sábado, 21 de novembro de 2009

A INVENÇÃO DA “CIBERCULTURA”




INTRODUÇÃO
Com o advento das denominadas “novas tecnologias”, em especial o desenvolvimento da internet, surgiram novas e interessantes discussões nas Ciências Sociais. Para a Antropologia, essa renovação exigiu refletir a respeito de temas caros à disciplina, como o papel do trabalho de campo, a escrita etnográfica e a relação com os informantes. Em meus textos anteriores (DIAS, 2005, 2007 e 2008), refleti a respeito dessas questões, e no presente artigo pretendo pensar, primeiramente, como a denominada WEB 2.0, com suas novas implicações para a sociabilidade e a comunicação, oferecem à discussão antropológica temas interessantes para sua interlocução. Para tanto, abordarei os ambientes da WEB demarcados pela folksonomia[1]. Na segunda parte do texto a discussão a respeito da WEB 2.0 dialogará com aspectos políticos da mesma, em especial ao discurso, muito freqüente, a respeito de como WEB 2.0 estaria se reinventando, a partir dessas novas transformações. Neste discurso a “nova fase” da Internet é, repetidamente, definida como “democrática”. E ainda, como espaço do “novo mundo”, de “nativos digitais”. A presente proposta apresenta uma contribuição à discussão da investigação antropológica na Internet, centrada na discussão nesta “definitiva democratização da rede”, presente na grande maioria dos discursos acerca da WEB, partindo de uma leitura de Foucault e Arendt, Esta servirá, ainda, para pensar a dialética entre o indivíduo e o mundo social, e sua análise pode contribuir para pensar a relação entre invenção e convenção, inovação e controle, significado e contexto de identidades online.
Palavras chaves: cibercultura, etnografia no virtual, teoria antropológica

A INVENÇÃO DA CIBERCULTURA
Com o advento das novas tecnologias, em especial o desenvolvimento da internet, surgiram novas e interessantes discussões nas Ciências Sociais. Para a Antropologia, essa renovação exigiu refletir a respeito de temas caros à disciplina, como o papel do trabalho de campo, a escrita etnográfica e a relação com os informantes. Novas pesquisas apontaram as potencialidades e limites do trabalho de campo no virtual, se debateu a respeito da escrita etnográfica on-line[2] e se apresentaram questionamentos importantes a respeito das peculiaridades dos “informantes internautas”. A discussão acerca deste temas, acredito, trouxe importantes reflexões para a teoria antropológica[3], mas a pouca abordagem dada à idéia de “cibercultura”, e a precária problematização deste termo começaram a me incomodar. Deste incômodo nasce o presente ensaio.
Virginia R. Domingues escreveu, em Invoking Culture: The Messy Side of Cultural Politics, que a apreensão do real sentido da palavra cultura, quando “invocada para descrever, analisar, discutir, justificar e teorizar”, surge da compreensão daquilo “que está sendo cumprido socialmente, politicamente, discursivamente” (1992, p. 21). Com a ascensão das novas tecnologias, em especial, das novas formas de sociabilidade e comunicação mediadas por computador, convencionou-se no inscrever do termo “cibercultura”, a descrição de um universo simbólico que equipam pessoas, discursos e práticas. A idéia de “cibercultura” descreve um “novo tempo” e segundo o discurso de muitos autores “um novo mundo”. Nesta descrição de “cibercultura” impõem-se a necessidade de “estar conectado”. Não possuir um e-mail, um twitter ou um blog tornou-se quase um oitavo pecado capital. Na agenda social dos ditos “modernos” a conectividade cumpre um papel de destaque: políticos, pensadores, artistas, celebridades de quinze minutos ou de anos, todos eles disputam espaço na rede.
O termo “Cibercultura” é, ainda, utilizado para diferenciar representações e reivindicações das produções humanas no denominado “ciberespaço”. A experiência humana, circunscrita socialmente na Internet, é que molda o que se convencionou chamar de “cibercultura”, e da mesma forma que o termo “cultura“, nos parece que tem servido de garantia de legitimidade para reivindicação de uma diferença, imbuindo indivíduos, idéias e valores, num ambiente de identidade (SAPIR, 1924, p.421). A identidade virtual é transformada pelo discurso do meio digital numa necessidade de primeira grandeza.
No termo “cibercultura”, se objetivou uma experiência, uma essencialização e uma invenção. O termo “cibercultura” se torna um modo de objetivação, quando se utiliza do mesmo para descrever as práticas e os discursos, esses mesmos entendidos como práticas, que compõem a produção humana hipermediada: descrevem-se blogs, softwares, linguagens de programação, webzines, entre outros números elementos como constituintes de uma produção cyber cultural. Quando Christine Hine (2005) localiza a bidimensionalidade da Internet como artefato cultural e produtora de cultura. É nesta segunda dimensão que podemos observar a dita “a cibercultura” e tudo que a ela se refere como agenda, quer social, cultural ou simbólica.
Em segundo lugar, é uma objetivação da experiência, porque inscreve no modo predominante de comunicação do ocidente, hipermediado, regras, valores e representações desenvolvidos a partir das novas tecnologias. Os internautas querem navegando entre portais e sites, quer participando de redes sociais, fóruns, ou MUD[4]s, quer produzindo blogs, microblogs, ou descrições a respeito de si em perfis eletrônicos, são expostos a estas regras, valores e representações, na medida em que estabelecem contato com outros internautas, percebem sentidos atribuídos socialmente a determinadas praticas on-line, são afetados pelo universo simbólico elaborado nessas práticas.
Em terceiro lugar, a idéia de “cibercultura” traz em si uma essencialização, demarcando um discurso a respeito do contemporâneo, dando a entender uma única possibilidade de expressá-lo. Resulta de uma escolha que visa à persuasão: Ela é uma importante peça de convicção que emoldura diversos símbolos do tempo presente. Relacionar-se ou não com os diversos artefatos da “cibercultura” é condição para denunciar-se como atualizado ou não atualizado, respectivamente. A palavra “cibercultura” é enunciadora de uma imagem que denuncia uma cristalização do modo de comunicação por ela significada, de uma maneira fixa, pronta, que serve, inclusive, como mediação para pensar a relação do ser humano contemporâneo e a realidade social. Como essencialização, a idéia de “cibercultura” designa uma representação coletiva, subtendendo, pois, atitudes e comportamentos, fundamentando sentidos, aproximando-se da idéia de “discurso social[5]” (ANGENOT, 1984). A essencialização supracitada é descritiva, mas também prescritiva, posto que é relativa a uma norma social e orientada para uma ação. Nesta palavra, imagina-se um universo simbólico de produção e reprodução instantâneo, obrigatoriamente telemático, e constituído por práticas e discursos cibernéticos.
Finalmente, “cibercultura” é uma invenção, uma convenção, um elemento diferenciado que permite carregar uma ilusão necessária, demarcando um tempo, posterior ao advento da internet, e um espaço: o hipermediado. Quando se fala em “cibercultura”, se descreve, na verdade, uma forma especifica de se vivenciar o mundo, no qual o humano opera convenções e invenções.
É do experienciar do mundo que surge a invenção do mesmo, segundo Roy Wagner (1981). A invenção da “cibercultura” também denuncia uma tendência para também fazer valer opiniões, como apontou o autor (1981, p. 12), e neste clichê, permeado por interesses de corporações, práticas inconscientes e forças ideológicas, a “cibercultura” deve ser problematizada como uma espécie de ilusão, não somente para os antropólogos que pretendam construir etnografias on-line, mas para nós que desejamos uma antropologia reflexiva.
É importante salientar que toda discussão a respeito do conceito de cultura, alvo de estremados debates na história da disciplina, foram importantíssimos para pensar a presente reflexão. Escreveu Leslie A. White que homem e cultura seriam “inseparáveis” (1975, p. 23). A apropriação do conceito de cibercultura, sem a devida reflexão, equivaleria a afirmar que o homem contemporâneo e a “cibercultura” são inseparáveis, o que é discutível, não apenas pelo gigantesco número dos ainda excluídos digitalmente, mas principalmente, pelo número relativamente pequeno dos que de fato produzem conteúdo em ambiente hipermediado, de modo a influenciar o todo social. É interessante pensar que a idéia de “cibercultura” revela traços dos aspectos mais subjetivos do nosso tempo, e que expõem diversas relações e atividades que caracterizam o comportamento dos indivíduos do mundo contemporâneo. Nela se inserem uma modalidade simbólica adequada à ação humana e é preciso problematizar como esse elemento é incorporado pela teoria antropológica e pelas praticas etnográficas que o considerem, para evitar a naturalização do temo e seus significados.
Ao optar por estudar o fenômeno humano, a antropologia decidiu pela tentativa de aprender, ao mesmo tempo sua singularidade e diversidade. E se, ao nos debruçarmos sobre esse fenômeno, nos perguntarmos “como os homens pensam”, isto nos desafiará a compreendermos que as questões postas pela dita “cibercultura” exige que nós entendamos que estudar a “cibercultura” é inventá-la, (WAGNER, p. 14), pois para torná-la visível e posteriormente crível, a construímos como uma entidade distinta, que emoldura o fenômeno humano de nosso tempo e seu modo particular de ação. Parafraseando Roy Wagner, ao inventarmos a “cibercultura”, inventamos a cultura hipermediada contemporânea e reinventamos a própria noção de cultura (WAGNER, P.15).
Quando comecei a realizar trabalho de campo em ambiente hipermediado[6], apesar de todas as etnografias a respeito do tema que eu lera até então, minhas próprias sensações de solidão e desamparo em relação ao objeto, fizeram me questionar o que a própria internet desafia a etnografia em aspectos como temporalidade, espaço, autoridade etnográfica, entre outros. Angustiava-me a eterna discussão acerca da banalidade da etnografia no virtual, que exigia de todos os pesquisadores sobre o tema páginas e páginas de justificativas[7]...
Observava meus “informantes” na rede, perguntando-me se seria possível que partindo de uma abstração, como “cibercultura”, eu poderia dar conta de um fenômeno tão diverso e multifacetado como o que eu encontrei. É obvio que não pude. “A idéia de “cibercultura” pretende descrever um artefato capaz de produzir cultura” (HINE, 2005), mas o que seria um artefato capaz de produzir cultura, se a cultura é uma invenção? Seria a “cibercultura” uma invenção em forma de artefato, capaz de produzir invenções?
Na palavra “cibercultura”, existe como afirmou Wagner (1981, p. 32) uma projeção de um bem publico proposital, externamente criado, cujo denominador comum, dos atos incidentes por ele produzidos, se expressa de forma a explicar a existência fenomenal das formas sociais hipermediada. No trabalho de campo em ambiente hipermediado a experiência etnográfica pode nos seduzir a considerar termos como ciberespaço, links, comentários, comunidades, redes sociais, entre diversas outras, como categorias nativas, ou como categorias naturais[8]. É preciso fugir da discrepância dessa atitude que circunscreveria na ordem do Ser o predicado da “cibercultura”. Não são categorias naturais, pois foram produzidas por transformações técnicas e tecnologias específicas. Não são simplesmente categorias nativas, visto que a etnografia digital partilha desses elementos. É preciso recusar, portanto, esse conteúdo cristalizado, para que, de fato, a disciplina antropológica possa se enriquecer com essas questões. É preciso diferenciar os atos e os eventos que observamos em ambiente hipermediado, sem combiná-los em contextos, para operacionalizar reconhecimentos nem sempre nítidos, para legitimar nossos dados e conclusões.
Numa recente palestra, o presidente da Microsoft no Brasil, Michel Levy citou uma frase muito repetida nos mais diversos meios de comunicação. Ainda que seja quase impossível precisar, sem dúvida, a autoria da mesma, o enunciado focaliza de maneira significativa determinadas distinções e categorias a que estamos expostos. Levy afirmou que: “nós somos migrantes analógicos num mundo digital. Os nativos digitais lidam com este novo mundo de forma distinta de nós.” Nesta frase, alguns elementos constituintes da idéia de “cibercultura” revelam suas implicações: “migrantes analógicos”, “nativos digitais”, “novo mundo”. Os nascidos antes do advento da WEB, os “analógicos” experienciam este “novo mundo” juntamente com seus nativos, os “digitais”. Nesta experiência, inventam e reinventam a “cibercultura”. Numa outra entrevista Michel Levy fala da importância da “cultura” Microsoft no desenvolvimento do blog da empresa. As diversas “culturas”, das empresas, de seus gestores, dos pensadores a respeito da rede vão compondo o mosaico “cibercultural”, suas demandas, seu universo simbólico. Um excelente exemplo do modo como esta reinvenção do mundo se vale da “cibercultura” para validar imaginários é a discussão acerca da WEB 2.0 e sua “gigantesca democratização”. Discutiremos isto a seguir.

VISÃO DO PARAÍSO: O “NOVO MUNDO”, A “DEMOCRATIZAÇÃO” E A QUESTÃO DAS IDENTIDADES NA NOVA WEB
Desde março de 1989, quando Tim Bernes-Lee estabeleceu a primeira especificação da World-Wide-Web (a rede de alcance mundial, conhecida pela abreviatura WWW), a partir do protocolo HTTP e da linguagem HTML, novas linguagens de programação e de script permitiram modificações significativas no uso da rede pelos internautas. Neste modelo de WEB primervo, que se convencionou denominar de WEB 0.0, findo, segundo a maioria dos autores, em dezembro de 1995, com o uso de Javascripit, pelo navegador Netscape, a grande maioria dos usuários se comunicava na rede por meio de correio eletrônico ou em chats. Alguns usuários avançados se valiam dos canais de IRC[9], e eram capazes de construir paginas pessoais em portais como Geocities.
Em 1996, surge a denominada WEB 1.0, quando a maioria dos bancos e as grandes cadeias de comercio impulsionaram o desenvolvimento da rede. Empresas do mundo inteiro passam a apresentar sites institucionais, surgem novas formas de produzir conteúdo, como o software flash, o Google é lançado, surge a primeira versão do RSS. Surgem os primeiros, fóruns, inúmeras listas de discussão, os programas de educação crescem na rede, o comercio eletrônico se intensifica. Os links se intensificam, e o número de páginas avança rapidamente. Todos esses fatores desenvolvem em torno da internet a denominada “bolha” econômica. Empregos voltados para o setor oferecem salários muito maiores que os análogos em outros tipos de empreendimento, até que no inicio do Sec. XXI, com o estouro da bolha, os aspectos comerciais da WEB revelam seu desgaste.
Em 2001, a Wikipédia entra no ar, demarcando um novo rumo na Internet: a produção de conteúdo. Surgem, nos anos seguintes, os serviços de WEB blogs, o Orkut, o Facebook (e dezenas de outras redes sociais hypermediadas), o Flickr, o Google Maps, o Del.icio.us, o Youtube, o Yahoo Maps e as novas aplicações integravam plataformas, linguagens, e padrões de programação diversos. Nascia o termo “mashup”, que caracteriza os sites ou aplicações combinando conteúdos de varias fontes, numa experiência integrada e com grande potencial de interatividade. Delineava-se a denominada WEB 2.0.
Ainda que esse termo, WEB 2.0[10], cunhado por O’Relly em 2004[11], tenha encontrado oposição de muitos pensadores das novas tecnologias, o termo ganhou força e referência. Ainda que não se possam destacar precisamente as fronteiras da WEB 2.0, esta tem sido popularizada pelos trabalhos de O’Relly como um elemento de “repercussão social importante”, pois, defendeu ele, “nessa nova geração de serviços on-line, se potencializariam “os processos de trabalho coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de informação e por fim da produção social de conhecimento hipermediada”. O imaginário a respeito dos novos potenciais da rede era desenhado. Neste imaginário, construía-se a defesa de que era implícita a associação entre o novo modelo da Internet, e a democracia, ou melhor, o aperfeiçoamento da democracia.
Para os que sugerem esta articulação, as novas plataformas, por seus recursos on-line, aperfeiçoaram a “usabilidade”, desenvolvendo o que o autor denominaria “arquitetura de participação”. A maior participação de todos, na produção de conteúdo, permitiria o tão declamado ambiente “democrático”. Como exemplos desta nova utilização, se podem enumerar os blogs, com seus sistemas de comentário, os fotoblogs, as wikienciclopédias, wikidicionários e os sites de jornalismo participativo. Esta nova tendência, que repensa a interatividade é discutida como “a definitiva democratização da rede”, na franca maioria dos sites, vídeos e fóruns a respeito do tema.
A progressão exponencial dos participantes destas novas funcionalidades permite uma inédita publicação e circulação de informações. Estas informações, nas mais variadas versões dos conteúdos da WEB 2.0, oferecem aos usuários uma maneira específica de vincular palavras chaves às suas publicações, comentários e postagens de modo a categorizá-las, classificá-las e facilitar o acesso das mesmas por outros usuários. Este processo de rotulação (ou tagging[12] como também é conhecida) recebeu o nome de folksonomia, exatamente por permitir uma distribuição classificada do conteúdo disponível na WEB facilitando sua utilização e rápida reprodução. As mais diversas “tags” servem, tanto para facilitar o registro quanto para recuperá-lo, permitindo precisão e multiplicando seus usos (MATHES, 2004, p.7) [13]. Por exemplo, um mesmo conteúdo pode ser registrado com dezenas de “tags” diferentes e, posteriormente, se torna possível recuperar dezenas de conteúdos diferentes a partir de uma mesma “tag”. As “tags”, que geram, por programação, links entre textos e conteúdos, são rizomas, e, como tais, se multiplicam aos milhões. Como escreveram Deleuze e Guattari, “cadeias semióticas de toda natureza são aí conectadas” (1980, p. 15), e, desta forma, conduzem a multiplicidade.
O tema da “ação e a comunicação coletiva”, central nas discussões acerca da WEB 2.0, em especial no que se refere à nova forma de produção coletiva de conteúdo. Neste imaginário de democracia a WEB 2.0, no entanto, não prevê qualquer potencialidade séria para interferir nesse statu quo. Ainda que se concorde com a direção apontada por José Eisenberg e Marco Cepik (2002), que lêem na Internet a possibilidade de uma participação significativa de instituições políticas semiperiféricas, que, ainda que timidamente possam desenvolver uma luta contra déficits sociais e culturais, e que se defenda, ao lado destes autores, o direito ao acesso à Internet como configuração de cidadania, e reconhecendo, por outro lado, que o quadro de exclusão digital atual serve como uma expressiva barreira desta democratização é preciso pensar como esta relação entre produção de conteúdo e democracia na Internet revela aspectos outros das nossas concepções acerca da política. Basta um grande número de participantes para promover a democratização, efetivamente? Como se configura o espaço público da rede? No que a WEB 2.0 espelha esta relação entre este, que podemos nomear de “imaginário democrático” e a vida política contemporânea?
Uma análise desta esfera “democrática” da Internet exigiria um contínuo problematizar dos aspectos essenciais da vida política contemporânea. Uma vida política na qual se inscreve a ação e a comunicação coletiva, como a que se demarca na Internet remete diretamente à noção de esfera pública, conceito essencial na obra de Hannah Arendt. Para Arendt a concepção de esfera pública abriga a necessidade de partilha entre todos. Seria preciso “ser visto e ouvido por outros é importante pelo fato de que todos vêem e ouvem de ângulos diferentes. É este o significado da vida pública... (ARENDT, 1981)”
Se é inegável, por um lado, o poder das novas tecnologias na produção de discursos políticos (basta rever a eleição do presidente estadunidense Barack Obama, e o papel essencial que a Internet desempenhou neste processo, ou o papel do Twitter na divulgação acerca das fraudes nas recentes eleições iranianas), também é inegável que a Internet e a enorme exclusão social que a envolve oligarquizaram a participação digital. A Internet não é democrática, em primeiro lugar, por conta da enorme exclusão digital. Como equacionar uma “esfera pública” na WEB sem a inclusão digital, sem que todos façam parte do processo? E é preciso lembrar que nem mesmo a nada simples “inclusão digital” resolva esta questão: todos produzirão conteúdo? O campo determinará a força dos agentes que deterão esta possibilidade, criando novas formas de distinção social? O quanto esta distinção gera na WEB 2.0, ou participa da geração das comunidades e das redes sociais? O que cria laços entre os internautas na WEB 2.0?
Em A Condição Humana, Arendt se preocupa com os mecanismos que geram vínculos para ações coletivas: "o que mantém unidas as pessoas depois que passa o momento fugaz da ação (aquilo que hoje chamamos de 'organização') e o que elas, por sua vez, mantêm vivo ao permanecerem unidas é o poder" (ARENDT 1981: 213). A filósofa intercomunica duas dimensões do poder nesta concepção: por um lado “há uma ação coletiva que funda o grupo”, o que designa, necessariamente, um vínculo entre o momento e a "esfera pública". A outra dimensão está na capacidade do poder em legitimar esta “ação inicial”, “fugaz”, num vínculo. Nessa tessitura o poder é fruto da ação coletiva do grupo que o sustenta.
Pensando na WEB 2.0, esta concepção faz pensar as redes sociais, os blogs, as comunidades folksonômicas, os conteúdos produzidos pelas diversas plataformas wikis: depois que se organizam a participação fugaz dos internautas vai sendo substituída pela necessidade de “se manter vivo o espírito”, do espaço em questão. Há todo um discurso acerca da importância do que se está produzindo socialmente, coletivamente, e este, dentro desta concepção de Arendt, é um discurso de poder. Mas, o que gera os laços na WEB, de que espécie de poder estamos falando, e como ele se processa na rede?
Para auxiliar a compreensão de como a dinâmica do poder se expressa na WEB 2.0 tomemos a Aula Inaugural de Michel Foucault, denominada A Ordem do Discurso. Pensar a ação coletiva e pública à luz de Foucault é primeiramente, dar conta de que a produção de discursos está imprescindivelmente sujeita a regras, seleções, organizações e redistribuições. Na Wikipédia, por exemplo, há administradores e internautas que garantem que os princípios que determinam as regras da comunidade sejam cumpridos, reafirmados e comunicados. Um deles, o de imparcialidade, sempre causa alguma polêmica nas temáticas políticas. Não se está aqui julgando se estas regras devam ou não existir, mas que apontam para um controle discursivo da rede citada. O mesmo acontece nas comunidades do Orkut, nas quais se pode ler no perfil, geralmente, as regras da comunidade. As pessoas discutem estas regras, em geral no momento da formação da comunidade, e elas passam a ter sentido, na medida em que são descritas simbolicamente como “regras que permitem o bom funcionamento” da mesma.
Ainda segundo a abordagem foucaultiana, os discursos estabelecem determinadas ações para controle e delimitação de sua especificidade: há a interdição, há a separação, há a vontade de verdade. É prática comum na WEB 2.0, em especial nas redes sociais, as comunidades determinarem: o que não pode ser falado, o que não pode ser abordado num fórum. Em determinada circunstância, há pessoas que, se falarem algo que seria proibido aos demais não sofrem qualquer repúdio ou reprimenda, ou seja, a interdição da fala varia de acordo com o poder social dos agentes, o que denota os aspectos interditórios específicos das novas formas comunicativas que estamos discutindo.
É possível, ainda, observar os participantes expulsos e as regras que determinaram esta condição: há os que são considerados “problemas na comunidade”, há os preferidos, há os que sequer podem entrar: são os aspectos de separação, discutidos por Foucault.
Em terceiro lugar, a vontade de saber. Nas comunidades a separação entre o verdadeiro e o falso não é nem arbitrário, nem modificável, nem institucional, nem violento, funcionando, na verdade, como um sistema de exclusão (sistema histórico, institucionalmente constrangedor), que determina o que é verdade em cada comunidade. Se você não concorda, se retire, é o que pregam os “donos” ou “moderadores” das comunidades. Outro exemplo se dá nos blogs que aceitam “comentários”, ou seja, participação de outros internautas. Quando são “moderados”, o objetivo desta “moderação” é permitir, geralmente, que fiquem listados apenas os comentários que entram em acordo com o material produzido pelo autor do blog.
Se for verdade, como afirma Arendt, que “todas as atividades humanas são condicionadas pelo fato de que os homens vivem juntos”, é também verdade que na Internet este “juntos” pode se manifestar independente do tempo e do espaço. Há pessoas de Tóquio, de Roma e do Rio de Janeiro que lutam pelas mesmas causas, em dias distintos, nas mesmas comunidades, e estão construindo uma nova abordagem e dimensão para o zoon politikon aristotélico. Se para Aristóteles apenas “duas atividades necessárias e presentes nas comunidades humanas” (ARENDT, 1981, p. 34) poderiam ser concebidas como políticas, a saber, a ação (práxis) e o discurso (lexis), poderíamos pensar nas práticas desenvolvidas na WEB 2.0 e nos discursos nelas tecidos como profundamente políticas: nasce o zoon politikon digitalis...
A abordagem da ação e do discurso e sua relação com as esferas pública e privada em Hannah Arendt, no livro A Condição Humana, se amplia com uma crítica pontual à modernidade, em especial às distinções por elas construídas entre as esferas pública e privada. A modernidade, conforme advoga Arendt, destruiu e deformou, de forma significativa, a competência humana de desempenhar a atividade política. Exilada da possibilidade de ser abordada como uma atividade humana por excelência; que poderia ser, de fato, exclusivamente exercida no plano da esfera pública (porque apenas este permitiria uma pluralidade de diálogos entre iguais), o desempenho da atividade política se esfacelou. Esta descaracterização da ação política como atividade genuinamente humana, na modernidade deu lugar a uma ascensão do labor: objetivando a hegemonia e o poder de reger toda a existência humana em sua totalidade, na hierarquia moderna, o trabalho passou a ocupar uma importância até então desconhecida: a esfera privada e sua lógica produtiva embolsar a dimensão pública. Ao mesmo tempo, toda ação política passa é restrita como uma mera esfera administrativa, detida pelo Estado (ARENDT, 1981, ARENDT, 2002).
Absolutamente era o estado original da dimensão política na polis grega, como se pode observar nas afirmações de Arendt:
“O ser político, o viver numa ‘polis’, significava que tudo era decidido mediante palavras e persuasão, e não através de força ou violência”.
“A ‘polis’ diferenciava-se da família pelo fato de somente conhecer ‘iguais’, ao passo que a família era o centro da mais severa desigualdade. Ser livre significava ao mesmo tempo não estar sujeito às necessidades da vida nem ao comando de outro ‘e’ também não comandar. Não significava domínio, como também não significava comandar”. (ARENDT, 1981).

A idéia de Arendt é que a transferência da totalidade das atividades humanas para a esfera privada e a adequação imposta, de todas as relações conforma a moldura da instituição familiar, repercutiu esfera política. A politéia grega é o grande paradigma arenditiano, para pensar esta transição. Aplicado a WEB 2.0, podemos pensar como é visto a própria “produção” do conteúdo da mesma, pelos internautas, como “trabalho”, “ação social”, “labor”, basta dizer que “uma produção de artigo por dia” é o lema de vários Wikipedistas. Nas comunidades das redes sociais, os “donos” e “moderadores” falam de quanto trabalho dá moderar seus espaços de discussão, e quanto mais trabalhos desenvolvem mais são vistos como “excelentes moderadores”. Nesta função social, o trabalho de produzir, regular e disponibilizar ações e discursos quase nunca é visto como ação política: a não ser que o tema seja a própria “política”, ou seja, partidos, eleições, e personalidades políticas, “a política” é, geralmente um tema que não costuma ser discutido, e muitas vezes, é interditado.
Para Arendt a ação política se determina na interação pública, humana, por meio da ação e da palavra. É interessante notar que esta ação de se negar a ação política, é no limite, ação política também. Abordar a WEB 2.0 e discutir esta participação pública talvez seja um caminho de retorno à ágora. É pensar que nela, como na polis, há, necessariamente, o encontro do multitudinário. Se numa Internet oligárquica, os “melhores”, ou os “inclusos digitalmente”, ou “os produtores de conteúdo” se formatam como poucos, numa Internet verdadeiramente democrática, todos terão acesso e controle. Criticar a idéia de Internet democrática, não é, portanto, desconsiderar o potencial democrático da mesma. É apontar, evidentemente, o que falta para pensar esta esfera pública, para democratizá-la, continuadamente.
Democracia é um construto. Portanto para pensar na WEB 2.0 como uma cyberedição do ágora grego, como um espaço que (re)traduza os ideais de discussão, deliberação e tomar decisões[14], é pensar uma capilarização, contínua e duradoura, da produção do conhecimento na WEB. Nesta “cyberágora”, o conteúdo não seria interditado, e o saber a respeito das ferramentas que permitem esta produção seria livre e disponível a qualquer internauta.
Por outro lado, pensar no discurso acerca deste “novo mundo”, e desse encontro entre “migrantes analógicos” e “nativos digitais” é revisitar o mistério e o ministério da alteridade: é na formação destas identidades que a rede revela seus imaginários... A possibilidade de se remeter ao livro de Sérgio Buarque de Holanda (1969), a obra-prima Visão do Paraíso: motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil é desafiadora: a “cybercolonização” dos “migrantes analógicos” também busca “novos mercados”.
A rede, “o novo mundo” foi motivo de idealizações distintas, muitos pensadores a teciam como solução para todos os problemas humanos (como Pierre Lévy, por exemplo), ou fonte destes mesmos problemas (a exemplo de Paul Virilio). É impossível não pensar como Sérgio Buarque de Holanda: idealizava-se o Novo Mundo, constrói-se para ele uma imagem distorcida, terra infernal ou paradisíaca. A força das lendas sobre riquezas e maravilhas se renova como um mote para as ciberviagens e suas novas formas de colonização: os ganhos pela rede podem ultrapassar o imaginável, divulgam os especialistas em comércio on-line[15]. Séculos nos separam da chegada dos europeus do Novo Mundo e, no entanto, "o gosto da maravilha e do mistério, quase inseparável da literatura de viagens na era dos grandes descobrimentos marítimos (HOLANDA, 1994. p. 149).” se revigora nos discursos a respeito da WEB 2.0. As terras digitais parecem nesta fase “perenemente renováveis” (HOLANDA, 1994. p. 210) e há milhares de fontes acerca desta constituição da rede como ideário[16].
Interpelar estes discursos a respeito da WEB 2.0 para a disciplina antropológica é um desafio também pelo quadro de identidades fixado: migrantes analógicos, nativos digitais... Na medida em que o discurso sobre a rede desencadeia a noção de “outro”, de um nativo ou de um migrante, surge a oportunidade de pensar a própria noção de alteridade, a partir destes marcadores de diferença: no lugar de marcas corporais, marcas cibernéticas. Como estas diferenças constituem a vida social contemporânea, no mundo "on" e "off-line"? Como estes diferenciais marcam as dinâmicas das relações sociais na Internet? É preciso recordar que este discurso descortina outro conflito, pois como salientou Gilberto Velho, “a diferença é, simultaneamente, a base da vida social e fonte permanente de tensão e conflito” (1996, p. 10).
E como se dá o conflito entre o mundo analógico (muitas vezes descrito na rede como obsoleto) e o digital? Como pensar alteridade, esta experiência (e a elaboração dessa experiência) que leva-nos a ver aquilo que nem teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade em fixar nossa atenção no que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que consideramos ‘evidente’, como escreveu Laplantine (2000, p. 21).
É necessário que a etnografia e a antropologia que pretenda pensar a dinâmica das relações sociais na rede, ou as dinâmicas destas mesmas relações, elas mesmas, múltiplas e rizomáticas atente para a observação pertinente de Paul Ricoeur, na obra O si-mesmo como um outro, para problematizar a questão das identidades on-line. É preciso, segundo o filósofo atentar para o fato de que a identidade emprega uma dialética do si e do diverso do si: “a ipseidade do si-mesmo implica a alteridade em um grau tão íntimo, que uma não se deixa pensar sem a outra” (1991, p. 14). Pensar e problematizar a questão da identidade online é se distanciar de uma discussão que determine um registro de “mesmidade”, pois na rede somos vários, múltiplos, e pensar em termos de unidade, semelhança, continuidade ou permanência não faz sentido. Portanto, é preciso uma busca continuada por distanciar-se do pensar em identidade idem, por uma identidade ipsem, como apontou Ricoeur. Lembro que certa feita, lendo um artigo que pretendia discutir perfis “fakes” e “reais” no Orkut, me deparei com o fato de que a autora destacava que no primeiro os dados seriam ficcionais e no outro não... Quanta ilusão! Um perfil fake, normalmente, se vale de detalhes não ficcionais, exatamente para emoldurar-se como factível, enquanto no perfil “real” é comum haver dados ficcionais ou mesmo inverídicos do representado... É a idéia de uma identidade demarcada pelo idêntico, pelo análogo, que demarcou boa parte da discussão antropológica a respeito da identidade. No entanto, essa demarcação aponta a crença numa possibilidade de existência imutável, fixada, o que pensando em termos de WEB é quase um elfo. Senão uma ondina, apenas para aproveitar-se o simbólico do navegar...
Pensar a noção de identidade, afastando-se desta existência de identidade como uma consciência fechada em si, nesta “mesmidade”, é tratar o processo de construção, reformulação e manutenção de identidades on-line como um deslocamento, como um reconhecimento contínuo dos sujeitos nas ações, não como um fato, mas como uma identidade narrativa, utilizando uma noção explorada também por Ricoeur. Nesta nova forma de pensar as identidades na rede há a possibilidade de lidar com a permanência e a mudança de forma dialética, da concordância e da discordância, de múltiplos registros de construção a partir dos diversos personagens que as identidades online significam suas intrigas e enredos particulares.

CONCLUSÃO
Na introdução de Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia, Gilles Deleuze e Felix Guatarri rememoram: “Escrevemos o Anti-Édipo a dois. Como cada um de nos era vários, já era muita gente (1980, p. 11).” No final do mesmo parágrafo, acrescenta: “Não somos mais nos mesmos. Cada um reconhecera os seus. Fomos ajudados, aspirados, multiplicados.” Nessa introdução, nomeadas por ele de Rizoma, tratam os autores desta noção, apresentando seus princípios: os dois primeiros, segundo os autores, são conexão e heterogeneidade, fundamentais para a discussão do presente artigo. “Qualquer ponto de um rizoma pode ser conectado e deve sê-lo.” Desta frase, muito citada por cientistas sócias que estudam a internet e suas especificidades para o universo contemporâneo, é possível mirar uma articulação de movimentos, em especial os relativos à precipitação e ruptura. Na web, o princípio da conexão, presente no hipertexto[17], encontra no link uma rostificação, para utilizar também um termo deleuziano. Foi se valendo do link, que a rede se ampliou, rizomaticamente, ao bilhões de acessos, aos centenas de milhões de paginas, aos milhões de usuários.
Para estes usuários, a construção da WEB 2.0, tem funcionado pela conversão do internauta num agente ativo na produção de conteúdo, e esta nova forma de pensar a rede pode servir a uma problematização dos aspectos políticos que se destacam no mundo contemporâneo. A “cibercultura” não é um dado que, apenas, molda a vida das pessoas que compartilham dele (a exemplo da discussão de Roy Wagner em The Invention of Culture), mas é uma dado moldado por estes discursos diversos acerca da WEB, construído no constantemente manipular de símbolos tomados a partir de uma variedade de códigos para criar novos significados. A idéia de produção coletiva (presente nas páginas wikis, por exemplo) e a idéia de produção criativa interativa (presente nos blogs) têm se difundido, enormemente, como estratégia de marketing, numa evidente tentativa das organizações de se marcarem como “interativas”, “democráticas”, “coletivas”. No entanto faltam tanto a inclusão digital quanto a possibilidade do uso das ferramentas de produção de conteúdo por um número muito maior de pessoas. É preciso construir um espaço democrático na rede, e uma forma de abordagem antropológica que pense a identidade digital numa articulação entre os internautas e os próprios imaginários da WEB 2.0, inclusive.

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[1] Neologismo criado pelo arquiteto de informação Thomas Vander Wal a partir dos termos folk e taxonomia, referente à produção coletiva de conteúdo que demarca esta nova fase da WEB.
[2] As idéias de “etnografia virtual” (HINE, 2000, 2005, 2006), de etnografia do ciberespaço (HAKKEN, 1999, DiMaggio et al. 2001,), de etnografia por meio da Internet (BAULIEAU, 2004) e de ciber-etnografía (ESCOBAR, 1994), desejam problematizar especificidades das interações hipermediadas, o uso de ferramentas particulares para obter e sistematizar dados, as definições, imersas em alto grau de complexificação de “território virtual” e “temporalidade digital”, e, objetivando, finalmente, refletir como a experiência do investigador e a sua relação com o objeto de estudo afetam os agentes analisados.
[3] Saliento, em especial, as discussões a respeito de etnografia no virtual e o papel do trabalho de campo, a escrita etnográfica e a relação com os informantes (DIAS, 2005, 2007 e 2008).
[4] Ambientes de jogos de RPG para múltiplos usuários.
[5] “Tudo o que se diz, tudo o que se escreve em um dado estado da sociedade, tudo o que se narra e se argumenta, o narrável e argumentável em um determinado grupo social, num determinado momento histórico."
[6] A idéia de “etnografia em ambiente hiper mediado”, discutida por Bella Dicks e Bruce Mason (1998), em Hypermedia and Ethnography: Reflections on the Construction of a Research Approach, detalha a necessidade de reconhecer e representar a complexidade envolvida na pesquisa etnográfica online, e recordam que, inicialmente, esta se demarcou por uma nova atenção dada ao hipertexto e às hipermídias.
[7] Esta questão também é discutida por Joan Mayans I Planells: a denominada “trivialidade dos debates on-line”, que, segundo o autor, emprestaria aos temas certa “banalidade”. Isto se manifestava, segundo ele, na necessidade de se reafirmar a importância do virtual, em cada pesquisa, para justificar certa “irreverência e falta de seriedade”, do “objeto de estudo virtual”. Inclusive do ponto de vista dos internautas, que Planells denominou de “nuestros indígenas”, que, ainda segundo o autor “se riam de nossas técnicas”, “subvertendo a lógica, a pauta, e a estrutura do processo de investigação”.
[8] Como defende, por exemplo, Danah Boyd, filósofa da informação e que desenvolveu uma etnografia virtual dos sites do Myspace de adolescentes norte-americanos.
[9] Um protocolo da Internet que permite o "bate-papo" (Chat) on-line entre vários usuários ligados simultaneamente a um servidor.
[10] A idéia nomeava toda uma nova forma de produção, coletiva, de conteúdo na rede: referia-se ao “mundo wiki”, às aplicações baseadas em folksonomia e às redes sociais.
[11] Para uma série de conferências sobre o tema, promovida pela O'Reilly Media e pela Media Live International.
[12] Walker expôs o processo de tagging como um “feral hypertext’, a structure out of control, where the same tag is assigned to different resources with different semantic senses, and thus associates otherwise unrelated resources” (WALKER, apud MARLOW et. al, 2006 ONLINE).
[13] Segundo Mathes (2004, p. 7), “a folksonomy represents a fundamental shift in that it is derived not from professionals or content creators, but from the users of information and documents. In this way, it directly reflects their choices in diction, terminology, and precision”.
[14] Presentes na idéia ateniense de ágora no século VIII a.C, segundo VIDAL NAQUET E AUSTIN, 1986, p. 124.
[15] Cf. “E o próprio sonho de riquezas fabulosas, que no resto do hemisfério há de guiar tantas vezes os passos do conquistador europeu, é em seu caso constantemente cerceado por uma noção mais nítida, porventura, das limitações humanas e terrenas (HOLANDA, 1994. p. 149).”
[16] Em minha dissertação de Mestrado analisei algumas delas, no estudo acerca do tempo e do espaço na Internet. Cf. DIAS, Adriana M. Anacronautas do teutonismo virtual: uma etnografia do neonazismo na Internet. Campinas: UNICAMP, Dissertação de mestrado, 2007
[17] Para Lévy (1993), qualquer fenômeno que envolva significações.

sábado, 7 de novembro de 2009

Entrevista para o jornal Folha de São Paulo

http://www1.folha.uol.com.br/folha/podcasts/ult10065u645294.shtml

http://media.folha.uol.com.br/cotidiano/2009/10/29/adriana_dias.mp3

Holocaust survivors at greater risk for cancer, study finds

Holocaust survivors at greater risk for cancer, study finds

By Madison Park, CNN

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Woman called 'the survivor'
STORY HIGHLIGHTS
  • Cancer rates higher for Jews who were possibly exposed to the Holocaust
  • Mental stress and caloric deprivation could contribute to later health problems
  • Five-year cancer survival rates were worse, study author reported

(CNN) -- The 12-year-old girl plucked cold, slimy potato peels out of the garbage containers in a village in eastern Poland. When those trash scraps became scarce, she ate clover.

Crumbs and decomposed food sickened Betty Potash Gold and her family members, causing diarrhea and bloody vomiting, as they hid from the Nazis.

Although Gold lived through extreme hunger, mental duress and near-death experiences during the Holocaust, she and other survivors face another peril decades after the war.

"Jewish survivors of World War II who were potentially exposed to the Holocaust were at a higher risk for cancer occurrence later on in life than those not exposed," concluded a study published in the November issue of the Journal of the National Cancer Institute.

Intense calorie deprivation, such as what Gold experienced, has long-term effects on survivors, said Dr. Micha Barchana, one of the study authors.

"We know that people who went through the Holocaust suffered severe calorie restriction," he said. "Calories they were taking in were 200 to 800 in this period."

Although studies with rhesus monkeys and mice suggest that limiting calories conferred cancer-protecting benefits, this study showed the opposite effect. People subjected to the intense caloric deprivation, especially at an early age, had greater likelihood of cancer.

Researchers at the University of Haifa in Israel compared the rates of more than 300,000 European Jews who immigrated before or during World War II as the control group and those who left after the war as the exposed group.


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Pesquisa analisa redes sociais na WEB

Para fazer o melhor aproveitamento desse novo fenômeno virtual, as mídias sociais, foi realizado estudo específico sobre os hábitos de uso e principais interesses dos internautas brasileiros ativos nas redes sociais. Mais de 1.200 questionários foram distribuídos para concluir quais ferramentas eles mais utilizam, qual o uso que fazem de cada uma delas e qual a influência delas como fontes de informações para formar opinião entre os usuários.

Foram entrevistados internautas de todas as capitais brasileiras, apesar da maior concentração estar entre São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, reflexo também da penetração de internet no Brasil. A média de idade dos entrevistados é de 28 anos e a maioria tem alta renda familiar, trabalha, estuda e tem nível de escolaridade superior completo. Em torno de 63% dos participantes do estudo são homens e por volta de 36% são mulheres.

Entre as mídias sociais citadas no estudo estão: Twitter, Orkut, blogs, grupos de e-mail, Facebook, YouTube, Windows Live Spaces, Linkedln, Flickr/Fotolog, Fóruns e outros. Dentre eles, os mais utilizados são: Twitter, Orkut, YouTube e blogs.

Um dos grandes destaques da pesquisa foi a descoberta dos diferentes usos de cada mídia social pelos internautas. Os principais motivos que levam os usuários a acessar essas ferramentas e as torna as mais usadas na rede são:

- Twitter: Manter-se atualizado;

- Orkut: Manter-se próximo a sua rede social;

- YouTube: Busca por passatempo e informações sobre lazer e entretenimento;

- Blogs: Divulgar o próprio conteúdo e busca de informações e notícias.

A pesquisa buscou também descobrir o grau e a forma de atuação dos usuários na web 2.0. Algumas atividades de maior destaque são:

- Assistir a vídeos online: 98,2%;

- Deixar algum tipo de comentário em um blog ou site de notícias: quase 90%;

- Escrever um blog próprio: cerca de 74%.

Gerar discussão sobre produtos e serviços também é rotina para alguns usuários. No Twitter, 27% dos usuários reclamam sobre produtos ou serviços. E nos blogs, cerca de 15%. Ambos somam os maiores índices dessa atividade entre as ferramentas mais utilizadas. Na pesquisa, 90% dos entrevistados afirmam pesquisar opções de produtos e serviços na internet antes de comprar e 43% recomendam produtos e serviços a outras pessoas na rede.

Sobre o uso da internet no cotidiano, foi constatado que os internautas permanecem até 41 horas semanais navegando. Cerca de 63% dos twiteiros e 44,7% dos blogueiros ficam mais de 41h por semana online. Já 28,8% dos orkuteiros ficam online menos de 16h por semana.

Entre as ferramentas que receberam o maior número de cadastros novos nos últimos três meses destacam-se: o Twitter, com 43,6%; seguido do Facebook, com 10%; e do Linkedln, com 4,3%. Já o Orkut, que reúne o maior número de usuários pesquisados, 89,6%, mostra-se estagnado em atração de novos usuários nesse período.O Twitter é o segundo colocado em número de cadastrados identificados no estudo, com 80,1%. Em terceiro, vem o YouTube, depois os blogs e o Facebook. Além disso, 65,5% dos entrevistados têm blog ativo.

Fonte: In Press Porter Novelli
Autor: Adriana Rodrigues
Revisão e Edição: Jaqueline Crestani

terça-feira, 3 de novembro de 2009

The Political Eggs of the Chicken Debate


_by Hans Harbers and Sjaak Koenis

Woody Allen has this joke. It’s about a man who tells his friend that his brother thinks he is a chicken. So this friend says: “Why don’t you turn him in? Bring him to an asylum?” But then this man replies: “No, I won’t do that because I want his eggs.”

Seeing oneself as a chicken and being chicken amounts to a minor difference of usage, but the practical difference is substantial. In the first case, you take the person to an asylum, while in the second you stop taking him seriously. It is very possible that privately the first option has crossed the minds of the combatants in the ‘Epistemological Chicken’ debate.1 Are they out of their minds? The written statements resemble the second option. SSK-adherents, Collins and Yearley, and ANT-adherents, Callon and Latour, seem to have stopped taking each other seriously, which is even more devastating for intellectual debate. We find this unfortunate, because, as Gerard de Vries has shown in the last issue of the EASST Review,2 important issues are at stake. But contrary to de Vries we will suggest to look for the eggs of this debate in a different place, beyond epistemology and ontology. More specificly, we will discuss two related issues featuring implicitly in the Chicken debate. The first is the problem of order. How seamless is the web between science, technology and society? The second concerns the problem of (science) politics. Using the insights of twenty years of STS, how are we to ‘re-center’ political and normative questions, raised in the sixties about science and society?

The common house of STS

The ‘Chicken papers’ should not be read in isolation - as a one-time debate between Bath and Paris, between British SSK and French semiotics of science and technology. There is more at stake here. The Chicken papers are part of an ongoing evaluation of about 20 years of productive science studies. What have we reached? Where do we stand now? And where do we go from here? This is how we read Pickering’s Science as Culture and Practice.3 Comparing this volume with its predecessor of a decade ago, Science Observed,4 we have to acknowledge what Lakatos would have called both theoretical and empirical progress in the field. The 1983 volume chiefly contains programmatic papers, or main lines of research. Moreover, these research programmes are presented side by side - as equivalents. Possible conflicts, contradictions and mutual competition are rarely discussed, apart from in a few footnotes and appendices. The various approaches are presented as belonging to one Wittgensteinian family. In the volume’s introduction Mulkay and Knorr-Cetina spell out the family resemblances. Since all of them were already around in Science Observed, ten years ago the Chickens papers’ discussants still lived together in a common house - although in different rooms: Collins on the SSK-floor in the central EPOR-room; Yearley, together with other Discourse Analysts, in the cellar space immediately beneath this floor, critically reexamining the empirical foundations of SSK; Latour and Actor Network Theorists in the entrance hall, near the front door where insiders go out and outsiders come in; and Woolgar in the garden, in the little summerhouse where everything that matters in the big house is ruminated upon, reflexively. In the Pickering volume not resemblances, but differences are emphasized. Take the discussion between Lynch and Bloor about rule-governed behaviour.5 Here Wittgenstein is no longer a shared resource, but a divisive element. Pickering’s volume is not about the common house but about the differences between the rooms. There is even a skirmish about which room is most important. Who will inhabit this room? There is much envy in the Chicken debate - the British king dethroned by a French emperor.

The metaphor of a common house points to two things. First, the participants in the Chicken debate still live in the same house. Not only in terms of organization (common societies, journals, conferences, etc.), but also according to their intellectual self-image. Just as in political or in religious circles, the most rigorous denunciations are pronounced between kindred spirits. In this respect the title, and, even more so, the closing sentences of Callon and Latour’s paper are illustrative. “We want to change the water, but to keep the Bath baby in, since it is also our baby.”6 Second, the metaphor raises an interesting question. In all these years, did the house remain more or less the same, or, due to all the internal turmoil, has it been completely reconstructed? Pickering, in his introduction, observes not only a sharpening of internal contrasts and discussions, but also a general shift in STS, empirically and analytically, from science-as-knowledge to science-as- practice, from language to action, from ‘linguism’ to embodiment and ‘materialism’.7 Here the authors of the Chicken papers disagree. Broadly speaking, Collins and Yearley, we would guess, want to keep the house as it stands in Science Observed. They are quite satisfied with the SSK-project. Their motto is: further refinement and extension to new fields of research. Callon and Latour, on the contrary, are only this close to leaving the house. And Woolgar? He still lives in the garden’s summerhouse, parasitizing, however interestingly (or irritatingly if you like) on what is going on in the ‘real’ house.

The heterogeneity of the Chicken debate

Why is this debate referred to as the ‘epistemological chicken’ debate? The chicken part of this title is clear. Apparently, intellectuals are accused of being chicken in theoretical matters. Collins and Yearley point to this phenomenon within STS, but after bringing it up they refuse to play the game of chicken at all. But why do they call this game epistemological chicken? Why not ontological, methodological, sociological, or even political chicken? Because all the participants, we would claim, make it an epistemological game most of the time. Even when other sociological or political problems are at stake, the debate is recast in epistemological terms. Subject and object, word and world, relativism and realism, the problem of representation - these are the central issues to which all other items are reduced. In the Chicken debate, epistemology still functions as the traffic island in the middle of the road - as an escape route to safety. In Woolgar’s case this is obvious. His reflexive project, and, in his view, even the whole business of STS is primarily concerned with epistemological issues: “The central significance of social studies of science”, he says, “is that it adresses fundamental questions about the nature of knowing.”8 His trade is the splitting and inversion of the relation of representation between subject and object. But he is not the only one with an epistemological bias. Discussing Callon’s paper on the domestication of the scallops and fishermen of St. Brieuc Bay, Collins and Yearley, for example, contest the way Callon puts the scallops on the stage, as actants, just as active as fishermen or marine biologists. This way Callon questions sociological and political common sense. But this is not how Collins and Yearley treat Callon’s paper. They immediately return to epistemology. In Callon’s story the things-in-themselves (the scallops) can speak once again for themselves. So Callon is an old-fashioned realist setting the clock back to the days before SSK. Collins and Yearley accuse Callon and Latour of epistemological conservatism! Who is playing the game of chicken here? Even Callon and Latour are not fully recovered from this epistemological disease. However much in a negative, critical sense, their ontology still uses Kant’s yardstick to structure the discussion; it’s a yardstick which is primarily epistemologically calibrated. In order to avoid epistemological reductionism, paradoxically enough, Callon and Latour reduce all interesting questions about science, technology and society to this Kantian yardstick. Nature versus Culture, Object versus Subject, Science versus Society, Facts versus Values, Knowledge versus Politics, Non-humans versus Humans, Behaviour versus Action, Natural versus Social Sciences - all these dichotomies are pinned down to that sole yardstick. No wonder it gets overloaded to the point of breaking down. There is no reason to read the Chicken debate in such a single-minded fashion. Not every problem raised in this debate can be reduced to epistemology, or to the battle against epistemology. There is more at stake than epistemology and ontology. The chicken debate, we would like to claim, can also be read from a political and sociological perspective. In the remainder of this paper we will concentrate on the political consequences of the different solutions of Collins/Yearley and Callon/Latour to the problem of (social) order.

The problem of order

Both Collins/Yearley and Callon/Latour acknowledge the heterogeneous character of order, consisting of humans, non-humans, social relations and natural ‘things’. They disagree about the mechanism that constitutes order, and, in particular, about the role of non-humans in this respect. Aside from humans, social relations, interests, etc., Collins/Yearley also acknowledge the existence of non-humans, but only through the accounts of humans. Their order is a social order. For Callon/Latour, order is quintessentially a hybrid order of humans and non-humans. For the former, there is no order without social mechanisms. In the wider network they perceive, social entities, like group interests, ultimately hold society together. For the latter there is no order without mixtures of humans and non-humans. In the Collins/Yearley perspective, order is constituted by commuting between science and the world outside science. It is the core set which ‘funnels in’ social interests.9 Their ‘social rea- lism’ works like a camera with a zoom lens. First, they zoom in on science. At this point their social realism is Winchian. The cognitive and social order of science is created simultaneously; the stabilization of scientists’ accounts of the natural world and the stabilization of social order within the scientific community is a single process. Subsequently, they zoom out from the inner scientific circle to the world outside. Now their social realism is more Durkheimian or Bloorian.10 This time the focus is on interests and other social ‘things’. This zooming device enables them to bridge the gap between science and society, between the internal, produced order of science, and the external, pre-given order of society, which is a Durkheimian social fact of its own. This is how they bring science ‘home’ to society by stressing common features and levelling out epistemological differences between scientific and cultural practices. They want to make science ‘smaller’ than it may seem from the perspective of its users or laymen. This is accomplished by detailed description, whereby epistemological mystery and wonder is dissolved. By commuting between these two kinds of order, scientists dealing with truth and nature in an authorative way become ‘ordinary’ experts dealing in competence and skills in society. Callon and Latour want to break away from this commuting between inside and outside altogether. If you stick to the scientists, you will see how they enroll others, and make them insiders as well. There simply are no outsiders in their network. Hence their motto: follow the scientists! See how they change the world, not just the social world, but the world of humans and non-humans. The scientists are not confronted with either society or nature, but with both of them at the same time, with tangles of humans and non-humans. From the perspective of the scientists there are nothings-in-themselves or humans-among- themselves. If anything, the natural and the social are the product of the activities of scientists after tangles have stabilized, so after scientists have already moved on to more ‘fluid’ boundaries of the social and the natural.

Reading their work one cannot escape the impression that society is almost completely swallowed by science. It is not science but society they want to make ‘smaller’. This is accomplished by elaborating on the dramatic impact of science and technology on society and by more or less implying that, apart from science and technology, there really isn’t much of interest that holds society together.

Now returning to the practical problems STS wants to confront, one might ask how far we get with Collins/Yearley’s strategy. Will debunking scientific authority be sufficient for understanding the role of (scientific) experts in society? Can we understand the social basis of their power any better? If we become social realists and try to understand the social world (including science), we may find out that scientific work looks just like any other kind of practical work. But does this also give us insights into the politics of science and into the power of experts, which is obviously not entirely based on the epistemological sacredness of science? In the old days of Science and Society the problem with experts was more complicated than just their scientific nimbus, which placed them effectively outside the political realm. So, after we have made science look like any other kind of practical work, we still have to figure out the differences between what experts do and other kinds of practical work.

It reminds us of the replacement of Latin by the vernacular in the Catholic Mass some decades ago. Although this might be considered as a sign of the waning power of the Church, abolishing spoken Latin certainly did not by itself break the power of the church. Epistemology may have been one of the ways to depoliticize science, but after destroying the epistemologically legitimized aura of scientists, we are still faced with the problem of understanding their power and bringing science back into the political realm. Just like Merton reduced the sociology of science to the sociology of scientists and the social structure of science, so Collins and Yearley reduce STS to the sociology of experts with specific skills. It is true that traditional sociology (to which Collins and Yearley turn for advice) has collected ample knowledge about professionals and experts. But traditional sociology also has been weak in understanding what it is that makes these experts special (let alone powerful). Even after they have lost their scientific nimbus, they mobilize non-humans. Just think of the difference between social workers and heart specialists. Both are experts with specific skills. But while social workers can only mobilize (some) other people (usually with very little power), heart specialists can mobilize not just various other, far more powerful, professional groups, but also, and more importantly, powerful machinery. So debunking the scientists’ epistemological hegemony and making ‘normal’, skilled experts out of them results in a sociology of experts which underestimates the basis of the power of at least some of them. Within the class of experts it makes quite a difference (also financially) whether you are a social worker, a pediatrician, or a heart specialist. Callon and Latour acknowledge this difference, based on the power-generating capacity of the non-humans. Our vocabulary has been too anthropomorphic, and in particular very inarticulate about the strong positions of (some) non-humans in our society. This deficient vocabulary made us utter incoherent curses on technology and science as a whole. It made us complain about the ‘scientization’ or ‘technologization’ of society in a way that left only two choices: embrace or reject science. Accordingly, Callon and Latour reject the time-honoured humanism that saw nothing but differences between humans and non-humans.

The problem of differentiation

But once this is granted, we are left with problems related to how Callon and Latour want us to take notice of non-humans, and to their implicit claim that, apart from science and technology, there really isn’t much of interest that holds society together. Starting with the last point, while Collins and Yearley have a dual notion of order, with scientists producing order ‘inside’ and a ‘given’ order out there in society, Callon and Latour reject this duality (actually, any duality). Their notion of order is ‘productivistic’ through and through. Scientists and the non-humans they represent produce order. All the dualisms they fight against (internal - external; science - society; social - natural, etc.) are the product of this activity, i.e., the product of a second-order process of purification in the hybrid networks of nature-cultures, as Latour calls it.11 Their translation model makes it clear that it is silly to assume that one can discuss the stabilization of science without the stabilization of society.

But the converse does not hold. The stabilization of society, even our scientific-technological society cannot be completely explained by the stabilization of science. This is what we mean when we say that they seem to imply that society is completely swallowed by science. We don’t suggest to look for regions which are ‘untouched’ by science and technology, but that scientists and technologists (and the non-humans they represent) are not the only producers of order. One doesn’t have to embrace a simple dichotomy between science and technology ‘here’, and society ‘there’, to acknowledge that modern society - again, not in the least as a result of the stabilizing power of science, but also of other forces - is internally differentiated in various relatively autonomous domains like economy, politics, culture, etc. Of course, these domains and their boundaries are contested permanently - especially in late-modern, reflexive societies.12 Nevertheless, we should not too quickly toss into one basket the humans and the non-humans, subject and object, society and nature, social science and natural science, science and politics. Even Latour’s Machiavellian scientist-in-the-making does better to acknowledge this differentiation. For example, the way a biotechnologist tries to convince his colleagues in the laboratory to accept his knowledge claims differs from the way he tries to get his biotechnological project financed in his negotiations with representatives of the Ministries of Economic Affairs and Public Health Care. Of course, both activities can be labelled as ‘enrolling allies’, but this common label should not conceal the difference between these activities. Both may be called ‘politics’, but our biotechnologist has to acknowledge the difference between the two policies. Stressing the importance of social differentiation is not to defend traditional social science, and in particular sociology against all too radical realignments such as Callon and Latour seem to have in mind.

There is another reason for acknowledging differentiations in the network of science, technology and society. From the perspective of the active, network-building scientists, the natural and the social may be fluid as long as they are in the business of producing order. But from the perspective of other parties involved - policy-makers, environmental activists, consumers, etc. - science just doesn’t look the same. For them science, or segments of it, has turned into a black-box; for them it is ready-made science. Opening this black box requires a different set of strategies than closing it. Let us stick to the example of biotechnology. The starting point of the biotechnological scientist (building up a biotechnological network completely) differs from the starting point of the environmental activist (criticising that very same network). Moreover, just as the biotechnologist uses different strategies to enroll allies on different levels of his network, the environmental activist will use different strategies to open up this network. Depending on his political goals he will start at different levels to break into the network. Sometimes he will be satisfied with a minor change in the social side-effects of biotechnology; sometimes he may want to go much deeper into the network, maybe even into the (for him) ‘hard core’ of biotechnological knowledge production, becoming a colleague-scientist (that is, becoming the dissident Latour describes in Science in Action).13 Surely, all these operations can be labelled ‘political’, but we think that Callon and Latour do not sufficiently differentiate between the different operations.

The problem of politics

Indeed, the whole concept of politics is under discussion here. One of the most striking differences between the two positions under review relates to their interpretation of politics. To understand Callon and Latour’s perception of politics, it might be useful to make a little detour into the history of political ideas. We will concentrate on Latour here. Latour places socialism along with naturalism at the centre of the modernism he rejects.14 Thus he can hardly be called a Marxist in whatever meaning of this word. But in spite of this, his conception of politics (and also his ‘productivistic’ notion of producing order we mentioned earlier) bears a strong resemblance to classical Marxist interpretations of politics. First of all, according to Latour, politics is about changing society, and not (as Collins and Yearley would probably assume) about balancing interests in the political realm. What happens in the laboratory is ‘political’, because the laboratory has the ability to change the world dramatically, or, to use his vernacular, to ‘displace society’ in a way that reminds one of the imputed revolutionary power of the working class. And just as the power of the working class established a ‘fresh’ and ‘pure’ kind of politics, so the power of things constitutes a ‘fresh’ kind of politics, directly associated with science, and utterly different from traditional (bourgeois) political powers. This ‘fresh’ kind of politics has nothing to do with the traditional politics of power and counter-power, of profit, predictable goods and evils, etc. If you want to understand how science and society are interrelated, you have to take the position of (the representatives of) this new politics. If you rely on traditional politics (which is what Collins and Yearley seem te be doing) you cannot even see the tangles of science and society, let alone understand them.

With classical Marxism Latour also shares the notion of spokespersons.15 Just like the workers needed spokespersons in their efforts to conquer the political realm, so the non-humans need spokespersons to conquer society. Scientists like Pasteur speak for the microbes and other non-humans.16 They constitute the avant-garde in our scientific- technological culture. We should not, in terms of traditional politics, attribute interests or even intentions to these scientists, because their political activities become clear and obvious if and only if we follow them around. So follow the scientists (and of course Latour himself - who positions himself in turn as their spokesman) and you will be “on top of the world”. As far as Collins and Yearley are concerned, it seems safe to assume that they adhere to what Latour calls a traditional notion of politics, with interests, ideologies, profits, etc. Their view of politics includes making an effort to enhance the public understanding of science (without embracing some simple notion of popularization) and in particular a more adequate understanding of scientific expertise on the part of the general public.17 Scientists are neither prophets, nor gods, but experts with specific skills. As prophets or gods they are rightly despised, but as experts they can and should be used (and certainly not despised). They can be used in the same way other experts or professionals can be used. Latour’s interpretation of politics is, like the activist Marxist interpretation, particularly suited for breaking open the traditional political domain, for emancipating the non-humans - to grant these a voice in politics, to conceive of a parliament of things. Here lies the attractiveness of Latour’s model, because we stuffed our political domain with nothing but social ‘things’ - people, groups, professionals, social structures, votes, etc. Since non-humans play an important role in our society and politics, not just as separate entities, but increasingly mixed up with humans, we should at least let our sociological and political vocabulary reflect this state of affairs. However, from a political point of view this emancipation model is too simple (and possibly even dangerous) in a society as scientifically and technologically advanced as ours (just as the Marxist model of emancipation was too simple and dangerous).

First of all, non-humans do not need to be emancipated in general. Just like the working class, non-humans do not constitute a single class, so to speak, but a mixture of all sorts of things and animals - some powerful, like the machines of heart specialists, some powerless, like trees or animals. Technological devices in our hospitals and factories have been used for a long time. They occupy strong positions of power in our society, even though our humanistic vocabulary has not been very perceptive about this situation. But our inability to have the actions of these non-humans properly reflected in our political debates should not lead us to believe that these non-humans need to be emancipated in the same way as some other non-humans as animals, or some humans as refugees need protection. Latour’s politics of emancipation is just not subtle enough to differentiate between the various positions non-humans hold, nor can it measure their positions against those of humans. The non-humans which play a role in science and technology debates usually don’t have to be emancipated. They (or better, their spokespersons, the scientists) have to be called to account for there actions. The politics of emancipation is not very useful in our technological culture in which mixtures of humans and non-humans hold powerful positions. This political model doesn’t solve what seems to us the real problem. How can we integrate both humans and non-humans, and in particular their mixtures, into a both normatively sensible and politically effective vocabulary that is not just suited for giving these various ‘actants’ a voice, but that enables us to include the non-humans in our deliberations about justice and distribution? Like classical Marxism,18 Latour’s politics of emancipation is insensitive to normative and political problems of choice, justice and distribution. Since both humans and non-humans have to be called to account for their actions, we have to enrich our political vocabulary with ways to discuss problems that are specific for our scientific-technological society.

NOTES

  1. See Harry Collins and Steven Yearley, ‘Epistemological Chicken’; Steve Woolgar, ‘Some Remarks about Positionism: A Reply to Collins and Yearley’; Michel Callon and Bruno Latour, ‘Don’t Throw the Baby Out with the Bath School! A Reply to Collins and Yearley’; Harry Collins and Steven Yearley, ‘Journey into Space’, all in Andrew Pickering (ed.), Science as Practice and Culture, Chicago and London: University of Chicago Press, 1992, 301-326, 327-342, 343-368, and 369-398, respectively.

  2. Gerard de Vries, ‘Should We Send Collins and Latour to Dayton, Ohio?, EASST Review 14 (1995) Number 4, 3-10.

  3. Pickering, note 1.

  4. Karin Knorr-Cetina and Michael Mulkay (eds.), Science Observed. Perspectives on the Social Studies of Science, London: Sage, 1983.

  5. See Michael Lynch, ‘Extending Wittgenstein: The Pivotal Move from Epistemology to the Sociology of Science’, David Bloor, ‘Left and Right Wittgensteinians’, and Michael Lynch, ‘From the “Will to Theory” to the Discursive Collage: A Reply to Bloor’s “Left and Right Wittgensteinians”’, all in Pickering, note 1, 215-265, 266-282, and 283-300, respectively.

  6. Callon and Latour, note 1, 366 (emphasis in original).

  7. Andrew Pickering, ‘From Science as Knowledge to Science as Practice’, in Pickering, note 1, 1

  8. Steve Woolgar, note 1, 329.

  9. Harry Collins, Changing Order. Replication and Induction in Scientific Practice, London: Sage, 1985, 144.

  10. Compare David Bloor, ‘Durkheim and Mauss Revisited: Classification and the Sociology of Knowledge’, Studies in the History and Philosophy of Science, vol. 13 (1982), 267-297.

  11. Bruno Latour, We Have Never Been Modern, New York: Harvester Wheatsheaf, 1993.

  12. See Anthony Giddens, The Consequences of Modernity, Cambridge: Polity Press, 1990; and Ulrich Beck, Risk Society; Towards a New Modernity, London: SAGE, 1992, or idem, Die Erfindung des Politischen, Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 1993.

  13. Bruno Latour, Science in Action, Milton Keynes: Open University Press, 1987.

  14. See Bruno Latour, ‘The Impact of Science Studies on Political Philosopy’, Science, Technology, and Human Values, vol. 16 (1991), 3-19; and Latour, note 11.

  15. It is because of this notion of spokesperson that we prefer the parallel with Marxism above a liberalist reading of actor network theory - as in Nick Lee and Steve Brown, ‘Otherness and the Actor Network: The Undiscoverd Continent’, American Behavioral Scientist, vol.37 (1994), 772-790.

  16. See Latour, The Pasteurization of France, Cambridge: Harvard University Press, 1988.

  17. See Harry Collins and Trevor Pinch, The Golem: What Everyone Should Know About Science, Cambridge, England: Cambridge University Press, 1993; Steven Yearley, The Green Case: A Sociology of Environmental Issues, Politics, and Arguments, London: Harper-Collins, 1991.

  18. See Steven Lukes, Marxism and Morality, Oxford: Oxford University Press, 1985.