand Lévi-Strauss rencontre Jakobson à New York pendant la guerre, il prépare une synthèse sur les phénomènes de parenté. On sait en effet depuis Henry Lewis Morgan que les sociétés « primitives » se caractérisent par des règles de parenté complexes et diverses. L'hypothèse de Lévi-Strauss est que ces règles peuvent être réduites à quelques principes simples, si on fait l'hypothèse qu'elles traduisent autant de manières d'échanger les femmes : par exemple, le fait pour une jeune fille de devoir épouser un de ses cousins croisés (c'est-à-dire un fils du frère de sa mère, ou un fils de la sœur de son père) s'explique par une contrainte symétrique et complémentaire : celle où se trouve, à la même génération ou à la génération suivante, une sœur de son cousin de devoir épouser un de ses frères à elle. Les mariages forment un système qui lie ensemble les différentes familles dans un réseau de réciprocité. La notion de structure semble donc désigner les différentes manières dont « l'esprit humain » peut s'y prendre pour construire des systèmes de réciprocité. Ainsi, un acte particulier comme un mariage n'a pas son sens en lui-même, mais dépend de sa position dans le système, et de la manière dont celui-ci est construit. Mieux : chaque système de parenté ne fait que réaliser une des possibilités logiques de l'esprit, et on pourrait les comparer en les plaçant dans un vaste tableau combinatoire. Mais en quoi cela évoque-t-il le travail de Troubetzkoy et Jakobson ?
C'est qu'en réalité la thèse est plus précise. Si les femmes sont échangées en effet, c'est parce qu'elles sont des signes, au sens des linguistes structuralistes, c'est-à-dire des entités oppositives et relatives. Chaque femme est définie par son opposition à d'autres : « c'est un acte de conscience primitif et indivisible qui fait appréhender la fille ou la sœur comme une valeur offerte, et réciproquement la fille et la sœur d'autrui comme une valeur exigible » (Structures élémentaires de la parenté, Mouton, p. 162).


Les dernières sont nécessairement complémentaires des premières, et elles constituent ensemble une structure : passant des épouses aux filles, les attitudes s'inversent, le désir doit devenir répulsion, le cadeau, dette, au lieu de se montrer, on se cache, etc.. Il y a corrélation entre des traits distinctifs. L'ensemble des femmes dans une société donnée constituent donc un système de signes. « Tous les phénomènes auxquels s'intéresse l'anthropologue, dira finalement Lévi-Strauss, offrent le caractère de signes. » (Anthropologie structurale deux, Plon, 1973). Le deuxième grand moment de l'œuvre de Lévi-Strauss est en effet la rédaction des quatre gros volumes des Mythologiques. Il y montre que des motifs apparemment aussi dissemblables qu'un signe et un fourmilier, du poison et un séducteur, un collier de perles et une tête coupée, peuvent être considérés comme des variantes du même signe mythologique, dans la mesure où le passage de l'un à l'autre est définissable par un ensemble d'inversions d'oppositions distinctives, les uns se présentant comme le négatif des autres : « chaque personnage, loin de constituer une entité, est à la manière du phonème tel que le conçoit Jakobson, un faisceau d'éléments différentiels » (Anthropologie structurale deux, p. 162).


On voit bien comment Lévi-Strauss emprunte à la linguistique en même temps qu'il s'en distingue. Alors que pour cette dernière, la structure est un système de séries d'oppositions, pour Lévi-Strauss elle sera un « groupe de transformations » : « En premier lieu une structure offre un caractère de système. Elle consiste en éléments tels qu'une modification quelconque de l'un d'eux entraîne une modification de tous les autres. En second lieu, tout modèle appartient à un groupe de transformations dont chacune correspond à un modèle de la même famille, si bien que l'ensemble de ces transformations constitue un groupe de modèles. Troisièmement, les propriétés indiquées ci-dessus permettent de prévoir de quelle façon réagira le modèle, en cas de modification de l'un de ses éléments. Enfin, le modèle doit être construit de telle façon que son fonctionnement puisse rendre compte de tous les faits observés. » (Anthropologie structurale, Plon, 1958, p. 306). Il est caractéristique que Lévi-Strauss ne définisse pas la systématicité par un lien interne entre des éléments observables : c'est la même chose qui fait tenir ensemble les éléments d'un système, et qui rapporte ce système à d'autres dont il diffère. C'est pourquoi la mise en évidence des structures qui supportent les différents systèmes symboliques exige une méthode comparatiste, qui est propre à l'anthropologie, puisque celle-ci consiste précisément à chercher l'homme à travers la variation culturelle.


Mais il se distingue aussi des phonologues en que l'extension de la méthode « sémiologique » à tous les faits culturels ne se justifie pas pour lui au nom d'une hypothèse sur leur fonction (la communication), mais parce qu'ils présentent tous également cette propriété d'être essentiellement variables. Mieux : si on a besoin de la méthode structurale dans les sciences humaines, c'est parce qu'on ne peut jamais juger l'identité entre plusieurs actes (comme des motifs narratifs dans les mythes, ou des actes codés dans des rituels) sur la base de leurs seules ressemblances observables. Ce que Lévi-Strauss disait pour les mythes vaut pour tous les traits culturels. Supposons qu'on s'intéresse à l'histoire d'une pratique, comme mettre en prison les coupables : en se contentant de tracer une ligne continue jusqu'au premier témoignage de cet usage, on risque de commettre de graves contresens, car cette pratique, isolée abstraitement par nous, aura un sens tout à fait différent en fonction du système dans lequel elle s'inscrit ; peut-être même dans certains ne vaudra-t-elle pas comme telle. Et, inversement, il se peut qu'elle soit une manière d'être fidèle à un usage qui ne lui ressemble pas, mais dont on peut montrer qu'il occupe la même position dans un système de transformations. Ainsi, l'hypothèse selon laquelle les faits culturels sont des signes ne repose pas sur leur fonction, mais sur leur nature : ils ne peuvent être identifiés que si on les replace dans le système de signes, au sein duquel ils apparaissent comme substituables et différentiels.


Ainsi, il se peut qu'aussi bien la puissance de la méthode structurale que l'intérêt philosophique de ses résultats tiennent, non pas à ce qu'elle nie le caractère primordial de la liberté humaine, mais à qu'elle montre qu'on peut faire une science de ce dont la nature même est de varier, à condition de ne le définir que par la corrélation de différences. De fait, Louis Althusser, Michel Foucault, Gilles Deleuze, entre autres, y trouvèrent des instruments pour repenser l'histoire et le temps. Qu'ils aient eu le sentiment de devoir se distinguer du structuralisme presque aussitôt, tient sans doute au malentendu qui a accompagné l'extension de la méthode structurale. On croyait y voir une réduction de l'humanité à un vaste tableau combinatoire, alors qu'il s'agissait avant tout de prendre conscience des problèmes que posent, aussi bien au savant qu'au philosophe, la simple délimitation de ces faits bien particuliers que sont les faits culturels. Mais il se peut aussi que cette confusion ait été nécessaire pour que certains, aiguillés par l'étrange histoire de ce mouvement renversé en son contraire en même temps qu'il triomphait, redécouvrent le problème qu'il chercha vainement à poser, et en montrent ainsi la toujours vibrante actualité.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Mais fontes, runas

Este canto das Edda nos descreve a cruxificação de Wotan na arvore Yggdrasil, do Espanto, seu sacrifício por nove noites, dependurado, sem bebida que pudesse diminuir seu sofrimento, ferido pela lança. Nem sequer seu corvo lhe trouxe Hidromel. Até que Wotan descobriu as Runas e, com elas pode liberar-se. Assim o Herói, depois de apoderar-se do segredo, de recuperar o grande poder, se fez mais que um Deus e entregará a seus guerreiros.Segundo o professor Hermann Wirth, as Eddas e as Runas tem uma antiguidade entre 10.000 a 6.000 anos.


WOTAN E AS RUNAS
E WOTAN DIZ:


"EU SEI QUE FIQUEI DEPENDURADO


NOVE LONGAS NOITES


NA ÀRVORE, GELADA PELOS VENTOS
DO NORTE.


PELA LANÇA FERIDO, NO SACRIFÍCIO DE WOTAN.


EM MIM MESMO, EM SÍ MESMO.


NA SOBERBA ÀRVORE,


DA QUAL OS HOMENS NADA SABEM,NEM DE QUE RAÍZ BROTOU.
NÃO ME FOI OFERECIDO ALIMENTO,


NEM HIDROMEL EM CHIFRE,


PARA CONSOLAR-ME.


PARA BAIXO VIGIAVA MEU OLHO,


QUEIXANDO-ME LANCEI AS RUNAS.


ENTÃO CAÍ POR TERRA. NOVE CANTOS APRENDI DO GUERREIRO,


O GUERREIRO DA BESTLA, O FILHO DE BÖLTHORN.


DO MAIS NOBRE BEBÍVEL BEBÍ UM GOLE.
E A FLORECER COMECEI,


TAMBÉM A MADURAR.


SÁBIO CHEGUEI A SER.


A PALAVRA ME GUIAVA,


DE PALAVRA EM PALAVRA.


A OBRA, DE OBRA EM OBRA".


No livro dos academicos franceses Lucien Musset e Fernand Mossé "Introduction a la Runologie"( Paris,Aubier-Montaigne, 1965 ), se defende que as Runas são uma tentativa da gente primitiva para fabricar um alfabeto rudimentário.

sábado, 9 de junho de 2007

Tirando os óculos e as lentes de contato?

Publicado no Site da Revista Caros Amigos, em 8 de junho.
por Adriana Dias

A presente reflexão tenta se centrar na relação entre estudantes, imprensa e Estado. Os estudantes da USP (mas, o movimento amplia-se para todas as Universidades Públicas Paulistas), a imprensa é a grande mídia (em especial a conduzida pela Globo, pela Folha de São Paulo, pelo Estado e pela Veja – nesta em especial o blog do colunista Reinaldo Azevedo1) e o Estado é o paulista, neste início de “gestão” do governador José Serra. Não pretendo dar conta da relação, nem esgotar o assunto, mas gostaria de problematizar como os estudantes são tratados pela grande mídia, pelo governo, em suas comunicações a esta mesma mídia. A situação está a tal ponto absurda, que no Observatório de Imprensa, o jornalista, pós-graduado em Ciências Sociais, pela USP, Luiz Weis comentou: “Dá vontade de ocupar as redações da Folha e do Estado em protesto contra a lastimável cobertura da crise aberta nas universidades públicas paulistas, em especial na USP, pelo decreto do governador José Serra de 1º de janeiro, que "organiza a secretaria de Ensino Superior e dá providências correlatas2”... Esta observação revela como o evento da ocupação da USP por estudantes, em 3 de maio último, divide a imprensa: há a grande mídia, que deseja intervenção policial na USP, contra os “vândalos”, “mentirosos”, “vagabundos”, “remelentos”, para citar apenas algumas das formas como a imprensa se dirige a estudantes, que, diga-se de passagem, conquistaram o “status” de estudantes da USP, por meio de um processo vestibular que se encontra entre os mais difíceis do país, há uma outra mídia que reclama o direito à desocupação pacífica pautada ela negociação e pelo diálogo com a reitora, nunca com os policiais.

O governador José Serra, ainda que nas últimas horas tenha se pronunciado “a favor da desocupação pacífica”, talvez diante da enxurrada de críticas que recebeu desde que o estopim da ocupação da Reitoria pelos alunos explodiu seu ideal de governo exemplo-perfeito-garantidor-de-eleição-presidencial, a primeira postura de José Serra foi a de criticar duramente os alunos, atribuindo seu ato ao "desejo de agitar" e baseado em "mentiras". A este comentário acrescentou o seguinte, legitimando-o por ter sido presidente da UNE: “Fazíamos agitação. Estávamos baseados em posições políticas, em teses que podiam ser discutíveis, mas eram verdadeiras. Não estavam baseadas em miragens e mentiras”.

A Folha de São Paulo adota a postura de encarar a ocupação como “uma invasão”, e dispara no sensacionalismo das fotos, mostrando helicópteros da Polícia Militar sobre o prédio da reitoria”, fotos do comandante da operação, com sugestões de como os jovens devem se proteger de um provável confronto: “é preciso evitar óculos e lentes de contato”. Na verdade, é a própria folha que parece evitar “óculos e lentes de contato” no seu confronto com a verdade: várias vezes avisou que o patrimônio havia sido destruído ou documentos teriam sido extraviados, para ser desmentida por fotos e testemunhos postados pela Internet afora. Nasce uma nova arena de debate, e a possibilidade de ver fotos e filmes, disponibilizados pelos estudantes, parece ter esvaziado, pelo menos um pouco, a possibilidade de “se inventar qualquer coisa pelo discurso”, como um jovem postou num comentário.

A ocupação da reitoria, ato a que eu credito a condição de legítimo, de pacífico, de preservador, da Universidade Pública e dos direitos constitucionais garantidos, se instala como uma resposta a um Executivo que insiste em governar por decretos, e enquanto o faz, precariza as condições educacionais, se recusando ao debate e ao diálogo. Diálogo e debate amplamente aberto aos estudantes, que exibem na Internet sua pauta de reivindicações, as críticas que recebem, as monções de apoio que lhe são dadas.

Fala-se, nos portais que se afinam com a fala do governador, que as Universidades públicas são elitizadas, ignorando o grande número de alunos pobres que nelas entram, vencendo a lógica de exclusão do ensino público fundamental e médio, fala-se que eles são “um povo apartado da realidade”. Pede-se por um grande líder, que use da força e os faça calar. Diz Hannah Arendt: “o povo, em todas as grandes revoluções, luta por um sistema realmente representativo, a ralé brada sempre pelo «homem forte», pelo «grande chefe».[...]”. Esta imprensa não é a voz do povo. É a voz da ralé. Os estudantes lutam pelo povo, querem ampliar o debate acerca da educação pública de qualidade para evitar que, no estado de São Paulo, a universalização do ensino superior se mescle com a depredação absoluta, como aconteceu ao ensino médio e ao fundamental durante todos estes anos de governo “desenvolvimentista”. E de quem seria culpa desta perda de qualidade? Dos nordestinos, como afirmou José Serra, ainda candidato? Claro que não: a culpa é dos que evitam “óculos e lentes de contato” para evitar ver o compromisso necessário: educação de qualidade se faz com verbas, com política públicas de valorização do professor, com incentivo à politização dos alunos, para que como estes, da USP se mobilizem, por si, pelo futuro, respeitando a aliança insolúvel, garantida constitucionalmente entre pesquisa, ensino e extensão, que os decretos visam fragmentar.

Este é um movimento popular, o vídeo do dia das mães, disponibilizado pelos alunos em seu blog3, é uma amostra de como esses alunos souberam preservar o sentido de povo. Usar de força policial é totalitário: eles questionam um ato administrativo, apontam, junto com juristas, jornalistas, sociólogos, antropólogos, filósofos, cientistas políticos, artistas, e outros intelectuais de várias s áreas, para o avanço sobre a autonomia das Universidades Paulistas. Governador, miragem é achar que vai se resolver isso com força, mentira é negar a verdade e a força de sua luta política.

1 O blog tem se dedicado muito ao assunto e considera o ato dos alunos”uma ofensa ao Estado Democrático de Direito”. http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/
2
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/blogs.asp?id_blog=3&id={C2F67501-BF58-40DB-B2EA-6E0D7EA4740F}
3
http://ocupacaousp.noblogs.org/

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Runas, fontes

As runas são uma antiga forma de alfabeto, desenvolvidas na Dinamarca(Igreja e Pedras Rúnicas da Colina Jelling) na Noruega (Museu do Barco Viking) e e na Suécia. A palavra "RU" é de raiz indo-européia "to rown", "roon" ou "round", e o significado é cochichar, sussurrar, murmurar, segredo, mistério. Estas palavras eram conhecidas entre os povos anglo-saxônicos, durante o começo da Idade Média. Já a palavra "RUN", provavelmente veio do alemão antigo, que significa aquele que sussurra. Alguns etimologistas sugeriram que o termo "runa" designa não apenas um sussurrador de segredos, como também uma "pessoa que sabe", "um sábio" que pratica as artes secretas da magia... Elas aparecem nos Eddas, tanto no poético, como no em prosa. Uma fonte, aqui. Outra, nesta URL.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Wagner, fontes...

Wagner, em português, aqui.

terça-feira, 5 de junho de 2007

De raças, racismo e sociobiologia

Nélio Rodrigues - Revista Galileu

Sérgio Danilo Pena - Professor titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG e presidente do Gene - Núcleo de Genética Médica de Minas Gerais

Lamentavelmente o professor José Alexandre Felizola Diniz Filho entendeu de maneira equivocada as minhas declarações publicadas em GALILEU em fevereiro de 2003. A fonte da sua confusão parece ter sido o fato da palavra "raça" poder assumir diferentes significados.
Biologicamente, a raça é usada como um sinônimo de subespécie e caracterizada pela existência de linhagens evolutivas distintas dentro das espécies (Templeton, A.R. Am. Anthropol. 100: 632, 1999). Assim, a presença de diferenciação genética é uma condição necessária, embora não suficiente, para a definição de subespécies ou raças. Na prática, a diferenciação genética é mensurada comparando a variabilidade entre indivíduos dentro das raças com a variabilidade entre as raças. Como no Homo sapiens a variabilidade dentro das chamadas "raças" (grupos continentais) representa 93% a 95% da variabilidade genética total, caracteriza-se assim a ausência de diferenciação genética e, conseqüententemente, a inexistência de raças humanas.
Entretanto, a palavra "raça" também serve para denotar categorias socialmente definidas.
Em seu livro "Classes, Raças e Democracia", Antônio Sérgio Guimarães distingue a crença de que raças existam cientificamente ("racialismo") da prática odiosa de discriminação com base em "diferenças raciais" (racismo): indivíduos podem ser racialistas ou não-racialistas e, separadamente, racistas ou anti-racistas. Fica claro que a inexistência de raças do ponto de vista biológico não impede a ocorrência do racismo, já que este depende somente da existência de "raças" como construções sociais. Esta diferença entre os dois sentidos da palavra "raça" é sutil e parece ter escapado a Diniz Filho. Mas ela é importantíssima, como demonstra a polêmica sobre o pedido de habeas-corpus de Siegfried Ellwanger, atualmente sendo apreciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ellwanger foi condenado por crime de racismo no Rio Grande do Sul, por ter editado obras de conteúdo anti-semita. A argumentação do seu recurso perante o STF, surpreendentemente acolhida pelo ministro relator, foi de que ele não poderia ter cometido o crime de racismo previsto na Constituição, porque os judeus não compõem uma raça. Em brilhante opinião contrária, o ministro Maurício Corrêa defendeu uma interpretação "teleológica e sistêmica" da Constituição Federal, afirmando que a genética baniu de vez o conceito tradicional de raça e que a divisão dos seres humanos em raças decorre de um processo político-social originado da intolerância dos homens. O julgamento final estava previsto para o fim de abril.

Sobre o tema da sociobiologia, abordado por César Ades em carta na edição de abril, reafirmo que o paradigma de organização social humana apresentado em 1975 por Edward Wilson no livro "Sociobiology: The New Synthesis" é inaceitável, por ser reducionista e biologicamente determinista. Como Lewontin, Rose e Kamin afirmam em "Not in Our Genes": "A Sociobiologia é uma tentativa de fornecer um alicerce científico a Adam Smith [1723-1790]. Ela mistura mendelismo vulgar, darwinismo vulgar e reducionismo vulgar, a serviço do status quo". Assim, não é surpresa nenhuma que a sociobiologia tenha sido acolhida de braços abertos pela direita americana, que passou a usá-la para justificar "cientificamente" suas posições reacionárias.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Roland Barthes


Um portal cheio de artigos, aqui. Um texto, nesta URL.


Uma vez atingido o extremo da linguagem, lá, onde ela nada pode senão
repetir sua última palavra, como um disco riscado, embriago-me com sua
afirmação: a tautologia não seria aquele estádio inaudito, no qual se
reencontram, misturados todos os valores, o fim glorioso da operação lógica, o
obsceno da tolice e a explosão do sim nietzschiano?