terça-feira, 27 de março de 2012

Escapando da armadilha neonazista

 25 DE MARÇO DE 2012

Numa Alemanha onde crescem a extrema-direita e a xenofobia, uma organização ajuda militantes dos grupos nazistas na difícil ruptura com suas células
Por Gabriela Whitehill, na Vice
EXIT Deutschland é uma organização antinazista que ajuda pessoas a escaparem do jogo de extrema-direita em que acabaram presos e a se reabilitarem. Fundada pelo ex-policial Bernd Wagner e pelo ex-líder nazista Ingo Hasselbach, a organização faz um trabalho muito similar ao de um programa de proteção à testemunha — sair de uma célula ou grupo neonazi não é bolinho, e muitas pessoas que decidem deixar a vida de extremismo vivem com medo de ser atacadas pelas que estão tentando deixar pra trás.
A EXIT Deutschland ganhou manchetes no ano passado com a engenhosa ideia da camiseta “cavalo de Troia”. No décimo aniversário do festival de direita Rock For Deutschland, camisetas pretas estampadas com caveiras e com o slogan “Hardcore Rebels” foram distribuídas de graça. No entanto, quando as camisetas eram lavadas, o desenho desbotava e mostrava outra mensagem: “O que essa camiseta pode fazer, você também pode — vamos te ajudar a romper com o extremismo de direita”. Os organizadores do Rock For Deutschland enviaram rapidamente um boletim em massa para os participantes sobre o esquema, mas o estrago já estava feito. Depois de tudo, até membros de fóruns neonazistas admitiram que foi uma boa ideia.
Recentemente a extrema-direita anda levantando de novo a sua cabecinha escrota na Alemanha, e principalmente por causa do PND, o Partido NacionalDemocrata— extremistas de direita de terno. Já se tentou declarar o partido ilegal — uma vez em 2003 e depois em 2011, e vários políticos pediram seu banimento depois que ligações do PND com células terroristas nazis foram descobertas. Recentemente, uma célula de direita terrorista chamada National Socialist Underground foi acusada de matar oito lojistas estrangeiros e uma policial entre 2000 e 2007. Apesar disso, os neonazistas alemães — que já foram um grupo marginal — parecem estar cada vez mais descarados e ativos na sociedade.
Conversei com Bernd Wagner, CEO da EXIT, criminologista e especialista em extremismo de direita, para falar um pouco mais sobre a EXIT Deutschland e o que ele acha do aparecimento de partidos de extrema-direita na Alemanha e no resto da Europa.
VICE: Como vocês ajudam os neonazistas que querem deixar suas vidas de extremismo para trás?
Bernd Wagner: Primeiramente, muitas conversas individuais são conduzidas para esclarecer a vida anterior da pessoa, o nível de ameaça à sua segurança, seus objetivos pessoais, obstáculos para a saída, etc. Aí um plano individual de fuga é montado. Uma coisa importante: a EXIT não paga benefícios financeiros ou sociais. Podemos providenciar contatos, novas perspectivas e fornecer respostas para as questões de segurança e sociais. Vamos aconselhar em todas as situações com nossa experiência. O desejo de deixar o movimento se alimenta das próprias dúvidas individuais e de uma pressão interna para mudar sua vida. Para essas pessoas, a ideologia, o grupo e o movimento se tornaram inúteis.
Que perigos uma pessoa corre ao deixar um movimento de extrema-direita?
Deixar a extrema-direita tem muitos problemas. De um lado, essas pessoas enfrentam ameaças de violência física (vingança), terror psicológico, perseguição e rompimento com seus antigos “companheiros”. Além disso, ele ou ela estará, por um tempo indefinido, num “buraco social”, porque suas antigas relações se quebraram e um novo círculo de amigos e conhecidos ainda não existe. Se ele ou ela for um conhecido neonazista, vai entrar num novo ambiente de desconfiança e rejeição. Outro problema é retornar para a família, o que nem sempre é fácil depois de muitos anos como neonazista. Depois há os problemas de trabalho, social e educacional, a dificuldade de se ter antecedentes criminais — estas são apenas algumas das questões com que os desistentes terão que lidar.

Ingo Hasselbach
Houve algum caso em que um neonazista reabilitado voltou a suas crenças extremistas?
Desde 2000, 443 casos individuais foram processados. Desses, tivemos nove recaídas.
É uma boa taxa. Qual foi o caso mais difícil em que você trabalhou?
O caso mais difícil esteve aberto por sete anos e continua pendente. É uma mulher e seus filhos, que deixaram o movimento e cujo pai continua ativo na cena. Acontece que a legislação alemã é totalmente inadequada para esses “casos de saída”. O pai continua tentando entrar em contato com as crianças e os tribunais não são flexíveis o suficiente para responder a problemas individuais. A lei simplesmente está errada, e nesses casos vemos como os direitos humanos são traídos pela burocracia e pela aplicação irrefletida da lei.
Como você acabou trabalhando com Ingo Hasselbach?
Eu o conhecia desde a época em que era detetive da polícia e o vigiava por causa de seus crimes de extrema-direita. Depois de sua saída do movimento, desenvolvemos um relacionamento mais próximo e surgiu a ideia do EXIT.

As camisetas “cavalo de Troia”. Depois de lavadas, o logo Hardcore Rebels desbota e se lê: “O que essa camiseta pode fazer, você também pode –  vamos te ajudar a romper com o extremismo de direita”.
As camisetas cavalo de Troia foram incríveis. De quem foi a ideia?
As camisetas foram uma ideia da equipe EXIT e de um doador anônimo, que desenvolveu a tecnologia de produção. Esse trabalho público é uma parte importante do modelo EXIT e algo necessário para manter nossa presença no movimento. Estamos planejando conduzir ações similares, ou completamente diferentes, no futuro.
O número de pessoas de extrema-direita tentando acessar o seu grupo aumentou ou diminuiu nos últimos tempos?
Os números são bem constantes.
O PND é o rosto “aceitável” do extremismo de direita. Esse grupo é perigoso para os jovens da Alemanha?
Definitivamente. O partido atua como uma entrada relativamente central para o movimento. Com sua própria organização jovem, publicidade com alvo nas escolas [o Project Schoolyard, por exemplo] e nos trabalhos relacionados aos jovens [como esportes, brigadas de incêndio jovens, clubes, etc.]; o PND éo centro mais importante de recrutamento da extrema-direita.
Em sua opinião, por que as tentativas de banir o partido falharam?
Como muitos agentes disfarçados estão envolvidos na liderança do PND, os tribunais alemães não conseguem decidir se as informações recebidas contra o PND são verdadeiras. Além disso, como frequentemente acontece, o problema é simplesmente subestimado pelas autoridades.
Vários partidos de direita na Europa são bastante xenófobos. Qual a sua visão sobre a situação da imigração na Europa? Isso tem sido usado como ferramenta, como uma desculpa para empregar o racismo com “motivo”?
Veja os argumentos centrais do PND: essa imigração está diretamente conectada com a competição no mercado de trabalho, eles querem uma compensação pelas políticas familiares dos democratas que falharam, isso leva ao crime e ao parasitismo social. Portanto, o PND usa a imigração direta e abertamente como um meio de recrutar eleitores e membros. Imigração é uma boa propaganda pra eles.
Para terminar, o trabalho que você faz é admirável, mas deve ser difícil na maioria das vezes. Em algum momento você já pensou em desistir de tudo?
Sim, infelizmente é quase sempre o caso.
Saiba mais sobre o EXIT Deutschland aqui.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Dois nazis a menos?

Gerenciando centenas de perfis falsos, os dois mentores do site www.silviokoerich.com , Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello, acreditavam que jamais seriam presos no Brasil. Em seu discurso de ódio, atacaram o deputado Jean Wyllys, membros da Polícia Federal, de associações de Direitos Humanos e de outras entidades, inclusive de monitoramento da rede, pensando que por registrarem seu site na Malásia, estaria livres da competência do Delegado Fúlvio Cardinelli.

Responsáveis  por inúmeras postagens criminosas de incitação ao ódio e à violência contra diversos setores da população, o site desencadeou mais de 70 mil denúncias, e finalmente eles foram presos.Esperamos que presos fiquem, que sejam condenados, que paguem exemplarmente pelos crimes de ódio. No Brasil, não. Dr. Fúlvio Cardinelli, parabéns. Minha admiração pela PF aumenta a cada dia.

Espero que o neonazistas de plantão percebam que a impunidade não existe. Pessoas como o  Dr. Fúlvio Cardinelli não deixarão vocês impunes.

Aos que leram o site dos dois parasitas psicopatas e absorvem vasta literatura de ódio na rede informo que a causa de você não ter um emprego num país com uma das menores taxas de desemprego do mundo, em todos os tempos não é culpa de nenhum grupo, de nenhuma etnia, é da porcaria que você está lendo mesmo.
Comece a ler coisa melhor. Que tal Foucault, em Por uma vida não fascista?

Abraços,

Finalmente, presos


 ABGLT agradece e parabeniza a “Operação Intolerância” da Polícia Federal


A ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, vem por meio deste agradecer e congratular a Polícia Federal pela “Operação Intolerância”, que resultou na prisão de Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello, responsáveis pelas postagens criminosas de incitação ao ódio e à violência contra diversos setores da população, inclusive a população LGBT, no sitewww.silviokoerich.com

Os conteúdos do site e blogs associados incluíram a incitação à cura das lésbicas através do “estupro corretivo”, à morte de lésbicas e gays, além de incentivar outras formas de discriminação, dando inclusive instruções passo a passo.

Estendemos nossos agradecimentos especiais ao Delegado Fúlvio Cardinelli e equipe por sua atuação na Operação, e também agradecemos à instituição Safernet Brasil, à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, ao Ministério Público Federal, à Procuradoria-Geral da República, ao Ministério da Justiça e ao Núcleo de Cibercrimes da Polícia Civil em Curitiba, que atenderam nossas solicitações de tomada de providências (em anexo e abaixo).   Dentro da ABGLT, agradecemos ao Márcio Marins, Secretário da ABGLT para a Região Sul e Conselheiro do Conselho Nacional de Segurança Pública, por seu empenho em prestar as informações necessárias à polícia e, na pessoa dele, agradecemos também a todas e todos que encaminharam para a ABGLT as denúncias sobre o site.

Juntos e juntas por um Brasil sem homofobia, e que não haja discriminação e violência contra qualquer cidadã ou cidadão.

Não tenham medo de denunciar!

Curitiba, 22 de março de 2012.

ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.

terça-feira, 20 de março de 2012


Caçada a atirador continua na França; ataque a escola teria sido filmado

Ministro francês disse temer que responsável pelos assassinatos mate mais pessoas


O atirador que matou três crianças e um rabino em uma escola judaica na França teria filmado o ataque, de acordo com o ministro do Interior francês, Claude Gueant. A polícia ainda não encontrou o responsável pelas mortes, mas disse que a arma usada no atentado desta segunda-feira (19/03) seria a mesma de um ataque a três soldados na semana passada: um revólver Colt 45.

Gueant afirmou à imprensa que imagens das câmeras de vigilância da escola, em Toulouse, mostraram que o atirador estava gravando seu tiroteio com uma pequena câmera de vídeo presa ao seu pescoço. "Isso adiciona um outro elemento ao perfil do assassino. É alguém que é cruel o suficiente para gravar", disse Gueant em uma escola primária na cidade do sudoeste da França. "Mostra um perfil do assassino como alguém que é muito frio, muito determinado, com gestos precisos e, portanto, muito cruel. Temo que ele realize outros ataques", acrescentou o ministro.

Ontem, milhares de franceses foram às ruas protestar contra o ataque à escola. O presidente do país, Nicolas Sarkozy, e outros principais candidatos a suspender temporariamente a campanha para a eleição presidencial no próximo mês. Sarkozy, que disse na segunda-feira que os assassinatos pareciam ser motivados por racismo, deve participar de uma vigília de um minuto em silêncio em uma escola secundária em Paris. Escolas em toda a França farão um minuto de silêncio.

Os corpos de três das vítimas, que tinham dupla nacionalidade francesa e israelense, devem ser enviados a Israel, mas nenhum detalhe sobre o horário foi divulgado.
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A autora do blog afirma que:
  1. Parece o modus operanti de um lobo solitário, adepto do movimento neu-teutonista transnacional que mata calculista e meticulosamente o maior número de vítimas do que considera "inimigos". Portanto, já deve te mantado antes, e ao se considerar impune, arrisca crimes mais difíceis. Devem ser procuradas vítimas de latrocínios e homicídios na mesma região com o mesmo tipo de arma, sem solução para os crimes. Podem haver pistas preciosas.
  2. Ele vai voltar a matar, se for um lobo solitário. Pode não ser imediatamente, mas vai.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Grife neonazista causa revolta ao batizar loja com nome de atirador norueguês




George El Khouri Andolfato
Em um ato de provocação aparentemente deliberado, a grife Thor Steinar, popular entre os neonazistas alemães, abriu uma loja na cidade de Chemnitz, no leste da Alemanha, que leva um nome quase idêntico ao do assassino em massa norueguês de extrema direita Anders Behring Breivik, responsável pela morte de dezenas de pessoas, incluindo um grande número de jovens, em 22 de julho do ano passado.


A grife abriu uma loja chamada “Brevik” na cidade na última quinta-feira, provocando ultraje na Alemanha e na Noruega por causa do nome. O jornal alemão “Die Welt” relata que a empresa defendeu o nome, notando que cada uma de suas lojas leva o nome de uma cidade norueguesa. Brevik é uma cidade localizada ao sul de Oslo, com cerca de 2.700 habitantes. Segundo o jornal, a empresa abriu uma loja com o mesmo nome vários anos antes do atentado a bomba por Anders Behring Breivik contra um prédio do governo em Oslo, e em seguida se passando por um policial e matando 77 pessoas em um acampamento político de verão para jovens na ilha Utoya.

A inauguração da loja já tinha enfurecido muitos em Chemnitz, onde moradores e autoridades estão preocupados com o dano que sua abertura pode causar à reputação da cidade, tanto na Alemanha quanto no exterior.

"Escandaloso"

 “Está fora de questão uma loja ter esse nome”, disse Katja Uhlemann, a porta-voz da prefeitura, ao site do “Die Welt”. “Nós já contatamos o proprietário do imóvel e planejaremos todos os passos necessários para o fechamento daquele estabelecimento o mais rápido possível.”

Contatado por vários jornais, o proprietário do prédio disse que foi enganado na época da assinatura do contrato de aluguel e que não sabia que um outlet da Thor Steinar seria aberto no local.

Segundo o jornal, Hanka Kliese, uma integrante do parlamento estadual pelo Partido Social Democrata de centro-esquerda, tem um escritório localizado a poucos metros da loja. “Esse nome escandaloso mostra uma nova qualidade na agressão, extremismo de direita e na capacidade de violência da Thor Steinar”, disse ela ao “Die Welt”. “Nós agora sabemos com quem estamos lidando.” Kliese acusou o governo estadual da Saxônia, onde o Partido Nacional Democrático de extrema direita tem cadeiras no parlamento, de fazer muito pouco para combater o extremismo de direita.

Nos últimos meses, a Saxônia tem atraído atenção devido ao Estado ter sido por muito tempo lar de uma célula terrorista neonazista que assassinou nove imigrantes e uma policial. O grupo viveu por algum tempo tanto em Chemnitz quanto na próxima Zwickau durante seus anos escondido.

Na segunda-feira, milhares de moradores de Chemnitz se reuniram para protestar contra o extremismo de direita e os neonazistas na cidade. A prefeita da cidade, Barbara Ludwig, disse ao jornal local “Freie Presse” que 2.000 pessoas se reuniram no centro para enviar uma “mensagem de uma Chemnitz pacífica, cosmopolita, diversa e tolerante, na qual não há lugar para os nazistas”. O protesto fez parte da recordação dos 67 anos da destruição da cidade, durante a Segunda Guerra Mundial.

Segundo o “Freie Presse”, a Noruega há muito busca se distanciar da grife alemã Thor Steinar, que já usou a bandeira norueguesa e outros símbolos nórdicos em suas roupas no passado. “Nós consideramos lamentável que a Thor Steinar use nomes de locais noruegueses visando associar a Noruega à Thor Steinar e à cena da extrema direita”, disse Anne-Kirsti Wendel Karlsen, da embaixada norueguesa em Berlim, ao jornal. “Atuando a pedido de várias comunidades, nós solicitamos que os nomes de cidades norueguesas não fossem usados. Mas infelizmente não dispomos de nenhum recurso legal para levar a questão à Justiça.”

No fim de semana, importantes jornais noruegueses, incluindo “Verdens Gang” e “Aftenposten”, noticiaram a abertura da loja.

quarta-feira, 7 de março de 2012

No Chile...


Na madrugada de sábado 03, Daniel Zamudio, de 24 anos, foi encontrado no Parque San Borja, no centro de Santiago, no Chile, com graves ferimentos após ser atacado por neonazistas, segundo os jornais e sites chilenos.
Daniel está em coma induzido. O jovem foi golpeado com objetos contundentes que causaram lesões graves na cabeça e no rosto. Ele também foi marcado no corpo com suásticas e teve parte de uma das orelhas arrancada.
A família revelou que Daniel estava recebendo ameaças de grupos neonazistas e que havia relatado ter sido vigiado em uma casa noturna.
Pelo Twitter, o cantor Ricky Martin demonstrou seu apoio ao rapaz e repúdio ao ato selvagem. “Chega de ódio, chega de discriminação. Espero que se faça justiça JÁ. Muita luz para Daniel e sua família #forçadanielzamudio.”