Hoje eu vou postar uma análise muito bem feita do blog Crítica (non)sense da 7Arte, cuja fonte está originalmente em http://moviesense.wordpress.com/2013/10/11/lore/.
Vi o filme ontem com Marcelo, e sem dúvida, a crítica está perfeita, sem os comentários absurdos que achei pela rede, que nem vou replicar aqui, desde negacionistas de plantão até gente que não consegue compreender que andar 900 km numa floresta na década de 40, co outros irmãos pequenas é uma tarefa épica. Sinto, mas a mediocridade me incomoda. Não a ignorância, que esta tem jeito: livros e informação. Mas, o medíocre, aquele que acha q tem razão, baseando-se numa "opinião" dada pelo preconceito fomentado pelo refratarismo, sinto, não tenho tempo, nem paciência.
Vamos ao filme?
Uma época trágica, de grande sacrifício e perdas sempre tem muitas histórias impressionantes. Algumas contadas com muito mais frequência que outras. Lore é um destes filmes que conta algumas destas histórias menos conhecidas. Normalmente, quando lembramos do final da Segunda Guerra Mundial, somos apresentados a histórias de guerra heroicas, ou sobre algum sacrifício envolvendo a sobrevivência de judeus. Mas o que aconteceu com os filhos de alemães que se envolveram diretamente com o nazismo? Esta história pouco ou nada contada é o foco desta produção impressionante.
A HISTÓRIA: Enquanto toma banho e penteia o cabelo de forma enérgica, Lore (Saskia Rosendahl) conta os passos de um jogo de amarelinha que leva do inferno até o céu. A irmã dela, Liesel (Nele Trebs) está brincando, fora de casa, quando o cão da família começa a latir. Elas estão na Alemanha nazista. Lore olha pela janela, e vê que um caminhão do Exército alemão chegou. Descendo a escada, ouve a mãe, Asta (Ursina Lardi), e o pai, Peter (Hans-Jochen Wagner), conversando. Ele diz que eles poderão levar apenas o que couber no caminhão. Asta não parece satisfeita. Em pouco tempo, Lore, Liesel, os gêmeos Gunter (André Frid) e Jürgen (Mika Seidel) e o bebê Peter (Nick Holaschke) fogem com a mãe. Este será apenas o início do calvário desta família de alemães no final da Segunda Guerra Mundial.
VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes deste filme, por isso eu recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Lore): Uma ótima direção se percebe nos detalhes, em cada escolha de cena e no estilo da narrativa. Por isso mesmo, o trabalho da diretora Cate Shortland chamou a minha atenção logo nos primeiros minutos, com os enquadramentos e os cortes da narrativa diferenciados, poéticos, belos e rítmicos que mostravam o cotidiano de Lore e da família dela.
Esta característica no trabalho de Shortland se mantém durante todo o filme. Em vários momentos o espectador é surpreendido com um ângulo diferenciado, o foco em um detalhe da cena ou na interpretação dos ótimos atores envolvidos. Mas apenas uma ótima direção não é suficiente para fazer um grande filme. É peça fundamental também o roteiro. E Lore, para a nossa alegria, tem um trabalho primoroso de Shortland com Robin Mukherjee, que trabalharam sobre uma das três histórias contadas no livro The Dark Room, de Rachel Seiffert.
Mergulhamos na vida da família da protagonista quando eles devem abandonar a casa da família porque o Terceiro Reich está por um triz. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Esses momentos de ruptura sempre guardam uma força narrativa impressionante. Ainda mais quando não se trata da ruptura na vida de apenas uma pessoa. Mas, neste caso, de uma família e de uma nação. Quando Shortland escolhe acompanhar de perto, muito perto a Lore, que rapidamente acaba virando a líder daquela família de alemães, ela convida o espectador a ficar tão perplexo quanto aqueles “inocentes” personagens sobre tudo o que vai se descortinar aos poucos à frente de seus olhos.
A alegoria deste filme é envolvente e fascinante. Normalmente, como eu disse lá no início, somos apresentados às histórias das principais vítimas do extermínio nazista. Principalmente ao drama dos judeus. Ou então à histórias de heróis de guerra. Todas elas muito importantes, não tenho dúvida alguma. Especialmente a das vítimas do regime nazista. Afinal, só mesmo fazendo o registro histórico daqueles fatos absurdos e volta e meia relembrando o que aconteceu para tentar não repetir os mesmos erros. Ainda assim, eu sempre tive uma grande curiosidade para saber mais sobre a história menos contada.
E ela envolve o povo alemão. Alguns filmes abordaram esta ótica da história, mas eles são pouco frequentes – um exemplo relativamente recente foi Good, que tem uma crítica aqui no blog. Desde que comecei a estudar sobre a II Guerra Mundial na escola, sempre quis saber mais sobre a ótica dos alemães. Afinal, como eles permitiram que um regime como o nazista fizesse os absurdos que fez? A maioria sabia o que estava acontecendo, de fato, incluindo os campos de extermínio, ou eram enganados pela eficaz propaganda nazista? Quantos se preocupavam mais com o êxito econômico do regime e ignoravam, propositalmente, a “limpa racial” que acontecia paralelamente?
Nunca tive respostas satisfatórias para estas perguntas. E por mais que a Alemanha tenha se recuperado muito bem da divisão do país e de todas as sanções que vieram após o fim da guerra, é evidente que as cicatrizes naquele país continuam abertas. Pois bem, Lore ajuda a contar um pouco desta história menos conhecida. Através da história ficcional de Lore e de sua família, acompanhamos a luta pela sobrevivência dos herdeiros de um comandante nazista, responsável pela operação em um dos vários campos de extermínio.
Apesar de ser uma ficção, este filme tem uma história muito convincente e que, quem sabe, não guarda um bom paralelo na vida real? Para mim, uma das características mais marcantes do filme é que temos uma divisão fundamental entre os adultos e as crianças desta história. A maioria dos velhos sabia muito bem o que estava acontecendo, e lamentaram a morte de Hitler e o fim da Alemanha como eles conheciam. Mas os jovens e as crianças viviam na ignorância, acreditando na história que os seus familiares contavam – e nestas histórias, claro, Hitler era um semi-deus, perfeito, e não havia nada de horror nazista.
Desta forma, a trajetória de Lore e de seus irmãos, com tudo o que acontece ao redor deles, nos leva pelas mãos para mergulhar na transição entre a alegoria da infância e da inocência/ignorância para a passagem para a vida adulta e para o confronto com a dura realidade, seus crimes e imperfeições. Nem todas as crianças passam pelo mesmo choque, ou conseguem ter a mesma leitura da realidade. O que parece ter acontecido com a população da Alemanha que acaba sendo dividida em diversos setores.
Quando Asta decide deixar os filhos e recomenda que Lore procure a avó deles, perto de Husum, no Norte da Alemanha, quase na fronteira com a Dinamarca, ela faz isso antes que os Aliados a encontrem. Ela sabe que será presa e que os seus filhos serão levados, ou ficarão desprotegidos. Certo que o abandono de Asta também não ajuda nada aos filhos. Pelo contrário.
Impressionante a força da protagonista, interpretada pela fantástica Saskia Rosendahl, para levar a família adiante. E ela também tem sorte. Sim, porque se não tivesse encontrado pelo caminho a Thomas (Kai-Peter Malina), dificilmente Lore e os irmãos teriam chegado tão longe. E a aparição daquele jovem na história apenas torna ela mais interessante, criando a tensão sexual e o perigo constante que fazem o espectador esperar pelo pior a qualquer momento.
Lore encontra Thomas em uma casa onde, bem próximo dali, uma mulher havia sido estuprada e morta. Ele seria o culpado? Esta pergunta ficou na minha mente a partir de então. Rapaz de poucas palavras, mas de olhar fixo em Lore, Thomas é uma incógnita. Até que começa a defender aquela família – para, ele também, é preciso dizer, seguir adiante. Mas não sabemos até quando aquela paz aparente entre filhos de alemães e um judeu sobrevivente vai persistir.
A impressão que o roteiro nos dá é que a missão que Lore recebe da mãe é bastante absurda. Logo no início eu tive a impressão de que ela praticamente teve que cruzar o país carregando os irmãos. Quando a avó pergunta para Lore de onde eles estavam vindo, ela diz que eles tinham saído da Floresta Negra. Pois bem, procurando a distância entre a Floresta Negra, que fica no Sul da Alemanha, perto da Suíça, e a cidade de Husum que, como eu disse antes, fica ao Norte, vi que a protagonista desta história percorreu uma distância que hoje é medida entre 880 quilômetros e 930 quilômetros – dependendo da rota adotada. Imaginaram fazer boa parte desta distância à pé e sem dinheiro?
Neste caminho, a protagonista e os demais personagens nos apresentam a realidade da Alemanha logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Havia muita fome, violência, mortes e controle do movimento e da vida das pessoas. O país foi dividido entre os vencedores, e os alemães eram vistos com desconfiança. Quem teve ligação com o regime nazista foi perseguido, julgado, morto ou exilado. Claro que as pessoas ligadas ao nazismo cometeram absurdos, mas será mesmo que todos os alemães podiam ser considerados culpados pelo que aconteceu?
Interessante, e o filme mostra bem isso, que os próprios alemães se tratavam de forma desigual. Fica evidente que muitos adultos, que provavelmente discordavam dos caminhos da ditadura de Hitler, passaram a tratar com desconfiança os seus pares com o fim da guerra. Quando descobriam a ligação das pessoas com o regime, como é o caso dos camponeses que vivem perto da família quando ela se refugia após sair de casa, reagem com repúdio e discriminação. Sob esta ótica, a história do filme sugere que nem todos pensavam igual na Alemanha nazista. E o clima que percebemos, com o fim da guerra, é de “cada um por si e salve-se quem puder”.
Havia alguma solidariedade, como os centros para ajuda onde as pessoas podiam tomar banho e pegar alguma comida, mostrado quase no meio do filme. Mas esta “solidariedade” era acompanhada de uma exigência: os alemães deveriam olhar várias fotos que mostravam o Holocausto. E aí outra parte do roteiro interessante: a reação de muitas pessoas que, mesmo colocadas frente ao inevitável, seguiam negando que aquilo havia ocorrido. Algo que continua até hoje – a incrível negação da realidade abominável daqueles anos.
Neste momento do filme, Lore vê pela primeira vez a história perfeita contada por sua família começar a ruir. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Ela acredita que identificou o pai em uma foto de um campo de extermínio. Mais tarde, ao confirmar a impressão, ela se desfaz das “provas”. E vive o conflito que muitos alemães viveriam naqueles anos e nas gerações seguintes: afinal, em que história eles deveriam acreditar? No caso de Lore, naquela que a mãe e o pai sempre lhe contaram, ou naquela que ela começa a perceber ao ter que cruzar a Alemanha carregando os irmãos?
Quando Lore percebe que o caminho deles acaba ficando quase impossível de ser separado do de Thomas, as dúvidas apenas crescem. Afinal, ele é um judeu, um parasita, enganador, conforme ela sempre aprendeu em casa. Evidente que a garota sente atração e repúdio em relação a ele, em uma mistura entre o que ela aprendeu até então e a sua nova fase, de entrada na vida adulta. Ao mesmo tempo, me impressionou a atitude de Thomas, de ajudar Lore e aos irmãos, mesmo eles sendo “inimigos”.
E aí surge uma das reflexões do filme. Afinal, aqueles descendentes de nazistas mereciam ser punidos? Thomas deveria se vingar deles pelo que os pais haviam feito? Evidente que não. Mas daí a ajudá-los por tanto tempo… acabei temendo pelo que pudesse acontecer no final da história. Na dúvida se ele estava fazendo aquilo por altruísmo ou com alguma intenção ruim bem camuflada.
Mas voltando para a peregrinação de Lore, que também foi sentimental e filosófica – mais que apenas de uma longa viagem. Em um certo momento do filme, na troca de diálogos mais poderosa do roteiro, quando Thomas está ameaçando ir embora, a protagonista lhe confronta dizendo que ele é um mentiroso compulsivo, que não consegue evitar a mentira. Inicialmente ela atribui as mentiras aos judeus – afinal, ele é um deles. Mas depois, comenta que elas estão por toda a parte. Bingo! Esta é a leitura que Lore faz a duras penas. E tanto ela, quanto Thomas e nós, sabemos que ela não está se referindo apenas aos judeus, mas a todas as mentiras que pairam naquela Alemanha que ela não conhecia.
Pouco depois, temos uma outra grande surpresa no roteiro – ela não seria a primeira, e nem a mais forte delas. Quando descobrimos que Thomas andava com documentos que não eram dele, uma série de perguntas para as quais nunca teremos respostas se abrem. Afinal, ele não era realmente judeu? Ou ele era judeu e apenas andava com os documentos de outro homem? Não é a impressão que Jürgen passa quando conta a Lore que o rapaz usava documentos de um judeu porque os americanos gostavam deles. Mas se ele não era judeu, porque havia sido preso? Sim, porque ele tinha no braço os números de quem havia passado por um campo de concentração. Se ele não havia sido preso porque era judeu, ele fazia parte de que grupo de perseguidos? Nunca saberemos.
Mas esta revelação abre um precedente de dúvidas interessante. Toda a generosidade que Thomas parecia ter sido capaz de fazer, como judeu, ajudando a filhos de alemães que haviam perseguido o seu povo, poderia ser falsa. Talvez ele fosse um comunista, ou um homossexual – por isso ele havia rejeitado Lore? Não importa. E talvez seja essa uma das principais mensagens deste filme. Tanto ninguém deveria ser perseguido por ter uma determinada característica, como a generosidade que aquele rapaz é capaz de ter não deve ser atribuída a um determinado grupo. As pessoas sempre são responsáveis pelos seus atos, e tem escolhas para fazer.
Sei que me alonguei demais, desta vez, mas achei este filme fascinante. E se a narrativa inteira é cheia de belas imagens, um ótimo ritmo, desempenhos marcantes dos atores e reviravoltas importantes, o que dizer do final de Lore? Achei simplesmente perfeito. Depois que ela e os irmãos tem uma perda terrível e chegam em “local seguro”, a avó deles (Eva-Maria Hagen) segue querendo seguir com os mesmos valores e a educação de antes. E afirma que os netos não devem pensar que os pais deles fizeram qualquer coisa de errado – pensamento que muitos alemães tinham após a guerra e que muitos seguiram tendo depois. Mas tudo tinha mudado.
Lore, Liesel e Jürgen não eram mais os mesmos, assim como as novas gerações daquele país. Eles estão cansados de mentiras e de regras que não valem mais. E esse sentimento de fúria e indignação não poderia ser melhor exemplificado do que na destruição que Lore faz no quarto com aqueles símbolos de um passado que tinha chegado ao fim. Genial.
NOTA: 10.
OBS DE PÉ DE PÁGINA: Tudo funciona bem neste filme. Antes, elogiei a direção diferenciada de Cate Shortland e o roteiro bem escrito e envolvente escrito por ela e Robin Mukherjee. Pois bem, mas estes são apenas alguns fatores fundamentais para Lore dar certo. Devemos acrescentar à lista a ótima, detalhista e poética direção de fotografia de Adam Arkapaw; a clássica, envolvente e emocionante trilha sonora de Max Richter; e a precisa e irretocável edição de Veronika Jenet.
Por tratar-se de um filme de época, Lore precisa que outros elementos técnicos funcionem bem para transportar o espectador para o tempo da história. Então merece ser citado o excelente trabalho de Silke Fischer e Jochen Dehn no design de produção; novamente Jochen Dehn, mas agora na direção de arte; e o de Stefanie Bieker nos figurinos. Outro aspecto técnico bem preciso, sem exageros, e que acaba tendo uma importância grande nesta produção é o da equipe de maquiagem coordenada por Ulrike Borrmann, Antje Dahm e Kathrin Westerhausen.
Fiquei tão fascinada com este filme que eu quis saber um pouco mais sobre o livro The Dark Room, de Rachel Seiffert, que inspirou o roteiro de Lore. Encontrei neste texto do The Guardian algumas informações sobre a obra. Soube, por exemplo, que The Dark Room narra três histórias diferentes ligadas pela narrativa da “perda da inocência de uma nação”. A primeira envolve um jovem alemão, Helmut, com idade para servir o exército, muito patriota, mas que é incapaz de se juntar às tropas porque tem uma paralisia parcial em um dos braços. A segunda história é a de Lore e seus irmãos. E a terceira foca Michael, um professor que vive 50 anos após o fim da guerra e que fica dividido entre o resgate do passado do avô e a falta de culpa dos alunos pelo que foi feito no passado.
Assim como me interessei por The Dark Room, procurei saber mais sobre esta incrível diretora Cate Shortland. Pois bem, ela é australiana e tem 45 anos. Estreou na direção em 1998 com o curta Pentuphouse. Depois, ela dirigiria outros dois curtas e capítulos de duas séries de TV antes de estrear no comando de um longa-metragem. Essa estreia em longas ocorreu em 2004 com Somersault, um filme que eu não assisti mas que, pelo que eu li rapidamente, aborda amor e sexo. Dois anos depois, surgiria The Silence, um filme feito para a TV e, no ano passado, este Lore.
Outro nome que me impressionou neste filme foi o da protagonista Saskia Rosendahl. E o mais incrível: Lore foi o seu primeiro papel no cinema! Uau!! Depois desta estreia, a atriz que fala alemão, inglês e espanhol e sabe tocar violão participou de outras quatro produções, sendo uma delas feita para a TV. Além dela, achei excelente o trabalho de Kai-Peter Malina como Thomas. Os dois ajudam a sustentar o filme.
Lore estreou no Festival Internacional de Cinema de Sydney em junho de 2012. Depois, o filme participaria de outros 21 festivais. Número impressionante. Nesta trajetória, ele ganhou 17 prêmios e foi indicado a outros 23. Entre os prêmios que recebeu, destaque para os de Melhor Diretora para Cate Shortland e Melhor Atuação de um Jovem Ator para Saskia Rosendahl conferidos pelo Círculo de Críticos de Cinema da Austrália; Melhor Filme segundo os críticos do Festival de Cinema de Hamburgo; Prêmio do Público para Cate Shortland no Festival Internacional de Cinema de Locarno; Melhor Atriz para Saskia Rosendahl, Melhor Direção de Fotografia, Melhor Trilha Sonora e Melhor Filme no Festilva de Cinema de Estocolmo; e Melhor Novo Diretor para Cate Shortland no Festival Internacional de Cinema de Valladolid. Só para citar os principais.
Falando em prêmios, Lore foi o indicado da Austrália para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro na edição 2013. Mas não chegou até a lista dos cinco finalistas. Lembrando quem chegou na reta final: Amour, No, Rebelle, En Kongelig Affaere e Kon-Tiki. Destes, assisti apenas ao premiado Amour e também a Kon-Tiki. Amour, de fato, é maravilhoso. Mas entre Lore e Kon-Tiki, sem dúvida prefiro o primeiro. Assim, posso dizer que foi uma pena o filme, que é uma coprodução da Austrália, Alemanha e Reino Unido, não ter chegado até a lista de finalistas do Oscar.
Lore teria custado 4,3 milhões de euros e faturado, nas bilheterias dos Estados Unidos, quase US$ 969 mil. E na Austrália, pouco mais de 296,5 mil dólares australianos. Tem que ver o desempenho no restante dos mercados, acumulado. Mas os dados disponíveis são preocupantes e mostram que o filme pode não ter lucro.
Apesar de ser uma produção de três países, Lore foi totalmente rodado na Alemanha, em diferentes cidades.
Os usuários do site IMDb deram a nota 7 para Lore. Uma boa avaliação para o padrão do site, mas nada muito excepcional. Os críticos que tem os textos linkados no Rotten Tomatoesdedicaram 92 textos positivos e sete negativos para a produção, o que lhe garante uma aprovação de 93% e uma nota média de 7,6. Poucas vezes vi os críticos darem uma nota melhor que o público. Esta é uma destas ocasiões.
Encontrei dois cartazes de Lore. E admito que fiquei em dúvida por bastante tempo sobre qual eu deveria colocar aqui. Escolhi o que abre esta crítica, mas admito que gostei muito do outro também. Oh, dúvida cruel! Acabei escolhendo o cartaz alemão, mas o que foi para os Estados Unidos era mais impactante. Só que como trazia a bandeira nazista, poderia dar a impressão que era algum tipo de “propaganda”. Talvez por isso que o filme não tenha se saído também nos EUA.
CONCLUSÃO: Saber mais sobre o nosso passado é algo fundamental. Não apenas para entender como chegamos até aqui, mas também para aprender com os erros e com a dor para que eles não se repitam mais. E por mais que você achei que não tem nada a ver com a Alemanha nazista, toda a civilização moderna foi influenciada em maior ou menor grau por aqueles fatos. Por isso mesmo, acho tão impressionante quando um filme como Lore tem a coragem de voltar atrás na história para fazer um libelo impressionante sobre marcas que aquela época deixou em pessoas inocentes.
Filmes históricos sempre valem a pena. Especialmente quando tem como característica principal resgatar a vida de pessoas comuns e o que elas aprenderam com a dura realidade que viveram. Lore tem uma história impressionante, na qual não sobra nenhuma linha – seja de diálogos, seja da narrativa. Muito bem dirigido e com ótimos atores, este filme é um libelo a um futuro sem os absurdos que vivemos em diversas fases do passado. Imperdível.
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