segunda-feira, 18 de agosto de 2008

ONU cobra empenho da Rússia contra racismo e neonazismo

Reuters/Brasil Online
Por Robert Evans

GENEBRA (Reuters) - Uma importante comissão da Organização das Nações Unidas manifestou na segunda-feira alarme contra a crescente violência racial na Rússia, e pediu ao país mais empenho contra grupos ultranacionalistas e neonazistas e contra a retórica do ódio na imprensa.
O Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial também pediu ao governo que investigue a repressão contra georgianos registrada em 2006 na Rússia.

O comitê se disse "gravemente preocupado com o aumento alarmante na incidência e gravidade da violência racialmente motivada, especialmente por parte de jovens pertencentes a grupos extremistas."
Os alvos do discurso e dos atos de violência são principalmente chechenos, mas também outros povos do Cáucaso e Ásia Central, ciganos, turcos, judeus, muçulmanos e africanos.
O relatório é resultado de discussões dos 18 integrantes da comissão com uma delegação russa e com grupos de direitos humanos do país, ocorrida neste mês.
Ativistas de direitos humanos disseram durante as audiências que a polícia costumava se omitir quando grupos de "skinheads" e neonazistas realizavam manifestações contra judeus, minorias étnicas e estrangeiros.

O comitê pediu uma "profunda investigação" sobre fatos que em 2006 a Geórgia disse refletir o racismo contra seus cidadãos. De acordo com relatos citados pela comissão, a polícia russa teria detido centenas de georgianos, inclusive alguns com cidadania russa, para em seguida mantê-los em prisões lotadas ou deportá-los com pouca ou nenhuma garantia jurídica.
A análise do caso ocorreu antes do início do atual conflito armado entre Geórgia e Rússia neste mês, por causa do controle da Ossétia do Sul.
O texto diz também que tribunais de toda a Rússia vêm determinando a destruição de tradicionais assentamentos ciganos e ordenando que crianças desse grupo sejam colocadas em classes especiais.

A comissão pede que a Rússia aja contra policiais e outras autoridades envolvidas em "prisões racialmente seletivas, revistas e outros atos injustificados" com base na aparência das pessoas.
O comitê afirma que o governo tenta combater a incitação ao ódio racial e religioso na imprensa e, em menor medida, por parte de partidos e políticos. Mas afirma que nos últimos tempos esse tipo de manifestação - tanto na mídia quanto na política - ganhou espaço.

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