sexta-feira, 30 de julho de 2010

Suposto agente nazista é acusado por 430 mil homicídios no Holocausto

Fonte: O Globo - ‎29/07/2010‎

BERLIM - Promotores alemães acusaram formalmente um suposto agente nazista de ter colaborado com a morte de 430 mil judeus no Holocausto, além de balear outros dez.


Promotores estaduais na cidade de Dortmund (oeste) disseram nesta quinta-feira que foram formalizadas acusações contra Samuel Kunz, de 88 anos, que teria trabalhado no campo de extermínio de Belzec, perto da cidade polonesa de Lublin, entre janeiro de 1942 e julho de 1943.

Kunz também é acusado de ter baleado dez judeus em outros incidentes, segundo Christoph Goeke, porta-voz da promotoria.

Como Kunz tinha menos de 21 anos no começo do período sob investigação, o julgamento provavelmente será realizado no juizado de menores de um tribunal da vizinha Bonn, segundo os promotores. Não há data marcada para o julgamento.

O caso de Kunz veio à tona durante investigações a respeito de John Demjanjuk, julgado no ano passado em Munique por ter colaborado com a morte de 27,9 mil judeus durante o Holocausto.

Como Demjanjuk, que é de origem ucraniana, Kunz nasceu no que viria se tornar a União Soviética e serviu no Exército Vermelho. Tornou-se guarda do campo de extermínio depois de ser capturado pelos alemães, de acordo com os promotores.

Ele era o número três na lista de criminosos nazistas mais procurados pelo Centro Simon Wiesenthal. Efraim Zuroff, diretor dessa entidade, disse que o indiciamento de Kunz mostra que autores de atrocidades ainda podem ser levados à Justiça.

- Temos uma obrigação para com as vítimas do Holocausto de processar as pessoas que as transformaram em vítimas. E Kunz é uma dessas pessoas - disse Zuroff.

Aparentemente, Kunz permaneceu incógnito até recentemente, porque não era oficial militar - o foco anterior dos investigadores alemães, segundo Zuroff, que acaba de lançar um livro sobre o tema.

- Ele estava totalmente abaixo da tela do radar na Alemanha. A boa notícia é que os promotores se tornaram mais proativos - afirmou Zuroff, que explicou que, depois da guerra, Kunz se tornou servidor público.

Belzeec foi um dos campos criados para a Operação Reinhard, uma das fases mais cruéis do assassinato em massa de judeus.

O julgamento de Kunz pode ajudar a esclarecer o que ocorreu em Belzec. Os fatos permanecem relativamente obscuros porque pouca gente sobreviveu aos campos usados na Operação Reinhard, segundo Zuroff.

- O único propósito dos campos era o extermínio. Para qualquer um que chegasse lá de manhã, era 99,9% de certeza de que estaria morto à noite - disse.

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