terça-feira, 21 de setembro de 2010

Neonazistas acusados de explosão em Parada Gay são condenados por formar quadrilha

JULIANNA GRANJEIA


A Justiça condenou na última sexta-feira (17) dois dos sete indiciados pela explosão de uma bomba caseira lançada no centro de São Paulo durante a Parada Gay, realizada em junho do ano passado. Rodrigo Alcântara de Leonardo, 24, conhecido como Tumba, e Guilherme Witiuk Ferreira de Carvalho, 20, o Chuck, foram condenados a dois anos de prisão em regime fechado por associação criminosa. Eles são integrantes do grupo neonazista "Impacto Hooligan".

O explosivo foi jogado no meio da multidão na avenida Vieira de Carvalho (centro da capital) e feriu ao menos 22 pessoas no dia 14 de junho. Os acusados foram presos preventivamente em dezembro de 2009 e soltos, após revogação da prisão, em maio deste ano.

O juiz Luiz Raphael Nardy Lencioni Valdez, da 29ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda (zona oeste de SP), considerou que não há provas de que a explosão tenha sido causada por integrantes do "Impacto Hooligan" e nem se os outros cinco indiciados no processo são integrantes do grupo neonazista.

No entanto, para o juiz, ficou provado que o "Impacto Hooligan" é uma quadrilha criminosa, "estável e organizada" formada desde, pelo menos, o início de 2008. "O grupo não se limitava a exercer o direito constitucional de reunião e de expressão do pensamento, ainda que absurdo, preconceituoso, intolerante e desarrazoado, mas extrapolava para a execução de atos de violência contra os alvos escolhidos, preferencialmente grupos 'punks' rivais igualmente criminosos e indivíduos com orientação homossexual", afirmou Valdez em sua sentença.

O magistrado também diz que os membros do bando são jovens de classe média, que cursavam boas escolas e faculdades, e que seguiam orientação neonazista e xenófoba para disseminar o preconceito, o ódio, a intolerância e a violência. "São inúmeros os boletins de ocorrência acostados aos autos sobre crimes contra a integridade física, a vida e o patrimônio, em sua maioria envolvendo vítimas homossexuais, sempre com o envolvimento de membros da quadrilha desde a adolescência", escreveu o magistrado em outro trecho da sentença.

Durante a investigação, a polícia apreendeu na casa de Guilherme --líder do grupo-- e Rodrigo roupas, acessórios e obras com temáticas nazistas e anotações sobre os rituais de batismo, reuniões periódicas e códigos de comunicação e conduta do "Impacto Hooligan". "Vale ressaltar que Guilherme, como confirmado em audiência, ostenta o numeral 98 tatuado em seu corpo. (...) Os números se referem a localização da primeira letra das palavras no alfabeto. Especificamente, 88 refere-se a HH, que por sua vez indica a saudação nazista 'Heil Hitler', enquanto 98 se refere a IH, que tem o significado óbvio de Impacto Hooligan", afirmou Valdez.

O líder da quadrilha, além dos "inúmero boletins de ocorrência" como citado pelo juiz, já foi condenado em 2009 por injúria real, após ser preso em flagrante. De dentro da cadeia, Guilherme escreveu uma carta para Rodrigo que foi considerada mais uma prova da formação de quadrilha. "No segundo parágrafo, Guilherme escreve: 'O os rolês muleque? Ta fiel ao IMPACTO né? Porque aqui é 98 até a morte, não é porque eu fui preso que tudo ou eu irei parar ou largar a banca. Eu to montando a banca até aqui na cadeia, juro pra você, HAHAHA! [sic]'. No parágrafo seguinte, acrescenta 'seja leal a banca e ao nosso ideal 88'. Por fim, termina assinando: CHUCK 98, IMPACTO H88LIGAN e uma suástica nazista", diz a sentença.

Omagistrado também ressaltou que Guilherme e Thiago Batista Miranda, conhecido como Crânio, --um dos cinco absolvidos nesta decisão-- respondem juntos a processo criminal por homicídio doloso contra vítima homossexual. Valdez não especificou na sentença se a vítima seria o cozinheiro Marcelo Campos Barros, 35, morto após ser espacando durante a Parada Gay do ano passado.

A reportagem tentou entrar em contato com os advogados dos dois acusados, mas eles não foram localizados.

DANOS MORAIS

O consultor de negócios, Felipe Pereira de Freitas, 19, vítima da explosão que ocorreu na Parada Gay no ano passado, afirmou que ele e mais outras cinco pessoas que ficaram feridas irão entrar com um pedido de indenização por danos morais contra os sete indiciados.
"Nós não gostamos da sentença, a pena foi curta. É um grupo que está crescendo demais e por isso temos que tomar atitudes. Até sexta-feira vamos entrar com uma ação de danos morais no valor de R$ 700 mil", disse Freitas à Folha.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

IBGE: diminui desigualdade racial no acesso à educação


No Rio de Janeiro

As desigualdades raciais no acesso à educação e no rendimento diminuíram entre 1999 e 2009, apesar de continuarem elevadas, segundo mostra a Síntese de Indicadores Sociais divulgada na manhã de hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Enquanto 62,6% dos estudantes brancos de 18 a 24 anos cursavam o nível superior em 2009, o porcentual era de 28,2% para os pretos e 31,8% para os pardos, de acordo com a terminologia usada pelo instituto. Os dados apontam, entretanto, que houve forte expansão nesse indicador para todos os grupos. Em 1999, esses porcentuais eram de 33,4% para brancos, de 7,5% para pretos e de 8% entre os pardos.

Em relação à população de 25 anos ou mais com ensino superior concluído, houve crescimento na proporção de pretos (subiu de 2,3% em 1999 para 4,7% no ano passado) e pardos (passou de 2,3% para 5,3%). No mesmo período, o porcentual de brancos com diploma passou de 9,8% para 15%. Ainda segundo a pesquisa, a população branca de 15 anos ou mais tinha, em média, 8,4 anos de estudo em 2009, enquanto pretos e pardos tinham 6,7 anos.

A Síntese mostra que os rendimentos de pretos ou pardos também continuam inferiores aos de brancos, embora a diferença tenha diminuído nos últimos dez anos. Os rendimentos-hora de pretos e de pardos representavam, respectivamente, 47% e 49,6% do rendimento-hora de brancos em 1999, passando a 57,4% (para pretos e pardos) em 2009.

As desigualdades estão presentes também no analfabetismo. A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade era de 13,3% para pretos em 2009, de 13,4% para pardos e de 5,9% para brancos.

domingo, 12 de setembro de 2010

Preocupante!

Avança o neonazismo nos Estados Unidos

domingo, 12 de septiembre de 2010



A campanha desatada nos Estados Unidos contra o presidente Barack Obama está muito distante de ser apenas uma briga eleitoral.

A campanha é, na verdade, o reflexo do avanço do neonazismo, que sempre tem estado latente e que adquiriu no país do norte novos rumos a partir do ano 2000, quando George W. Bush chegou à Casa Branca.

A derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial e o desaparecimento físico de Hitler não significaram o desaparecimento do nazismo, mas sim implicaram na sua expansão através dos servidores públicos de diferentes níveis desse regime que encontraram acolhida em diversos países.

Figuras destacadas conseguiram passaportes com novas identidades, emitidos por respeitáveis instituições e governos. Assim, aqueles que haviam sido reconhecidos por suas investigações científicas ou seus avanços em matéria de armamentos encontraram refúgio nos países mais desenvolvidos do Ocidente e na União Soviética.

Outros, que eram perseguidos como criminosos de guerra, usaram como esconderijo países menos desenvolvidos, comprando sua proteção a um preço caríssimo.

A estes, então, somaram-se grupos que haviam chegado como colonos e que reproduziram seu modelo de organização nos lugares em que se instalaram.

Foram eficientes colaboradores das ditaduras na América Latina e contaram com o respaldo de figuras políticas nacionais e de grupos simpáticos ao nazismo.

Nos Estados Unidos o racismo surgiu junto com a colonização de seu território. Não só os nativos indígenas foram suas vítimas, também os negros, comprados ou sequestrados na África e levados na qualidade de escravos. O grupo mais representativo do que hoje equivaleria ao neonazismo é a Ku Klux Klan.


Obama e a supremacia branca
Transposos estes antecedentes à atualidade, encontramo-nos com um presidente como Barack Obama, que se encontra sitiado por uma oposição que assume as mesmas características do neonazismo.

Com Bush sentiam-se representados, combatiam ao muçulmanos, que haviam sido declarados os novos inimigos e que se somavam à lista de velhos inimigos: negros, latinos, judeus, socialistas e homossexuais.

O movimento neonazi do país do norte deriva do Partido Nazista criado nos anos vinte do século passado, que depois se misturou com a Free Society of Teutonia e formou o German-American Bund, que atingiu notoriedade nos anos 30 do século vinte quando Hitler e Mussolini estavam na cúspide do poder.

A derrota da Alemanha os descolocou e ester vieram a reaparecer em 1959 como Partido Nazista da América do Norte, dirigido por Lincoln Rockwell.

Na atualidade há vários grupos, o mais importante deles sendo o Aryan Nations, ao que o FBI considera uma ameaça terrorista e a Corporação Rand qualifica de "a primeira organização verdadeiramente terrorista". Mas foi a Aliança para a Supremacía Branca que declarou a guerra a Barack Obama desde que ganhou a nominação à presidência da república.

Neste período dois de seus membros foram detidos quando planejavam matar a 102 afroamericanos, dos quais 14 seriam decapitados.

No entanto, seu objetivo principal era matar Obama e, para fazê-lo, tinham planejado vestir-se de smoking branco e usar chapéus de copa.

Não se importavam morrer nesse empenho, mas foram detidos a tempo.

Sara Palin, Fox News e o Tea Party
A ofensiva atual contra o presidente estadounidense tem como figura principal a ex candidata republicana à vicepresidência da república, Sara Palin, e seu financiamento corre por conta da rede televisiva Fox News.
Esta empresa havia contratado Palin como "comentarista" política a um salário exorbitante.

Outro comentarista estrela desse canal televisivo é Glenn Beck, o mestre de cerimônias do recente meeting efetuado no mesmo lugar em que Martín Luther King pronunciara seu discurso "I have a dream" em defesa dos direitos civis dos negros.

Este ato, em que se acusou a Obama de socialista e de ser um "muçulmano que odeia os brancos", é considerado um ultraje à memora de Luther King e uma provocação.

Há outros grupos empresariais que contribuem com estas mobilizações e à criação de entidades que se opõem às políticas propostas por Obama e que têm conseguido convencer pelo menos 25 por cento dos estadunidenses de que seu presidente é muçulmano e não cristão. A Casa Branca teve inclusive de desmentir o fato.

Mas, a campanha segue, e em vardade trata-se de que a direita e a ultra direita estadounidenses consigam ganhar as próximas eleições parlamentares e atinjam a maioria na Câmara de Representantes, com a finalidade de impedir que se aprovem leis que afetem os interesses das grandes corporações.
Tudo isto vai gerando, ao mesmo tempo, mobilizações e leis estatais contra as minorias étnicas e os migrantes.

Paralelamente na rádio e na televisão há comentaristas que agridem tanto à população negra como aos latinoamericanos e agora aos muçulmanos nascidos nos Estados Unidos.

Este fustigamento aos muçulmanos tem originado episódios como o do médico que era objeto de discriminação e deboche, o que o levou a protagonizar um tiroteio na base militar onde prestava seus serviços.

Mas dos alcances que está registrando a atitude contra muçulmanos de nacionalidade estadounidense, a única preocupação expressada por alguma entidade de governo é a manifestada pela Agência Central de Inteligência.

A CIA teme que os acusem de exportar terroristas, porque ante esta situação há muçulmanos norte-americanos que se somaram aos de outros lugares na contramão de seu país natal.


O correlato europeu
E não é só nos Estados Unidos onde cresce o racismo, que por sua vez engrossa as filas do neonazismo.

Também na Europa se estão fortalecendo os grupos desse signo, enquanto os governos aplicam políticas xenófobas que afetam às minorias étnicas e religiosas. França e Itália vão à vanguarda.

Tanto os governos francês como o italiano têm endurecido suas leis contra os ciganos. O mesmo fez Hitler, que eliminou a milhares.

Sobre isto, há um vazio na própria União Européia que "reconhece" os ciganos como cidadãos, mas não lhes outorga direito a circular por todo seu território, também não lhes dá direito ao trabalho.

Para não ser menos, os ingleses anunciam que temem atos terroristas dos muçulmanos e tudo sucede justo quando a imprensa estadounidense adverte que se teme uma nova recessão e há dez bancos que poderiam falir nos próximos meses.

Provocar o racismo para ocultar outros problemas faz crescer ao neonazismo.


(*) A autora é jornalista chilena radicada em México e colaboradora da Prensa Latina



FONTE: prensa Chilena http://www.prensa-latina.cu/index.php?option=com_content&task=view&id=219979&Itemid=1

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Shaná Tová!