quinta-feira, 29 de março de 2007

de Susan Zickmund...


A Internet tem transformado a natureza de comunidade e de identidade dentro dos EUA. Junto com outros grupos, esta nova mídia vem afetando a forma das organizações subversivas. Os indivíduos que propagam ideologias nazistas tradicionalmente operavam isolados, com poucas ligações estruturais maiores. Mas com o advento do correio eletrônico e do acesso às páginas da internet, esses subversivos estão agora descobrindo meios de propagar suas mensagens além dos limites estreitos de suas ligações pré-estabelecidas.

A literatura subversiva é uma forma de articulação do discurso de uma comunidade, expressando sua consciência histórica e sua identificação cultural. Baseado neste conhecimento histórico e cultural, desenvolve-se uma Weltanschauung argumentativa, que vem promovendo uma retórica da antipatia e que dá suporte às facetas (aos símbolos) únicas do radicalismo americano. Os indivíduos que propagam estes discursos unificam-se em estruturas de uma mesma ideologia subversiva. Eles são 'interpelados', um fenômeno que Althusser define como o processo discursivo de chamar um coletivo de indivíduos a formar um grupo através de uma tela de projeção ideológica. Esta interpelação ideológica torna-se mais importante quando se examina a cultura subversiva no ciberespaço. Essas ciberculturas não têm o que Heidegger define como 'cotidianidade' da vida, que é requerida para criar das Man, ou as estruturas mais abrangentes da sociedade que, por vezes, moldam a percepção individual de estar no mundo.

Approaching the radical other: the discursive culture of cyberhate. In David Bell & Barbara Kennedy (orgs.): The cybercultures reader. Londres: Routledge, 2000, p. 237-256. Susan Zickmund era, na época de redação do artigo, professora-visitante do Depto. de Medicina Interna da Universidade de Iowa.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Fontes: cibercultura e Francisco Rüdiger

Textos, ensaios e artigos aqui. Muito material nesta URL.

domingo, 25 de março de 2007

quinta-feira, 22 de março de 2007

Evans-Pritchard

"Eu não tinha interesse por bruxaria quando fui para
a terra zande, mas os Azande tinham, de forma que tive de me deixar guiar por eles".

O primeiro capítulo de Social Anthropology and Other Essays. E. E. Evans­Pritchard. Free Press. New York. 1966, aqui.


Cf. Evans-Pritchard, E.E.: Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande, p.300.

terça-feira, 20 de março de 2007

Bourdieu, habitus


etnografia virtual

A primeira questão com a qual me deparei na etnografia do virtual foi a dificuldade de tecer "limites": se há por um lado, uma "cultura digital", ou seja, "um conjunto etnográfico que, do ponto de vista da pesquisa, apresenta, com relação a outros, afastamentos significativos" (LEVI-STRAUSS: 1976), há por outro lado, o fato de que a digitalização é um artefato cultural. Assumir a Internet como produto tecnológico, artefato cultural capaz de gerar e gerir outros artefatos culturais, como o discurso racista analisado no presente texto, e ao mesmo tempo de emoldurar uma linguagem e um sistema de relações específico, implica, um pouco mais que dar conta da dupla dimensão do ciberespaço: simultaneamente cultura e como artefato cultural.

quinta-feira, 15 de março de 2007

do Edda...

Estive assim, dependurado de cabeça pra baixo naquela árvore sem princípio nem fim. Ali onde o vento açoita e assobia, enlouquecendo almas. Durante nove noites, negras e tenebrosas, ferido por minha espada, derramei meu cálice de sangue por Odin, oferecendo-me como uma oferenda única.
Amarrado e ferido, fiquei olhando raízes. Raízes que se perdem nas profundezas da Terra, afundam no seio da Mãe e com ela se fundem. Ninguém de comer me deu, nem de beber, nenhum conforto. Comtemplei o mais fundo abismo, onde o purgatório termina e começa o inferno.
Então vi!!!.... Estavam ali flutuando no ar, como frutos, como sementes da Árvore da Vida. Agarrei essas sementes marcadas com símbolos desconhecidos e as comi. Esperei a Morte amiga trazer consolo. Mas em vez disso, as pedras falaram comigo. Revelaram segredos do Antes, do Agora, do Dia longínqüo, ainda por vir... Quanta sabedoria emanava dali!
Saltando de pedra em pedra, conheci a Árvore do Mundo nas runas de Odín no Yggdrasil.

Isabel Aguirre Escreveu esse conto baseando-se na tradução para o castelhano do norueguês antigo de Las Edda en verso (c.1200 dC).

segunda-feira, 12 de março de 2007

reflexões


"Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro


Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário


Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável


Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei


Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo".

(Bertolt Brecht)

domingo, 11 de março de 2007

Acerca do habitus em Bourdieu...

É pertinente observar que Tomás de Aquino, em seu Comentário ao Livro V da Ética a Nicómaco, de Aristóteles, traduz a idéia de héxis para o conceito de habitus em latim. Provavelmente construiu essa conceituação em fontes diversas, porque não lia grego. O texto de Aquino que introduz o conceito escolástico de habitus é:
Respondeo dicendum quod, sicut supra dictum est, habitus non diversificantur nisi ex hoc quod variat speciem actus, omnes enim actus unius speciei ad eundem habitum pertinent. Cum autem species actus ex obiecto sumatur secundum formalem rationem ipsius, necesse est quod idem specie sit actus qui fertur in rationem obiecti, et qui fertur in obiectum sub tali ratione, sicut est eadem specie visio qua videtur lumen, et qua videtur color secundum luminis rationem...
Uma tradução possível seria algo como: Respondo dizendo que, como foi dito acima, os hábitos não se diversificam a não ser que mude o tipo de ação, de fato, todas as ações da mesma espécie pertencem ao mesmo hábito. Sendo que a espécie da ação deriva do objeto segundo sua razão formal, é necessário que a ação seja da mesma espécie que se liga à razão do objeto, e que se ligue ao objeto sob tal razão, como é da mesma espécie a vista pela qual se vê a luz e pela qual se ver a cor dependendo da razão da luz. Estas .ações da mesma espécie. compõem a héxis descrita por Aristóteles como uma .disposição prática., permanente e costumeira, automática, e muito provavelmente desapercebida, pertencente a um plano ontogenético. Acerca da disposição argumentada por Aristóteles, cf. ARISTÓTELES Ética a Nicômaco. São Paulo, Edipro, 2002, p. 135. Bourdieu localiza no conceito de habitus o .primado da razão prática., .uma disposição incorporada, quase postural... o lado ativo do conhecimento prático que a tradição materialista, sobretudo com a teoria do reflexo tinha abandonado.. (BOURDIEU, P. Ibid, p. 61). Em A Dominação masculina, a construção do habitus é explicada por Bourdieu da seguinte forma: o .... produto de um trabalho social de nominação e de inculcação ao término do qual uma identidade social instituída por uma dessas ’linhas de demarcação mística’, conhecidas e reconhecidas por todos, que o mundo social desenha, inscreve-se em uma natureza biológica e se torna um habitus, lei social incorporada". Cf. BOURDIEU, P. A Dominação Masculina Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2003, p 64.

Um excelente texto acerca do habitus é de Esclarecer o Habitus, de Loïc Wacquant, disponível aqui.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Mais fontes: Pierre Bourdieu

Pierre Bourdieu et le champ médiatique : repères bibliographiques, aqui. Uma lista de artigos e outras fontes nesta URL.

uma citação: “O pensamento em termos de campo demanda uma conversão de toda a visão ordinária do mundo social, que se ocupa exclusivamente das coisas visíveis: do indivíduo (...)ao qual nos liga uma espécie de interesse ideológico primordial; do grupo, que só aparentemente é definido exclusivamente pelas relações, temporárias ou duradouras, informais ou institucionais, entre seus membros; enfim, das relações entendidas como interações (...) É a estrutura das relações constitutivas do espaço do campo que comanda a forma que as relações visíveis de interação podem revestir e o próprio conteúdo da experiência que os agentes podem ter.”

Bourdieu, Pierre. Lições da Aula. Ática, São Paulo,1995. p. 45

Na casa de meu pai

O livro de Kwame Anthony Appiah, é fonte de considerações imporantes acerca do racismo. Veja uma síntese aqui. Uma entrevista está siponível na rede nesta url. Outros links interessates, inclusive entrevistas em áudio podem ser acessadas aqui.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Etnografia Virtual na UNED

Um trecho do debate com Christine Hine:
Há algum elemento distintivo na etnografia virtual? Ou a etnografa virtual é unicamente a mesma etnografia clássica com um novo objeto de estudo: Internet. Christine Hine deixou no ar estas perguntas depois de finalizar sua conferência magistral organizada pelo grupo de trabalho do OCS ‘Etnografias do digital’/EtnoVirtual (http://www.uned.es/etnovirtual) e dentro do programa do III congresso do OCS. Professora da Universidade de Surrey (Gran Bretanha), Christine Hine é uma das investigadoras mais reconhecidas no âmbito dos estudos de Internet, concretamente no âmbito da etnografia. Com o título de ‘Virtual Ethnography: directions and connections’, Hine fez uma apresentação da investigação que realizou durante os últimos três anos. Uma etnografia que parte do Museu de História Natural de Londres, para seguir, através de conexões heterogêneas, as práticas de classificação e digitalização que realizam os botânicos e responsáveis domuseu. Sua obra publicada no ano 2000, ‘Virtual Ethnography’ (Sage, traduzido ao espanhol, ‘Etnografía virtual’, UOC, 2004], constitue uma referência para o estudo social e antropológico da Internet. Recentemente editou um novo livro, intitulado Virtual Methods: Issues in Social Research on the Internet’ (Oxford, 2005) no qual propõe diferentes aproximações metodológicas para o estudo qualitativo da Internet. E no ano que vem aparecerão dois novos trabalhos, um artigo no Journal of Computer Mediated Communication (JCMC) intitulado ‘Connective ethnography for the exploration of e-science y um volume editado por MIT Press com o título ‘Systematics as cyberscience: computers, change and continuity in science’.

Há algum elemento distintivo na etnografia virtual? Ou a etnografa virtual é unicamente a mesma etnografia clássica com um novo objeto de estudo: Internet. Christine Hine deixou no ar estas perguntas depois de finalizar sua conferência magistral organizada pelo grupo de trabalho do OCS ‘Etnografias do digital’/EtnoVirtual.

quinta-feira, 1 de março de 2007

Gilles Deleuze

Um roteiro de fontes:
Um dossiê digital aqui. A webdeleuze também é repleta de textos. Estudiosos do autor disponibilizaram farto material nesta URL.