sábado, 29 de janeiro de 2011

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Falece antropóloga brasileira - Fundadora da ABOI

Ontem, 24 de janeiro de 2011, faleceu Rita Amaral, antropóloga, pesquisadora e  orientadora do Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo, doutora em Antropologia Social pela USP e pós-doutorada em Etnologia Afro-Brasileira pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. Estudou festas, estilos de vida, religiões de influência africana e fez parte da equipe de pesquisa de Reginaldo Prandi, que estudou pela primeira vez o candomblé de São Paulo.
A obra antropológica de Rita abarcou ainda a organização do grupo de estudos Urbanitas, focado na antropologia urbana. Integrou a Coordenação do Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo [www.n-a-u.org], do qual foi membro desde 1988, e onde foi Editora-chefa da revista PontoUrbe - Revista do Núcleo de Antropologia Urbana da USP [www.pontourbe.net]. Foi, também, organizadora e editora independente da revista de Antropologia Urbana "Os Urbanitas" [www.osurbanitas.org], do website Os Urbanitas [www.aguaforte.com/antropologia] e do blog de mesmo nome [www.osurbanitas.blogspot.com].
Portadora de osteogênese imperfeita, foi pioneira no movimento de conscientização sobre a doença no Brasil, traduzindo textos, auxiliando na formação de médicos e lutando pela melhoria da qualidade de vida dos portadores de deficiência física. Nesse sentido, fundou, há 11 anos a Associação Brasileira de Osteogênese Imperfeita – ABOI, na qual exercia mandato de presidente.
Rita era uma pessoa doce; sagaz; acolhedora; ligada em todo tipo de arte; e dona de uma força de vontade ímpar. Seus amigos e demais portadores sabiam que podiam contar com ela para ser apoiados e orientados. A criança que tinha ânsia de saber, a jovem que tocava violão e a grande mestre em antropologia conviviam numa única pessoa, formando uma grande personalidade.
Rita de Cássia de Mello Peixoto Amaral nasceu em18 de fevereiro de 1958 em São Paulo e faleceu em São Paulo24 de janeiro de 2011, de complicações respiratórias.



Rita, ter conhecido vc fez um tudo de bom na minha vida!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Facebook: meta-Estado ou negócio?


Há muito exagero sobre as coisas ‘web’. Facebook diz que tem mais de 500 milhões de membros registados e um milhar de milhão de unidades de conteúdos transaccionados por dia.
Sabe-se que grandes números têm o poder de impressionar. Facebook é um dos maiores países do mundo, com regras próprias, disse Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, repetindo um truísmo que fora dito numa conferência em Lisboa dias antes. Na minha modesta opinião, é uma observação ultrapassada. Há mais de uma década falava-se de "meta-estados" e de "ciber-cidadãos". Eram suposições que não foram validadas pelo tempo e por estudos que, por revelarem factos menos bombásticos, são ignorados.
Claro, Facebook tem regras de prestação do serviço. Os utilizadores prometem cumprir um determinado número de condições ('terms of service'). Isto não faz de Facebook um Estado ou país. Esta promessa é vigiada. Facebook tem um menos conhecido ‘hate and harassment team', uma equipa que censura diariamente milhares mensagens que violam as condições do serviço. Estas proíbem incitamento ao ódio, à perseguição, à violência ou a actos ilegais. Ou seja, Facebook conforma a utilização do serviço com as leis dos verdadeiros estados. A página utilizada por Wikileaks para organizar os ataques a PayPal e MasterCard foi retirada. Mas Facebook permite páginas de negação do Holocausto ou de ódio ao Islão. Por isso há quem exagere, como Jeffrey Rosen, professor de Direito em Georgetown citado pelo "New York Times", que Facebook tem mais poder em todo o mundo que qualquer rei ou presidente quanto a quem tem direito à livre expressão. Na realidade, trata-se do poder do conformismo com a lei e a ordem. Não há lugar a subversão. O imperativo comercial comanda.
Quando há 30 anos, na era pré-Internet, falhou o serviço videotex Viewtron, ficou a saber-se que os consumidores não querem mais informação, nem interacção com uma máquina, mas sim comunicar uns com os outros. Nos EUA, Facebook já ultrapassou Google em utilizadores. Facebook e outros negócios de comunicação em rede foram fundados no conhecimento desta necessidade social. Disponibilizam a tecnologia que permite realizar essa interacção facilmente, de modo barato e em larga escala. Depois, pensou-se que as redes sociais ‘online' ampliam o círculo de "amigos" porque as pessoas aceitam colocar na ‘web' um conjunto de informação pessoal antes mantida em pequeno círculo. Agora sabe-se que o círculo de verdadeiros "amigos" ‘online' é o mesmo que ‘offline', mas esta noção esbateu-se porque o digital encerra a possibilidade de ampliar infinitamente o círculo. Depois, descobriu-se que as pessoas gostam das redes sociais porque são o meio ideal para exibicionismo e para ver fotos de miúdas em ‘bikini'. E agora, Facebook acaba de modificar o serviço para permitir ainda maior entretenimento. Mark Zuckerberg, co-fundador e CEO, diz que o objectivo de Facebook é fazer do mundo um lugar melhor. Mas, de facto, as redes sociais não são mais que um negócio de venda de espaço publicitário num ‘medium' de entretenimento ‘online', que actua em múltiplos mercados, cujos conteúdos audiovisuais são (gratuitamente) fornecidos pelos próprios utilizadores, em círculos mais ou menos fechados, de acordo com termos de utilização que respeitam a lei e os costumes. Ponto final.
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Nuno Cintra Torres
nuno@cintra-torres.eu

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Segredos




Todas as famílias possuem segredos, mas algumas famílias guardam seus segredos à sua maneira. O filme de Francis Ford Coppola , Tetro revela a busca de dois irmãos por si mesmos. O mais velho, Ângelo (Vincent Gallo), que se autodenomina Tetro (retirado do sobrenome Tetroccini), deseja fugir destes tão bem guardados segredos de família, o mais novo, Bennie (Alden Ehrenreich), foge para os revelar. Um filme que mexe com luz e sombra, com intensidade, e que traz a quem assisti a possibilidade de se deparar com emoções tão densas quanto significativas: a busca de todos nós, por fim, é sempre pelo afeto de quem amamos.

Tetro é um escritor frustado, que  guarda de todos os moradores de La Boca a identidade de seu pai. Quando é visitado por seu irmão (!!!) , é posto diante da necessidade de enfrentar seu passado. Aos poucos, a dor dos personagens e a densidade da narrativa vai tecendo uma trama maravilhosa, e como se passa em Buenos Aires, há drama em cada pedaço de paralelepípedo das ruas da Boca.