sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A nuvem inteligente

Terça-feira, Setembro 23, 2008 9/23/2008 07:00:00 PM Publicado por: Alfred Spector, vice-presidente de engenharia, e Franz Och, cientista de pesquisa

Do Google Blog

A Internet tem causado um enorme impacto na vida das pessoas de todo o mundo nos dez anos desde a fundação da Google. Ela mudou a política, o entretenimento, a cultura, os negócios, a assistência médica, o meio-ambiente e quase todos os tópicos que você pode imaginar. O que nos leva a pensar, o que vai acontecer nos próximos dez anos? Como esta tecnologia fenomenal vai evoluir, como nos adaptaremos e (mais importante) como ela vai se adaptar a nós? Fizemos esta pergunta a dez de nossos maiores especialistas, e nas próximas três semanas apresentaremos suas respostas. Como o cientista de computação Alan Kay celebremente observou, a melhor maneira de predizer o futuro é inventá-lo, assim, faremos o máximo para sustentar as palavras de nossos especialistas a cada dia. (Karen Wickre e Alan Eagle, editores da série)

Nos próximos anos, as capacidades de processamento, armazenamento e uso da web dos computadores vão continuar a subir seguindo a mesma íngreme curva exponencial que têm seguido nas últimas décadas. Em 2019, os clusters de computadores de processamento paralelo serão 50 a 100 vezes mais potentes em muitos aspectos. Os programas de computador, a maioria deles baseados na web, vão evoluir para aproveitar esta força recém-encontrada, e o uso da Internet também vai crescer: mais pessoas on-line, fazendo mais coisas, usando aplicações mais avançadas e de maior resposta. Usando qualquer sistema de medição, veremos que a "nuvem" de recursos computacionais de dados e conteúdo online vai crescer de modo rápido e ainda por muito tempo.

Como já estamos vendo, as pessoas vão interagir com a nuvem usando uma superabundância de dispositivos: computadores, telefones móveis e PDAs, e jogos. Mas também veremos um acúmulo de novos dispositivos personalizados para aplicações específicas, e mais sensores e acionadores ambientais, todos enviando e recebendo dados por meio da nuvem. O número crescente e a diversidade de interações não vão apenas dirigir mais informações para a nuvem, mas vão também fornecer informações valiosas sobre como as pessoas e os sistemas pensam e reagem.

Assim, os sistemas de computador terão mais oportunidades de aprender a partir do comportamento coletivo de bilhões de humanos. Eles vão ficar mais inteligentes, juntando relacionamentos entre objetos, nuances, intenções, significados e outras informações profundamente conceituais. Atualmente a busca da Google usa uma forma precoce desta abordagem, mas no futuro muitos outros sistemas poderão se beneficiar com ele.

O que isso significa para a Google? Para começar, uma busca ainda melhor. Poderemos treinar nossos sistemas para discernir não somente os caracteres ou colocar nomes em um vídeo do You Tube ou um livro, por exemplo, mas também reconhecer o enredo ou o simbolismo. O resultado em potencial seria uma espécie de busca conceitual: "Encontre uma história com uma cena de perseguição emocionante e um final feliz". Na medida em que os sistemas possam aprender a partir de interações em um nível individual, eles poderão fornecer resultados personalizados às necessidades situacionais de um indivíduo: onde estão localizados, que hora do dia é, o que estão fazendo. E sistemas de tradução e multimodais também serão viáveis, de modo que pessoas falando uma língua poderão interagir sem interferências com pessoas e informações em outras línguas.

O impacto de tais sistemas irão bem além da Google. Pesquisadores de diferentes campos médicos e científicos poderão acessar conjuntos de dados maciços e conduzir análises e algoritmos de detecção de padrões que não são possíveis atualmente. O proposto Grande Telescópio de Pesquisa Sinóptica (Large Synoptic Survey Telescope - LSST), por exemplo, poderá gerar mais de 15 terabites de novos dados por dia! Virtualmente cada campo de pesquisa se beneficiará com sistemas com a capacidade de coletar, manipular e aprender com conjuntos de dados nesta escala.

Tradicionalmente, os sistemas que resolvem problemas e dúvidas complicadas são chamados de "inteligentes", mas em comparação com abordagens anteriores no campo de 'inteligência artificial', o caminho que prevemos tem novos elementos importantes. Antes de mais nada, este sistema vai operar em uma enorme escala com uma potência computacional sem precedentes de milhões de computadores. Ele será usado por bilhões de pessoas a partir de um agregado de potencialmente trilhões de interações significativas por dia. Ele terá engenharia interativa, baseada em um circuito de realimentação de mudanças, avaliação e ajustes rápidos. E ele será construído com base nas necessidades de resolução e aprimoramento de tarefas concretas e úteis como encontrar informações, responder perguntas, realizar diálogos falados, traduzir texto e fala, entender imagens e vídeos, e outras tarefas ainda não identificadas. Quando combinado com a criatividade, conhecimento e a energia inerente às pessoas, esta "nuvem inteligente" vai gerar muitos benefícios surpreendentes e significativos para a humanidade.

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