Plantão Publicada em 23/04/2008 às 11h47m BBC
Um novo brinquedo vem causando polêmica na Ucrânia mesmo antes de chegar às lojas oficialmente: um boneco de Adolf Hitler.
A réplica de 40 centímetros do líder nazista é vendida dentro de uma caixa com os anos de nascimento e morte dele e vem acompanhada de quatro opções de roupas, desde o estilo do jovem Hitler até o jaquetão que ele usava durante a Segunda Guerra Mundial.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Neonazismo: aqui e em Israel
:Daniel Benjamin Barenbein *
A melhor expressão para definir este fenômeno é o que usou a esposa de um amigo meu não-judeu quando conversávamos em um encontro de ex-colegas de faculdade: “parece que esta praga não morre”.Não, não morre. Ela vive. Se transmuta, adquire novas formas, e às vezes volta nas antigas e clássicas mesmo.Nos últimos anos vimos a doença infestar o islamismo criando até o termo islamofascismo. Sempre o mesmo, só que com roupagem diferente: em vez de uma raça, uma religião superior, uma luta contra os valores ocidentais, contra a moral e a consciência, e uma cruzada e guerra mundial que não vê inocentes, não conta vítimas e que tudo pode, de homens-bomba a mísseis, passando por aviões-camicases.Mas como se não bastasse já nos dar esta tremenda dor de cabeça neste upgrade, o neonazismo resolveu adaptar a sua versão clássica aos tempos modernos: seja os neonazistas do time gaúcho do Grêmio, a Frank Weltner e seu odioso site Jew Watch (Vigiando os Judeus), que desastrosamente está entre os primeiros no site de procura Google, quando se digita a palavra “Jew” (uma das formas inglesas de se escrever judeu). Justamente para tentar reverter este quadro, é que o De Olho Na Mídia está com uma petição em seu site, pedindo que o Google procure reverter esta situação. Porém, uma coisa tínhamos como certeza absoluta. Temos um porto seguro. Um lugar onde isto não nos atinge: Israel. Agora, nem mais isso temos. Por incrível e absurdo que possa parecer, os neonazistas atacam agora também no Estado judeu.Como isso foi possível? Muito simples. Por conta de uma lei que é bonita na teoria, mas cheia de buracos na prática. Ao definir que até netos de judeus foram considerados pertencentes à “raça” e mortos por Hitler, I’S”, portanto, deveriam ser assim considerados para serem salvos pelo Estado judeu, uma encrenca do tamanho do mundo foi criada.Começando pelo fato de que entra em choque direto com a definição religiosa judaica de quem pertence a este povo. Nenhuma linha ou corrente religiosa aceita este padrão. Para o judaísmo, judeu é aquele que nasce filho de uma mãe judia ou passa por um processo de conversão.Segundo e mais importante em nosso caso: boa parte destas pessoas não tem vínculo algum com o judaísmo, interesse algum em ser visto como judeu, já perderam qualquer conexão com a religião.Porque vieram então? No caso mais grave de falha da "lei do retorno", centenas de milhares de russos não-judeus entraram em Israel para escapar da miséria russa e receber benefícios no novo país, as vezes para isso até forjando documentos e/ou conversões ao judaísmo.Com isto, além de trazerem drogas, prostituição, máfia, crimes, entre outras coisas que poderíamos mencionar, e não se enquadrarem como judeus (dos cerca de 1,2 milhões de imigrantes russos, cerca de 300.000 não se consideram abertamente judeus, bairros cristãos inteiros se vêem nas regiões em que vivem russos e etc.), também conseguiram a proeza de importar neonazismo.Mas a culpa é nossa, não deles. Eles fizeram o seu papel. Nós deixamos isso acontecer e contrariamos mais uma vez uma lei da Torá, achando que poderíamos contar uma “coisinha aqui e ali”, e estamos pagando um preço muito alto por isso. O neonazismo em todas as suas formas. Para completar, estupefato hoje leio que o presidente norte-americano George Bush disse que não vai apoiar a lei que tramita no Congresso para reconhecer o genocídio perpetrado pelos turcos contra os armênios no começo do século para não desagradar os aliados turcos no Oriente Médio. Que triste dia este. Em que por fatores políticos, por interesses momentâneos, por alinhamentos e convenções, se está disposto a fazer revisão da história. E quem nega um genocídio, pode negar todos, inclusive o Holocausto.A sombra do mal está a espreita, cada vez avançando mais e mais e encobrindo a luz da bondade e da fraternidade. Vamos ficar de braços cruzados ou vamos agir? A decisão começa com você leitor. Uma pessoa é um mundo. E o mundo está em perigo. Você e só você pode salvá-lo. Haja, antes que seja tarde demais.
* Daniel Benjamin Barenbein é jornalista, trabalha no site de combate a distorção na imprensa, "De Olho na Mídia" (www.deolhonamidia.org.br). É coordenador do movimento juvenil Betar de SP e exerce voluntariamente cargos de Hasbará na Organização Sionista de São Paulo, Espaço K e Aish Brasil, e orador nas sinagogas Beit Menachem e Kehilat Achim Tiferet. É sheliach da comunidade de Belém do Pará. Possui um livro publicado na internet sobre neonazismo digital: www.varsovia.jor.br
A melhor expressão para definir este fenômeno é o que usou a esposa de um amigo meu não-judeu quando conversávamos em um encontro de ex-colegas de faculdade: “parece que esta praga não morre”.Não, não morre. Ela vive. Se transmuta, adquire novas formas, e às vezes volta nas antigas e clássicas mesmo.Nos últimos anos vimos a doença infestar o islamismo criando até o termo islamofascismo. Sempre o mesmo, só que com roupagem diferente: em vez de uma raça, uma religião superior, uma luta contra os valores ocidentais, contra a moral e a consciência, e uma cruzada e guerra mundial que não vê inocentes, não conta vítimas e que tudo pode, de homens-bomba a mísseis, passando por aviões-camicases.Mas como se não bastasse já nos dar esta tremenda dor de cabeça neste upgrade, o neonazismo resolveu adaptar a sua versão clássica aos tempos modernos: seja os neonazistas do time gaúcho do Grêmio, a Frank Weltner e seu odioso site Jew Watch (Vigiando os Judeus), que desastrosamente está entre os primeiros no site de procura Google, quando se digita a palavra “Jew” (uma das formas inglesas de se escrever judeu). Justamente para tentar reverter este quadro, é que o De Olho Na Mídia está com uma petição em seu site, pedindo que o Google procure reverter esta situação. Porém, uma coisa tínhamos como certeza absoluta. Temos um porto seguro. Um lugar onde isto não nos atinge: Israel. Agora, nem mais isso temos. Por incrível e absurdo que possa parecer, os neonazistas atacam agora também no Estado judeu.Como isso foi possível? Muito simples. Por conta de uma lei que é bonita na teoria, mas cheia de buracos na prática. Ao definir que até netos de judeus foram considerados pertencentes à “raça” e mortos por Hitler, I’S”, portanto, deveriam ser assim considerados para serem salvos pelo Estado judeu, uma encrenca do tamanho do mundo foi criada.Começando pelo fato de que entra em choque direto com a definição religiosa judaica de quem pertence a este povo. Nenhuma linha ou corrente religiosa aceita este padrão. Para o judaísmo, judeu é aquele que nasce filho de uma mãe judia ou passa por um processo de conversão.Segundo e mais importante em nosso caso: boa parte destas pessoas não tem vínculo algum com o judaísmo, interesse algum em ser visto como judeu, já perderam qualquer conexão com a religião.Porque vieram então? No caso mais grave de falha da "lei do retorno", centenas de milhares de russos não-judeus entraram em Israel para escapar da miséria russa e receber benefícios no novo país, as vezes para isso até forjando documentos e/ou conversões ao judaísmo.Com isto, além de trazerem drogas, prostituição, máfia, crimes, entre outras coisas que poderíamos mencionar, e não se enquadrarem como judeus (dos cerca de 1,2 milhões de imigrantes russos, cerca de 300.000 não se consideram abertamente judeus, bairros cristãos inteiros se vêem nas regiões em que vivem russos e etc.), também conseguiram a proeza de importar neonazismo.Mas a culpa é nossa, não deles. Eles fizeram o seu papel. Nós deixamos isso acontecer e contrariamos mais uma vez uma lei da Torá, achando que poderíamos contar uma “coisinha aqui e ali”, e estamos pagando um preço muito alto por isso. O neonazismo em todas as suas formas. Para completar, estupefato hoje leio que o presidente norte-americano George Bush disse que não vai apoiar a lei que tramita no Congresso para reconhecer o genocídio perpetrado pelos turcos contra os armênios no começo do século para não desagradar os aliados turcos no Oriente Médio. Que triste dia este. Em que por fatores políticos, por interesses momentâneos, por alinhamentos e convenções, se está disposto a fazer revisão da história. E quem nega um genocídio, pode negar todos, inclusive o Holocausto.A sombra do mal está a espreita, cada vez avançando mais e mais e encobrindo a luz da bondade e da fraternidade. Vamos ficar de braços cruzados ou vamos agir? A decisão começa com você leitor. Uma pessoa é um mundo. E o mundo está em perigo. Você e só você pode salvá-lo. Haja, antes que seja tarde demais.
* Daniel Benjamin Barenbein é jornalista, trabalha no site de combate a distorção na imprensa, "De Olho na Mídia" (www.deolhonamidia.org.br). É coordenador do movimento juvenil Betar de SP e exerce voluntariamente cargos de Hasbará na Organização Sionista de São Paulo, Espaço K e Aish Brasil, e orador nas sinagogas Beit Menachem e Kehilat Achim Tiferet. É sheliach da comunidade de Belém do Pará. Possui um livro publicado na internet sobre neonazismo digital: www.varsovia.jor.br
domingo, 13 de abril de 2008
Amnistía Internacional denuncia desidia de autoridades ante racismo
Madrid (España), 10 abr (EFE).- Amnistía Internacional (AI) denunció que la falta de interés del Gobierno español y de las autoridades judiciales por combatir la xenofobia ha provocado que este tipo de agresiones pasen desapercibidas en España y que sus víctimas sean "invisibles". En la presentación del informe "España, entre la desgana y la invisibilidad", el director de AI España, Esteban Beltrán, explicó que, según el Informe Raxen se producen 4.000 ataques racistas cada año, que no se conocen porque el Gobierno no publica los datos oficiales de estos delitos, algo que sólo ocurre en otros cuatro países de la UE. Los españoles perciben la inmigración como el tercer problema social y sólo el 0,7 por ciento considera que existe racismo y que es un problema, según datos del último sondeo del Centro de Investigaciones Sociológicas (CIS). El mismo sondeo agrega que los españoles están aumentando las actitudes hostiles hacia el colectivo de inmigrantes, desde el 8 por ciento registrado en 1997 hasta el 32 por ciento de 2004.
Amnistía Internacional denuncia desidia de autoridades ante racismo
Amnistía Internacional denuncia desidia de autoridades ante racismo
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Justiça pode bloquear WordPress no Brasil
Quinta-feira, 10 de abril de 2008 - 09h26
Reprodução Plantão INFO
A ordem é derrubar o WordPress
SÃO PAULO - Uma decisão da Justiça de São Paulo pode levar provedores a bloquear o acesso aos blogs da WordPress no país.
A 31ª Vara Civel do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que todos os provedores que atuam no país devem bloquear um blog específico do WordPress, acusado de publicar mensagens criminosas.
O Tribunal não revela o nome do blog, já que o processo corre em segredo de Justiça.
De acordo com a Abranet (Associação Brasileira de Provedores de Internet), que recebeu a ordem da Justiça, não há meios técnicos de impedir o acesso a um único blog se não bloqueando todos os serviços da WordPress no país.
A decisão, portanto, poderá deixar o serviço WordPress indisponível assim que os primeiros provedores efetuem o bloqueio. A Abranet explica que não pode deixar de cumprir uma decisão da Justiça, porém enviará carta ao Tribunal paulista explicando as dificuldades técnicas que a medida exige.
A Abranet vai sugerir à Justiça que peça diretamente ao WordPress a remoção do blog considerado criminoso.
Como controla o conteúdo hospedado em seu domínio, a WordPress poderia excluir somente o blog infrator e evitar que toda comunidade WordPress no Brasil seja afetada. Segundo a Abranet, há pelo menos um milhão de blogs brasileiros ativos no serviço Wordpress.
Reprodução Plantão INFO
A ordem é derrubar o WordPress
SÃO PAULO - Uma decisão da Justiça de São Paulo pode levar provedores a bloquear o acesso aos blogs da WordPress no país.
A 31ª Vara Civel do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que todos os provedores que atuam no país devem bloquear um blog específico do WordPress, acusado de publicar mensagens criminosas.
O Tribunal não revela o nome do blog, já que o processo corre em segredo de Justiça.
De acordo com a Abranet (Associação Brasileira de Provedores de Internet), que recebeu a ordem da Justiça, não há meios técnicos de impedir o acesso a um único blog se não bloqueando todos os serviços da WordPress no país.
A decisão, portanto, poderá deixar o serviço WordPress indisponível assim que os primeiros provedores efetuem o bloqueio. A Abranet explica que não pode deixar de cumprir uma decisão da Justiça, porém enviará carta ao Tribunal paulista explicando as dificuldades técnicas que a medida exige.
A Abranet vai sugerir à Justiça que peça diretamente ao WordPress a remoção do blog considerado criminoso.
Como controla o conteúdo hospedado em seu domínio, a WordPress poderia excluir somente o blog infrator e evitar que toda comunidade WordPress no Brasil seja afetada. Segundo a Abranet, há pelo menos um milhão de blogs brasileiros ativos no serviço Wordpress.
Marcadores:
cibercultura,
crimes cibernéticos,
WordPress
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Por dentro da empresa que dominou o mundo
Em apenas uma década, o fenômeno Google conquistou um em cada seis habitantes do planeta e tornou-se símbolo da empresa do século 21. Agora enfrenta o desafio de continuar a crescer sem perder sua cultura vencedora
Por Larissa Santana, de Mountain Viewexame
O silêncio impera nos corredores e escritórios dos 30 prédios que compõem a sede do Google, em Mountain View, uma das cidadezinhas que compõem o mítico Vale do Silício, na Califórnia. Apesar do cenário típico de parque de diversões para adolescentes -- pebolins, máquinas de fliperama e consoles do Wii estão espalhados por quase todos os andares --, os cerca de 9 000 funcionários que trabalham ali têm pouco tempo para se divertir durante o expediente. Vestidos quase sempre com jeans, camiseta e tênis, esses jovens vindos de diversas partes do mundo raramente conseguem desgrudar os olhos de seus computadores. Alguns estão tão atarefados que chegam a pendurar uma placa nada receptiva com a ordem "Keep out"(ou "Fique fora") na entrada de suas baias ou salas. Os googlers, como são conhecidos os funcionários da corporação mais descolada do mundo, estão ocupados demais em fazer girar o motor de uma empresa cujas vendas cresceram mais de 1 000% nos últimos cinco anos. As partidas de pingue-pongue ou vôlei de praia podem esperar o final do expediente...
Desde que nasceu, de um projeto acadêmico de Larry Page e Sergey Brin -- em 1998, eles eram doutorandos da Universidade Stanford --, o Google tornou-se um fenômeno sob várias perspectivas. Page e Brin não foram os primeiros a pensar num sistema de busca de informações online (já estavam no páreo Yahoo!, AltaVista e Lycos, por exemplo). Mas eles conseguiram criar modelos matemáticos que fizeram de seu produto o melhor em comparação com o que a concorrência oferecia. No oceano caótico de informações da internet, o Google conseguia estabelecer ordem, colocar prioridades.
Page e Brin também inovaram -- e essa palavra cabe aqui como nenhuma outra -- ao mudar a dinâmica da publicidade online com os links patrocinados, anúncios exibidos na lateral de suas páginas, separados dos resultados de busca, e em uma rede de sites parceiros. Como esses anúncios aparecem de acordo com os termos buscados pelos internautas, os anunciantes têm acesso a consumidores diretamente interessados em seus produtos -- e só pagam ao Google quando alguém clica em seus links. Graças a esse formato, o Google tornou-se ao mesmo tempo um gigante da tecnologia e um colosso de mídia, com faturamento superior a 16 bilhões de dólares. E o mercado anunciante, antes restrito a um grupo de empresas, ganhou dimensões inimagináveis, acolhendo desde uma montadora como a GM até a São Bento Manutenção e Obras, pequena empresa de São Paulo que oferece serviços de chaveiro, pintor e marceneiro.
Hoje, mais de 1 bilhão de pessoas usam os produtos do Google para achar informações na internet -- o que representa a proporção de um em cada seis habitantes do planeta. Sua influência na vida cotidiana dessa multidão é tamanha que o termo Google já virou verbo em dicionários de inglês, alemão, finlandês e japonês. Em português corrente, pesquisar na internet já se transformou em "googlar". (A palavra que deu origem ao nome, "googol", significa o número 1 seguido de 100 zeros, e foi criada por uma criança, um sobrinho do matemático americano Edward Kasner.) Segundo a consultoria Interbrand, a marca da empresa foi a que mais se fortaleceu em 2007, alcançando valor estimado em 17,8 bilhões de dólares e a 20a posição no ranking das mais valiosas do mundo. A expansão acelerada tornou o Google um dos maiores mercados abertos de trabalho de que se tem notícia. Em média, são contratadas 16 pessoas por dia -- atualmente a empresa emprega 17 000 funcionários em 37 países.
Tudo isso aconteceu em apenas uma década. A combinação de inovação, tecnologia pura, relação íntima com os consumidores, rapidez, informalidade, reputação e crescimento meteórico baseado na conquista das melhores cabeças espalhadas pelo mundo transformou o Google no símbolo do que é a Empresa (assim mesmo, com letra maiúscula) do século 21. Construir uma companhia inovadora é difícil. Mantê-la assim, quando se tem uma estrutura gigantesca nas mãos e uma miríade de interesses conflitantes para acomodar, é quase impossível. "Preservar a cultura da nossa empresa enquanto crescemos é definitivamente um de nossos maiores desafios", disse a EXAME Eric Schmidt, principal executivo do Google desde 2001 (leia entrevista na pág. 28).
Outras empresas, algumas vizinhas ao Google no Vale do Silício, já enfrentaram o mesmo dilema -- nem sempre com sucesso. O paralelo mais próximo dessa transformação talvez seja a trajetória da Microsoft, que após décadas de crescimento inacreditável sentiu o peso do gigantismo sobre sua capacidade de se renovar. A empresa de Bill Gates mudou o mundo de forma incontestável, fez de nerds milionários, arruinou concorrentes. Mas, com o tempo, entrou num círculo vicioso que começa e termina na perda de talentos e na dificuldade de inovar na era da internet. Foi esse cenário que levou a Microsoft a, recentemente, fazer uma oferta de 44,6 bilhões de dólares pelo Yahoo!, numa tentativa de comprar o conhecimento necessário para duelar com o Google daqui para a frente.
Por Larissa Santana, de Mountain Viewexame
O silêncio impera nos corredores e escritórios dos 30 prédios que compõem a sede do Google, em Mountain View, uma das cidadezinhas que compõem o mítico Vale do Silício, na Califórnia. Apesar do cenário típico de parque de diversões para adolescentes -- pebolins, máquinas de fliperama e consoles do Wii estão espalhados por quase todos os andares --, os cerca de 9 000 funcionários que trabalham ali têm pouco tempo para se divertir durante o expediente. Vestidos quase sempre com jeans, camiseta e tênis, esses jovens vindos de diversas partes do mundo raramente conseguem desgrudar os olhos de seus computadores. Alguns estão tão atarefados que chegam a pendurar uma placa nada receptiva com a ordem "Keep out"(ou "Fique fora") na entrada de suas baias ou salas. Os googlers, como são conhecidos os funcionários da corporação mais descolada do mundo, estão ocupados demais em fazer girar o motor de uma empresa cujas vendas cresceram mais de 1 000% nos últimos cinco anos. As partidas de pingue-pongue ou vôlei de praia podem esperar o final do expediente...
Desde que nasceu, de um projeto acadêmico de Larry Page e Sergey Brin -- em 1998, eles eram doutorandos da Universidade Stanford --, o Google tornou-se um fenômeno sob várias perspectivas. Page e Brin não foram os primeiros a pensar num sistema de busca de informações online (já estavam no páreo Yahoo!, AltaVista e Lycos, por exemplo). Mas eles conseguiram criar modelos matemáticos que fizeram de seu produto o melhor em comparação com o que a concorrência oferecia. No oceano caótico de informações da internet, o Google conseguia estabelecer ordem, colocar prioridades.
Page e Brin também inovaram -- e essa palavra cabe aqui como nenhuma outra -- ao mudar a dinâmica da publicidade online com os links patrocinados, anúncios exibidos na lateral de suas páginas, separados dos resultados de busca, e em uma rede de sites parceiros. Como esses anúncios aparecem de acordo com os termos buscados pelos internautas, os anunciantes têm acesso a consumidores diretamente interessados em seus produtos -- e só pagam ao Google quando alguém clica em seus links. Graças a esse formato, o Google tornou-se ao mesmo tempo um gigante da tecnologia e um colosso de mídia, com faturamento superior a 16 bilhões de dólares. E o mercado anunciante, antes restrito a um grupo de empresas, ganhou dimensões inimagináveis, acolhendo desde uma montadora como a GM até a São Bento Manutenção e Obras, pequena empresa de São Paulo que oferece serviços de chaveiro, pintor e marceneiro.
Hoje, mais de 1 bilhão de pessoas usam os produtos do Google para achar informações na internet -- o que representa a proporção de um em cada seis habitantes do planeta. Sua influência na vida cotidiana dessa multidão é tamanha que o termo Google já virou verbo em dicionários de inglês, alemão, finlandês e japonês. Em português corrente, pesquisar na internet já se transformou em "googlar". (A palavra que deu origem ao nome, "googol", significa o número 1 seguido de 100 zeros, e foi criada por uma criança, um sobrinho do matemático americano Edward Kasner.) Segundo a consultoria Interbrand, a marca da empresa foi a que mais se fortaleceu em 2007, alcançando valor estimado em 17,8 bilhões de dólares e a 20a posição no ranking das mais valiosas do mundo. A expansão acelerada tornou o Google um dos maiores mercados abertos de trabalho de que se tem notícia. Em média, são contratadas 16 pessoas por dia -- atualmente a empresa emprega 17 000 funcionários em 37 países.
Tudo isso aconteceu em apenas uma década. A combinação de inovação, tecnologia pura, relação íntima com os consumidores, rapidez, informalidade, reputação e crescimento meteórico baseado na conquista das melhores cabeças espalhadas pelo mundo transformou o Google no símbolo do que é a Empresa (assim mesmo, com letra maiúscula) do século 21. Construir uma companhia inovadora é difícil. Mantê-la assim, quando se tem uma estrutura gigantesca nas mãos e uma miríade de interesses conflitantes para acomodar, é quase impossível. "Preservar a cultura da nossa empresa enquanto crescemos é definitivamente um de nossos maiores desafios", disse a EXAME Eric Schmidt, principal executivo do Google desde 2001 (leia entrevista na pág. 28).
Outras empresas, algumas vizinhas ao Google no Vale do Silício, já enfrentaram o mesmo dilema -- nem sempre com sucesso. O paralelo mais próximo dessa transformação talvez seja a trajetória da Microsoft, que após décadas de crescimento inacreditável sentiu o peso do gigantismo sobre sua capacidade de se renovar. A empresa de Bill Gates mudou o mundo de forma incontestável, fez de nerds milionários, arruinou concorrentes. Mas, com o tempo, entrou num círculo vicioso que começa e termina na perda de talentos e na dificuldade de inovar na era da internet. Foi esse cenário que levou a Microsoft a, recentemente, fazer uma oferta de 44,6 bilhões de dólares pelo Yahoo!, numa tentativa de comprar o conhecimento necessário para duelar com o Google daqui para a frente.
Se Google não colaborar, CPI pode fechar Orkut, diz senador
DIÓGENES MUNIZ
Editor de Informática da Folha Online
FELIPE MAIA
da Folha Online
Executivos do Google no Brasil depõem na manhã desta quarta-feira (9) à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pedofilia, instalada no Senado no mês passado. De acordo com o presidente da CPI, Magno Malta (PR-ES), caso a companhia não colabore com as demandas que serão apresentadas, há possibilidade do Orkut sair do ar. Entre os advogados que defenderão o Google, dono da rede social, está o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
"Já avisamos que a CPI tem poder de Justiça e poder de polícia", diz Malta, que conversou com Bastos nos últimos dias, por telefone. Os dois devem se encontrar pela manhã, antes do depoimento de Alexandre Hohagen, diretor-presidente da empresa, e Felix Ximenes, diretor de comunicação. "O ex-ministro me disse que eles estão dispostos a cooperar. Mas queremos mostrá-los que essa conversa de cooperação não é uma esmola para nós, não. Embora a empresa seja norte-americana, eles têm que entender que isso aqui tem lei."
O Google é cobrado pela Justiça e pela Polícia Federal por não colaborar com investigações sobre pedofilia na internet. De acordo com os investigadores, a empresa se nega a divulgar o nome de internautas que divulgam conteúdo de pornografia infantil na rede.
"Se eles não tiverem a disposição de cooperar nós teremos que chegar a qualquer medida, ainda que seja uma medida extrema como essa [tirar o Orkut do ar no Brasil]", afirma Malta. Os senadores cogitam fazer ainda uma acareação, colocando frente a frente Sergio Suiama, procurador do Ministério Público Federal de São Paulo, e Alexandre Hohagen, presidente do Google no país.
Ultimato
A última polêmica envolvendo a Justiça e o site no Brasil diz respeito a um novo mecanismo de privacidade do Orkut. Desde o ano passado, os usuários podem "trancar" seu álbum e a página de recados, deixando o acesso restrito a amigos adicionados no perfil.
Na visão do Ministério Público, a ferramenta, que é uma proteção dada aos usuários contra xeretas, encobre crimes de pedofilia. Criminosos estariam usando o "cadeado" do álbum para compartilhar pornografia infantil sem serem vistos por outros usuários e pelas autoridades.
De acordo com a ONG Safernet, houve 3.261 álbuns de fotografia do Orkut denunciados por esse tipo de prática.
Para Sergio Suiama, procurador do Ministério Público Federal de São Paulo, o Google age com "prepotência" perante a lei e os usuários brasileiros. Segundo ele, a empresa simplesmente se nega a colaborar com as investigações.
"Em questões mínimas eles respondem com negativas. Há todo um sistema na Justiça federal gastando tempo e dinheiro para solucionar problemas que eles mesmo criaram. Falta uma resposta efetiva para isso", afirma.
Para o procurador, a empresa precisa ser obrigada a revelar dados de criminosos no Orkut, com informações como logs de acesso, dados do usuário e fotografias que estavam no site e constituem casos de pedofilia ou crimes de ódio contra certas parcelas da população. "Nossa sugestão para a CPI é que os senadores quebrem o sigilo de criminosos no Orkut", afirma ele, que é coordenador do Grupo de Combate a Crimes Cibernéticos da instituição.
Editor de Informática da Folha Online
FELIPE MAIA
da Folha Online
Executivos do Google no Brasil depõem na manhã desta quarta-feira (9) à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pedofilia, instalada no Senado no mês passado. De acordo com o presidente da CPI, Magno Malta (PR-ES), caso a companhia não colabore com as demandas que serão apresentadas, há possibilidade do Orkut sair do ar. Entre os advogados que defenderão o Google, dono da rede social, está o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
"Já avisamos que a CPI tem poder de Justiça e poder de polícia", diz Malta, que conversou com Bastos nos últimos dias, por telefone. Os dois devem se encontrar pela manhã, antes do depoimento de Alexandre Hohagen, diretor-presidente da empresa, e Felix Ximenes, diretor de comunicação. "O ex-ministro me disse que eles estão dispostos a cooperar. Mas queremos mostrá-los que essa conversa de cooperação não é uma esmola para nós, não. Embora a empresa seja norte-americana, eles têm que entender que isso aqui tem lei."
O Google é cobrado pela Justiça e pela Polícia Federal por não colaborar com investigações sobre pedofilia na internet. De acordo com os investigadores, a empresa se nega a divulgar o nome de internautas que divulgam conteúdo de pornografia infantil na rede.
"Se eles não tiverem a disposição de cooperar nós teremos que chegar a qualquer medida, ainda que seja uma medida extrema como essa [tirar o Orkut do ar no Brasil]", afirma Malta. Os senadores cogitam fazer ainda uma acareação, colocando frente a frente Sergio Suiama, procurador do Ministério Público Federal de São Paulo, e Alexandre Hohagen, presidente do Google no país.
Ultimato
A última polêmica envolvendo a Justiça e o site no Brasil diz respeito a um novo mecanismo de privacidade do Orkut. Desde o ano passado, os usuários podem "trancar" seu álbum e a página de recados, deixando o acesso restrito a amigos adicionados no perfil.
Na visão do Ministério Público, a ferramenta, que é uma proteção dada aos usuários contra xeretas, encobre crimes de pedofilia. Criminosos estariam usando o "cadeado" do álbum para compartilhar pornografia infantil sem serem vistos por outros usuários e pelas autoridades.
De acordo com a ONG Safernet, houve 3.261 álbuns de fotografia do Orkut denunciados por esse tipo de prática.
Para Sergio Suiama, procurador do Ministério Público Federal de São Paulo, o Google age com "prepotência" perante a lei e os usuários brasileiros. Segundo ele, a empresa simplesmente se nega a colaborar com as investigações.
"Em questões mínimas eles respondem com negativas. Há todo um sistema na Justiça federal gastando tempo e dinheiro para solucionar problemas que eles mesmo criaram. Falta uma resposta efetiva para isso", afirma.
Para o procurador, a empresa precisa ser obrigada a revelar dados de criminosos no Orkut, com informações como logs de acesso, dados do usuário e fotografias que estavam no site e constituem casos de pedofilia ou crimes de ódio contra certas parcelas da população. "Nossa sugestão para a CPI é que os senadores quebrem o sigilo de criminosos no Orkut", afirma ele, que é coordenador do Grupo de Combate a Crimes Cibernéticos da instituição.
Marcadores:
crimes cibernéticos,
google,
Internet,
orkut
Vale do Silício começa a sentir a desaceleração econômica dos EUA
Matt Richtel e Brad StoneEm San Francisco (New York Times)
Os preços dos imóveis residenciais no Vale do Silício permanecem desafiadoramente altos. Novos BMWs e Saabs cruzam o corredor da Rodovia 101. Mas pela primeira vez há sinais de que a desaceleração econômica está afetando o berço de tecnologia e inovação do país.
O crescimento do emprego diminuiu, novas empresas estão contratando e gastando com maior cautela e os investidores que nutrem as novas empresas com dinheiro e experiência estão se tornando mais frugais.
A maioria dos investidores, empreendedores e inovadores que montam empresas no Vale o faz na esperança de lançar suas ações no mercado ou vendê-las -as oportunidades que as pessoas aqui chamam de saídas. Mas com o pessimismo que toma conta dos mercados financeiros e o clima de negócios, saídas são difíceis de encontrar.
Durante os primeiros três meses do ano, apenas cinco empresas apoiadas por investidores de capital de risco tiveram ações lançadas em Wall Street, disse a Associação Nacional de Capital de Risco na semana passada, em comparação a 31 no quarto trimestre do ano passado e próximo do ponto mais baixo do estouro da bolha pontocom.
Também há uma queda acentuada na aquisição de novas empresas por corporações maiores. A Microsoft está causando alvoroço com seu esforço para comprar a Yahoo, mas fora isso as coisas estão calmas. Houve apenas 56 aquisições nos primeiros três meses do ano, em comparação a 83 no quarto trimestre.
Com as opções cada vez mais fora da mesa, os investidores devem gastar dinheiro e tempo estimulando -ou salvando- as empresas existentes em vez de construindo novas.
"Nós estamos controlando rigidamente as despesas", disse Jim Breyer, sócio-diretor da Accel Partners, uma empresa de capital de risco. A firma é uma investidora da Model N, uma empresa de software que recentemente retirou seu registro para abertura de capital por causa das condições de mercado desfavoráveis. Breyer disse que a empresa esperará até o quarto trimestre, no mínimo, para tentar de novo.
"Ninguém sabe por quanto tempo vai durar a desaceleração", disse Breyer.
Se durar por todo este ano, ele disse, "será bem mais do que uma inconveniência para todas as empresas". O mercado inóspito para abertura de capital e aquisições está afetando não apenas o ambiente de inovação, mas também o estilo de vida de seus participantes.
"Menos dinheiro ingressando no Vale significa menos dinheiro para compra de imóveis, para ir a restaurantes caros, para gastar em produtos de consumo e férias", disse Hans Swildens, fundador e presidente da Industry Ventures, uma firma de investimento que compra participações em novas empresas que precisam de injeção de capital.
O sentimento geral no Vale do Silício é de que ainda não chegamos nesse ponto, mas a realidade é que já chegamos", disse Swildens. "Já começou."
A região sente como se estivesse à beira de uma mudança de humor. Por um lado, seus cidadãos dizem se sentir afortunados por trabalharem em um segmento da economia e viver em uma região que foram menos atingidos do que outras partes do país. Eles também expressam uma confiança teimosa na migração inexorável para a Internet e o papel que as empresas de tecnologia terão nesta transição.
E eles afirmam que não estão sentindo nada parecido com a dor que se seguiu ao estouro da bolha pontocom, que levou a grandes demissões, um êxodo de talento, um colapso do mercado de imóveis comerciais e uma queda significativa do investimento em novas empresas.
Mas após se reerguer com persistência do estouro da bolha pontocom, o Vale se vê novamente diante de condições adversas. Nas empresas "blue chip" da área, o desempenho das ações está ruim com a desaceleração do crescimento. As ações da Google caíram cerca de 31% neste ano; a Apple teve queda de 21%. O índice composto Nasdaq, com foco em tecnologia, teve queda de 11,4% neste ano.
Entre as ações de empresas apoiadas por capital de risco que abriram o capital no ano passado, apenas 28% estão acima do preço de lançamento, em comparação a cerca de 50% em um ano típico e 70% em boas condições de mercado, segundo a Associação Nacional de Capital de Risco.
Novas empresas estão atingindo obstáculos em seu caminho para os mercados de capital. A Upek, uma empresa em Emeryville, Califórnia, que produz chips de computador e software usado para reconhecimento de impressões digitais, se registrou em maio passado para lançar suas ações no mercado. Ela então começou a estimular o entusiasmo do investidor e estava conseguindo progresso. Mas em 4 de março, ela retirou seu registro.
Em Wall Street "repentinamente não havia mais apetite por empresas em crescimento", disse Eric Buatois, sócio geral da Sofinnova Ventures, uma firma de investimento em empresas em estágio inicial que financiou a Upek.
A Upek já dá lucro, mas sem a injeção de capital do lançamento das ações, disse Buatois, ela adiará novos produtos, limitará o número de projetos em andamento e contratará menos agressivamente.
"Você encolhe seus planos de expansão", disse Buatois.
A Upek conta com 30 funcionários na Califórnia e outros 80 ao redor do mundo; seu departamento de manufatura fica em Cingapura, o desenvolvimento de hardware na Itália e o desenvolvimento de software fica em Praga. Ela também realiza 80% de suas vendas no exterior.
A natureza global da Upek, que é compartilhada por um número crescente de novas empresas no Vale do Silício, é uma faca de dois gumes em meio à desaceleração econômica. No lado positivo, as vendas no exterior estão isolando a empresa de algumas das condições econômicas adversas nos Estados Unidos.
Mas por causa de seus funcionários fora do país, ela paga um preço caro e inesperado em conseqüência da desvalorização do dólar.
"O maior impacto é causado pela queda livre do dólar", disse Buatois. Ele disse que os custos para a empresa aumentaram de 10% a 20% nos últimos três trimestres. "Mas o preço do produto não está subindo."
O murchar da economia nacional também parece ter um impacto na quantidade de dinheiro que os investidores de risco estão dispostos a aplicar.
Em 2007, os investidores em empresas em estágio inicial -os chamados "anjos"- colocaram US$ 26 bilhões em novas empresas, segundo o Centro de Pesquisa de Capital de Risco da Universidade de New Hampshire. Esse número não apresentou nenhum aumento em relação ao ano anterior, após grandes aumentos anuais desde 2003, quando o Vale começou a se reerguer do estouro da bolha.
"Desde a retomada, este é o primeiro ano sem aumento", disse Jeffrey Sohl, o diretor do centro. Ele disse que o dinheiro estava sendo disseminado em mais novas empresas, o que significa que o valor médio investido em empresas individuais pelos anjos caiu de cerca de US$ 500 mil para US$ 450 mil.
"Não é uma crise de confiança, mas é mais uma abordagem cautelosa", disse Sohl sobre o ponto de vista dos investidores, que ele disse que também podem dispor de menos dinheiro para investir em novas empresas, já que a queda do mercado reduziu seu capital.
A cautela provavelmente atrapalhará o crescimento do emprego. O Centro para o Estudo Contínuo da Economia da Califórnia projeta que haverá 10 mil novas vagas de trabalho na região neste ano, em comparação a 17.700 no ano passado e 25 mil em 2006.
Outra questão financeira aparentemente não relacionada mas potencialmente crucial vem da paralisia do mercado para os chamados títulos auction-rate (título de taxa variável com dividendo redefinido por leilão). Estes são investimentos que indivíduos e empresas usavam para aplicar dinheiro por um curto prazo, cientes de que poderiam resgatar rapidamente os fundos.
Muitos capitalistas de risco faziam uso desses investimentos, mas agora se vêem incapazes de resgatar seu dinheiro, o que por sua vez está ameaçando a capacidade deles de pagar as contas em suas novas empresas.
Mas o espectro mais problemático para a economia de alta tecnologia é o mercado de ações estagnado e seu impacto na capacidade de investidores e empreendedores de lançarem novas ações, seja para lucro pessoal como para levantar dinheiro para a continuidade do desenvolvimento de seus negócios.
No final do quarto trimestre, havia 60 empresas financiadas por capital de risco registradas para abertura de capital. No final do primeiro trimestre, 38 estavam registradas. E de lá para cá algumas retiraram seu registro, disse Mark G. Heesen, presidente da Associação Nacional de Capital de Risco.
"Foi quão rapidamente a situação mudou", disse Heesen, acrescentando: "Não são boas notícias e não estamos tentando dourar a pílula".
Isto causa um impacto, ele disse. "Para o Vale do Silício, significa menos novas empresas financiadas, menos empreendedores financiados, menos empregadores com esperança de se tornarem o próximo grande empregador."
Tradução: George El Khouri Andolfato
Os preços dos imóveis residenciais no Vale do Silício permanecem desafiadoramente altos. Novos BMWs e Saabs cruzam o corredor da Rodovia 101. Mas pela primeira vez há sinais de que a desaceleração econômica está afetando o berço de tecnologia e inovação do país.
O crescimento do emprego diminuiu, novas empresas estão contratando e gastando com maior cautela e os investidores que nutrem as novas empresas com dinheiro e experiência estão se tornando mais frugais.
A maioria dos investidores, empreendedores e inovadores que montam empresas no Vale o faz na esperança de lançar suas ações no mercado ou vendê-las -as oportunidades que as pessoas aqui chamam de saídas. Mas com o pessimismo que toma conta dos mercados financeiros e o clima de negócios, saídas são difíceis de encontrar.
Durante os primeiros três meses do ano, apenas cinco empresas apoiadas por investidores de capital de risco tiveram ações lançadas em Wall Street, disse a Associação Nacional de Capital de Risco na semana passada, em comparação a 31 no quarto trimestre do ano passado e próximo do ponto mais baixo do estouro da bolha pontocom.
Também há uma queda acentuada na aquisição de novas empresas por corporações maiores. A Microsoft está causando alvoroço com seu esforço para comprar a Yahoo, mas fora isso as coisas estão calmas. Houve apenas 56 aquisições nos primeiros três meses do ano, em comparação a 83 no quarto trimestre.
Com as opções cada vez mais fora da mesa, os investidores devem gastar dinheiro e tempo estimulando -ou salvando- as empresas existentes em vez de construindo novas.
"Nós estamos controlando rigidamente as despesas", disse Jim Breyer, sócio-diretor da Accel Partners, uma empresa de capital de risco. A firma é uma investidora da Model N, uma empresa de software que recentemente retirou seu registro para abertura de capital por causa das condições de mercado desfavoráveis. Breyer disse que a empresa esperará até o quarto trimestre, no mínimo, para tentar de novo.
"Ninguém sabe por quanto tempo vai durar a desaceleração", disse Breyer.
Se durar por todo este ano, ele disse, "será bem mais do que uma inconveniência para todas as empresas". O mercado inóspito para abertura de capital e aquisições está afetando não apenas o ambiente de inovação, mas também o estilo de vida de seus participantes.
"Menos dinheiro ingressando no Vale significa menos dinheiro para compra de imóveis, para ir a restaurantes caros, para gastar em produtos de consumo e férias", disse Hans Swildens, fundador e presidente da Industry Ventures, uma firma de investimento que compra participações em novas empresas que precisam de injeção de capital.
O sentimento geral no Vale do Silício é de que ainda não chegamos nesse ponto, mas a realidade é que já chegamos", disse Swildens. "Já começou."
A região sente como se estivesse à beira de uma mudança de humor. Por um lado, seus cidadãos dizem se sentir afortunados por trabalharem em um segmento da economia e viver em uma região que foram menos atingidos do que outras partes do país. Eles também expressam uma confiança teimosa na migração inexorável para a Internet e o papel que as empresas de tecnologia terão nesta transição.
E eles afirmam que não estão sentindo nada parecido com a dor que se seguiu ao estouro da bolha pontocom, que levou a grandes demissões, um êxodo de talento, um colapso do mercado de imóveis comerciais e uma queda significativa do investimento em novas empresas.
Mas após se reerguer com persistência do estouro da bolha pontocom, o Vale se vê novamente diante de condições adversas. Nas empresas "blue chip" da área, o desempenho das ações está ruim com a desaceleração do crescimento. As ações da Google caíram cerca de 31% neste ano; a Apple teve queda de 21%. O índice composto Nasdaq, com foco em tecnologia, teve queda de 11,4% neste ano.
Entre as ações de empresas apoiadas por capital de risco que abriram o capital no ano passado, apenas 28% estão acima do preço de lançamento, em comparação a cerca de 50% em um ano típico e 70% em boas condições de mercado, segundo a Associação Nacional de Capital de Risco.
Novas empresas estão atingindo obstáculos em seu caminho para os mercados de capital. A Upek, uma empresa em Emeryville, Califórnia, que produz chips de computador e software usado para reconhecimento de impressões digitais, se registrou em maio passado para lançar suas ações no mercado. Ela então começou a estimular o entusiasmo do investidor e estava conseguindo progresso. Mas em 4 de março, ela retirou seu registro.
Em Wall Street "repentinamente não havia mais apetite por empresas em crescimento", disse Eric Buatois, sócio geral da Sofinnova Ventures, uma firma de investimento em empresas em estágio inicial que financiou a Upek.
A Upek já dá lucro, mas sem a injeção de capital do lançamento das ações, disse Buatois, ela adiará novos produtos, limitará o número de projetos em andamento e contratará menos agressivamente.
"Você encolhe seus planos de expansão", disse Buatois.
A Upek conta com 30 funcionários na Califórnia e outros 80 ao redor do mundo; seu departamento de manufatura fica em Cingapura, o desenvolvimento de hardware na Itália e o desenvolvimento de software fica em Praga. Ela também realiza 80% de suas vendas no exterior.
A natureza global da Upek, que é compartilhada por um número crescente de novas empresas no Vale do Silício, é uma faca de dois gumes em meio à desaceleração econômica. No lado positivo, as vendas no exterior estão isolando a empresa de algumas das condições econômicas adversas nos Estados Unidos.
Mas por causa de seus funcionários fora do país, ela paga um preço caro e inesperado em conseqüência da desvalorização do dólar.
"O maior impacto é causado pela queda livre do dólar", disse Buatois. Ele disse que os custos para a empresa aumentaram de 10% a 20% nos últimos três trimestres. "Mas o preço do produto não está subindo."
O murchar da economia nacional também parece ter um impacto na quantidade de dinheiro que os investidores de risco estão dispostos a aplicar.
Em 2007, os investidores em empresas em estágio inicial -os chamados "anjos"- colocaram US$ 26 bilhões em novas empresas, segundo o Centro de Pesquisa de Capital de Risco da Universidade de New Hampshire. Esse número não apresentou nenhum aumento em relação ao ano anterior, após grandes aumentos anuais desde 2003, quando o Vale começou a se reerguer do estouro da bolha.
"Desde a retomada, este é o primeiro ano sem aumento", disse Jeffrey Sohl, o diretor do centro. Ele disse que o dinheiro estava sendo disseminado em mais novas empresas, o que significa que o valor médio investido em empresas individuais pelos anjos caiu de cerca de US$ 500 mil para US$ 450 mil.
"Não é uma crise de confiança, mas é mais uma abordagem cautelosa", disse Sohl sobre o ponto de vista dos investidores, que ele disse que também podem dispor de menos dinheiro para investir em novas empresas, já que a queda do mercado reduziu seu capital.
A cautela provavelmente atrapalhará o crescimento do emprego. O Centro para o Estudo Contínuo da Economia da Califórnia projeta que haverá 10 mil novas vagas de trabalho na região neste ano, em comparação a 17.700 no ano passado e 25 mil em 2006.
Outra questão financeira aparentemente não relacionada mas potencialmente crucial vem da paralisia do mercado para os chamados títulos auction-rate (título de taxa variável com dividendo redefinido por leilão). Estes são investimentos que indivíduos e empresas usavam para aplicar dinheiro por um curto prazo, cientes de que poderiam resgatar rapidamente os fundos.
Muitos capitalistas de risco faziam uso desses investimentos, mas agora se vêem incapazes de resgatar seu dinheiro, o que por sua vez está ameaçando a capacidade deles de pagar as contas em suas novas empresas.
Mas o espectro mais problemático para a economia de alta tecnologia é o mercado de ações estagnado e seu impacto na capacidade de investidores e empreendedores de lançarem novas ações, seja para lucro pessoal como para levantar dinheiro para a continuidade do desenvolvimento de seus negócios.
No final do quarto trimestre, havia 60 empresas financiadas por capital de risco registradas para abertura de capital. No final do primeiro trimestre, 38 estavam registradas. E de lá para cá algumas retiraram seu registro, disse Mark G. Heesen, presidente da Associação Nacional de Capital de Risco.
"Foi quão rapidamente a situação mudou", disse Heesen, acrescentando: "Não são boas notícias e não estamos tentando dourar a pílula".
Isto causa um impacto, ele disse. "Para o Vale do Silício, significa menos novas empresas financiadas, menos empreendedores financiados, menos empregadores com esperança de se tornarem o próximo grande empregador."
Tradução: George El Khouri Andolfato
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Não há lugar isento de experiências de racismo, alerta observador vaticano na ONU
O arcebispo Tomasi na 7ª sessão do Conselho de Direitos Humanos
Por Marta Lago
GENEBRA, sexta-feira, 4 de abril de 2008 (ZENIT.org).- Apesar da repulsa comum de racismo, xenofobia e outras formas de intolerância, «nenhum lugar do mundo está isento de experiências de discriminação racial», alerta o observador permanente da Santa Sé ante o Escritório das Nações Unidas e Instituições Especializadas em Genebra.
Tal flagelo, segundo Dom Silvano Tomasi, torna oportuna e necessária uma implicação permanente do Conselho de Direitos Humanos, que celebrou sua VII sessão ordinária de 3 a 28 de março.
Hoje, a Sala de Imprensa da Santa Sé publicou intervenções – de 18 e 19 de março – nas quais o prelado sublinha ante o Conselho a necessidade de considerar os direitos humanos fundando-os na pessoa humana e em sua inerente dignidade.
Deste contexto relacional se desprende que direitos e deveres são inseparáveis; a cada direito corresponde um dever, e de sua interação e da promoção do bem comum, as comunidades se formam e salvaguardam, explica Dom Tomasi.
Para isso, seguindo o prelado, deve-se enfrentar a tarefa de proporcionar um meio em que a pessoa possa desenvolver-se sem discriminações.
«Não há lugar do mundo isento de experiências de discriminação étnica, ainda que é convicção comum que o racismo, a xenofobia e formas relacionadas de intolerância estão condenadas pelo direito consuetudinário que todo Estado e sujeito está obrigado a respeitar», alerta Dom Tomasi.
No atual âmbito de globalização e de pluralização social, o caminho a percorrer «não consiste em um diálogo abstrato de civilizações – expressa –, em uma insistente defesa do ‘comunitarismo’ ou em uma concepção do indivíduo desraigado das relações humanas».
O Estado tampouco «pode basear-se exclusivamente na idéia da identidade nacional», mas «a legislação internacional em direitos humanos reconhece claramente que a principal função do Estado é servir a pessoa humana, sua vida em comunidade e a promoção do bem comum», recorda.
Nem «assimilação radical», nem «separação», nem tolerância por si só; «interação», «integração» e reconhecimento da diferença e igualdade do outro – aponta – é o que possibilita um genuíno diálogo e a resolução de problemas práticos de convivência.
Dom Tomasi insiste na necessidade de meios onde toda pessoa desfrute de todos os direitos humanos, em cuja defesa e promoção recomenda centrar-se.
Isso permitirá enfrentar situações de intolerância também religiosa, que demandam, por sua complexidade, uma atitude de colaboração, utilizando os necessários mecanismos internacionais. «Uma aproximação comum – prossegue o prelado – pode ser a de prestar especial atenção às vítimas de discriminações raciais e/ou religiosas, cujos direitos humanos básicos se negam continuamente até o ponto da privação violenta da vida.»
«Em alguns países – adverte ante o Comitê da ONU –, é difícil para os cristãos professar publicamente sua fé.»
A educação, assim como a ratificação e uso dos instrumentos internacionais disponíveis, são meios necessários para combater a intolerância.
Mas é prioritário, de acordo com Dom Tomasi, uma mudança de atitude que substitua no coração – em purificação constante – o medo ou o espírito de dominação pela solidariedade e a abertura aos demais.
Por Marta Lago
GENEBRA, sexta-feira, 4 de abril de 2008 (ZENIT.org).- Apesar da repulsa comum de racismo, xenofobia e outras formas de intolerância, «nenhum lugar do mundo está isento de experiências de discriminação racial», alerta o observador permanente da Santa Sé ante o Escritório das Nações Unidas e Instituições Especializadas em Genebra.
Tal flagelo, segundo Dom Silvano Tomasi, torna oportuna e necessária uma implicação permanente do Conselho de Direitos Humanos, que celebrou sua VII sessão ordinária de 3 a 28 de março.
Hoje, a Sala de Imprensa da Santa Sé publicou intervenções – de 18 e 19 de março – nas quais o prelado sublinha ante o Conselho a necessidade de considerar os direitos humanos fundando-os na pessoa humana e em sua inerente dignidade.
«Centrar-se na pessoa não é uma justificação para o individualismo», porque «nenhuma pessoa chega a ser tal se não é em relação com outros, um processo que começa na família natural», afirma.
Deste contexto relacional se desprende que direitos e deveres são inseparáveis; a cada direito corresponde um dever, e de sua interação e da promoção do bem comum, as comunidades se formam e salvaguardam, explica Dom Tomasi.
Para isso, seguindo o prelado, deve-se enfrentar a tarefa de proporcionar um meio em que a pessoa possa desenvolver-se sem discriminações.
«Não há lugar do mundo isento de experiências de discriminação étnica, ainda que é convicção comum que o racismo, a xenofobia e formas relacionadas de intolerância estão condenadas pelo direito consuetudinário que todo Estado e sujeito está obrigado a respeitar», alerta Dom Tomasi.
No atual âmbito de globalização e de pluralização social, o caminho a percorrer «não consiste em um diálogo abstrato de civilizações – expressa –, em uma insistente defesa do ‘comunitarismo’ ou em uma concepção do indivíduo desraigado das relações humanas».
O Estado tampouco «pode basear-se exclusivamente na idéia da identidade nacional», mas «a legislação internacional em direitos humanos reconhece claramente que a principal função do Estado é servir a pessoa humana, sua vida em comunidade e a promoção do bem comum», recorda.
Nem «assimilação radical», nem «separação», nem tolerância por si só; «interação», «integração» e reconhecimento da diferença e igualdade do outro – aponta – é o que possibilita um genuíno diálogo e a resolução de problemas práticos de convivência.
Dom Tomasi insiste na necessidade de meios onde toda pessoa desfrute de todos os direitos humanos, em cuja defesa e promoção recomenda centrar-se.
Isso permitirá enfrentar situações de intolerância também religiosa, que demandam, por sua complexidade, uma atitude de colaboração, utilizando os necessários mecanismos internacionais. «Uma aproximação comum – prossegue o prelado – pode ser a de prestar especial atenção às vítimas de discriminações raciais e/ou religiosas, cujos direitos humanos básicos se negam continuamente até o ponto da privação violenta da vida.»
«Em alguns países – adverte ante o Comitê da ONU –, é difícil para os cristãos professar publicamente sua fé.»
A educação, assim como a ratificação e uso dos instrumentos internacionais disponíveis, são meios necessários para combater a intolerância.
Mas é prioritário, de acordo com Dom Tomasi, uma mudança de atitude que substitua no coração – em purificação constante – o medo ou o espírito de dominação pela solidariedade e a abertura aos demais.
«Este é um papel fundamental das religiões, que têm a responsabilidade de oferecer um ensinamento que enfatize a dignidade de todo ser humano e a unidade da família humana», conclui.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)