quarta-feira, 11 de junho de 2008

Gangues de SP mudam visual para despistar polícia

Gangues que atuam na região central mudam cabelo e roupa para evitar prisões.Família só chega a saber quando filho é preso ou espancado, diz delegada.

A prisão de três jovens no centro da cidade revelou um novo perfil das gangues de skinheads. Para fugir da polícia eles mudaram de estilo e abandonaram as cabeças raspadas. Três rapazes são acusados de espancar brutalmente um policial.

Era madrugada de domingo (8) quando cinco rapazes agrediram e xingaram um homem que passava pela calçada com uma amiga. A moça correu pra pedir ajuda. O rapaz agredido não quis gravar entrevista, mas confirmou que foi vítima de racismo. Apanhou por ser negro.

O PM à paisana tentou separar, mas acabou espancado. Testemunhas disseram que um dos integrantes da gangue pulou sobre a cabeça do policial. A selvageria só terminou com a chegada de mais policiais. O cabo da PM que tentou ajudar foi internado com o rosto desfigurado. " Ele ficou irreconhecível."

Uma mulher voltava para a casa depois do trabalho e presenciou a agressão em frente ao ponto de ônibus. "Diz que bateram muito no policial, chutavam a cabeça dele. Eram quatro. Quem estava no ponto não sabia o que fazer. Fiquei muito assustada. Os skinheads estavam foram de si", disse ela. O manobrista também disse que os skinheads estavam exaltados. "Eles subiram brigando com um e desceram brigando com outro. falavam: "Aqui é skinhead."

Dois dos rapazes presos já haviam sido presos em novembro do ano passado, com soco inglês e um livro, chamado de “bíblia dos skinheads. Segundo a polícia, essas gangues se concentram próximo ao metrô Santa Cruz, na Avenida Paulista, nos Jardins e principalmente na rua Augusta. Durante o dia a rua Augusta é mais um ponto comercial no centro da cidade. À noite, as portas dos bares são abertas e são esses lugares que os skinheades freqüentam de quinta à domingo.

Quem mora ou trabalha na região diz que as confusões são freqüentes. E elas acontecem quando os skinheads se encontram com nordestinos, homossexuais ou gangues rivais como os punks. "Tá acontecendo direto, todo fim de semana, eles chegam batendo, não querem saber se as pessoas têm família, eles querem é brigar", disse um observador. Numa página de relacionamentos na internet, várias gangues de São Paulo criaram comunidades onde divulgam a filosofia da intolerância. Numa delas, um jovem de Santo André pede para fazer parte da gangue, diz que é careca e que sabe brigar. A polícia investiga 20 gangues de punks e skinheads.

A delegada responsável pelo trabalho diz que os integrantes das gangues deixaram de raspar a cabeça ou usar roupas que facilitem a identificação. E nem as famílias costumam desconfiar do envolvimento dos filhos com estes grupos. "A família só chega a saber quando o filho é preso ou espancado por um desses grupos. Por isso os pais devem ficar atentos", diz a delegada Margarete Corrêa Barreto. A Polícia Militar informou que vai ampliar o policiamento nas regiões onde as gangues se concentram.

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