quarta-feira, 16 de abril de 2008

Neonazismo: aqui e em Israel

:Daniel Benjamin Barenbein *
A melhor expressão para definir este fenômeno é o que usou a esposa de um amigo meu não-judeu quando conversávamos em um encontro de ex-colegas de faculdade: “parece que esta praga não morre”.Não, não morre. Ela vive. Se transmuta, adquire novas formas, e às vezes volta nas antigas e clássicas mesmo.Nos últimos anos vimos a doença infestar o islamismo criando até o termo islamofascismo. Sempre o mesmo, só que com roupagem diferente: em vez de uma raça, uma religião superior, uma luta contra os valores ocidentais, contra a moral e a consciência, e uma cruzada e guerra mundial que não vê inocentes, não conta vítimas e que tudo pode, de homens-bomba a mísseis, passando por aviões-camicases.Mas como se não bastasse já nos dar esta tremenda dor de cabeça neste upgrade, o neonazismo resolveu adaptar a sua versão clássica aos tempos modernos: seja os neonazistas do time gaúcho do Grêmio, a Frank Weltner e seu odioso site Jew Watch (Vigiando os Judeus), que desastrosamente está entre os primeiros no site de procura Google, quando se digita a palavra “Jew” (uma das formas inglesas de se escrever judeu). Justamente para tentar reverter este quadro, é que o De Olho Na Mídia está com uma petição em seu site, pedindo que o Google procure reverter esta situação. Porém, uma coisa tínhamos como certeza absoluta. Temos um porto seguro. Um lugar onde isto não nos atinge: Israel. Agora, nem mais isso temos. Por incrível e absurdo que possa parecer, os neonazistas atacam agora também no Estado judeu.Como isso foi possível? Muito simples. Por conta de uma lei que é bonita na teoria, mas cheia de buracos na prática. Ao definir que até netos de judeus foram considerados pertencentes à “raça” e mortos por Hitler, I’S”, portanto, deveriam ser assim considerados para serem salvos pelo Estado judeu, uma encrenca do tamanho do mundo foi criada.Começando pelo fato de que entra em choque direto com a definição religiosa judaica de quem pertence a este povo. Nenhuma linha ou corrente religiosa aceita este padrão. Para o judaísmo, judeu é aquele que nasce filho de uma mãe judia ou passa por um processo de conversão.Segundo e mais importante em nosso caso: boa parte destas pessoas não tem vínculo algum com o judaísmo, interesse algum em ser visto como judeu, já perderam qualquer conexão com a religião.Porque vieram então? No caso mais grave de falha da "lei do retorno", centenas de milhares de russos não-judeus entraram em Israel para escapar da miséria russa e receber benefícios no novo país, as vezes para isso até forjando documentos e/ou conversões ao judaísmo.Com isto, além de trazerem drogas, prostituição, máfia, crimes, entre outras coisas que poderíamos mencionar, e não se enquadrarem como judeus (dos cerca de 1,2 milhões de imigrantes russos, cerca de 300.000 não se consideram abertamente judeus, bairros cristãos inteiros se vêem nas regiões em que vivem russos e etc.), também conseguiram a proeza de importar neonazismo.Mas a culpa é nossa, não deles. Eles fizeram o seu papel. Nós deixamos isso acontecer e contrariamos mais uma vez uma lei da Torá, achando que poderíamos contar uma “coisinha aqui e ali”, e estamos pagando um preço muito alto por isso. O neonazismo em todas as suas formas. Para completar, estupefato hoje leio que o presidente norte-americano George Bush disse que não vai apoiar a lei que tramita no Congresso para reconhecer o genocídio perpetrado pelos turcos contra os armênios no começo do século para não desagradar os aliados turcos no Oriente Médio. Que triste dia este. Em que por fatores políticos, por interesses momentâneos, por alinhamentos e convenções, se está disposto a fazer revisão da história. E quem nega um genocídio, pode negar todos, inclusive o Holocausto.A sombra do mal está a espreita, cada vez avançando mais e mais e encobrindo a luz da bondade e da fraternidade. Vamos ficar de braços cruzados ou vamos agir? A decisão começa com você leitor. Uma pessoa é um mundo. E o mundo está em perigo. Você e só você pode salvá-lo. Haja, antes que seja tarde demais.

* Daniel Benjamin Barenbein é jornalista, trabalha no site de combate a distorção na imprensa, "De Olho na Mídia" (www.deolhonamidia.org.br). É coordenador do movimento juvenil Betar de SP e exerce voluntariamente cargos de Hasbará na Organização Sionista de São Paulo, Espaço K e Aish Brasil, e orador nas sinagogas Beit Menachem e Kehilat Achim Tiferet. É sheliach da comunidade de Belém do Pará. Possui um livro publicado na internet sobre neonazismo digital: www.varsovia.jor.br

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