E existe um povo que a bandeira empresta
Pra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transforma-se nesta festa
Em manto impuro da bacante fria!...
Meu Deus! Meu Deus! Mais que bandeira é esta
Que impudente na gávea tripudia ?!...
Silencio!... Musa chora, chora tanto,
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra,
E as promessa divinas da esperança...
Tu, que da liberdade após a guerra
Foste hasteado dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!...
Extingue nesta hora o brigue imundo
Um trilho que Colombo abriu na vaga
Como um íris no pélago profundo!...
... Mas é infâmia demais... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...
Andrada! arranca esse pendão dos ares!...
Colombo! fecha a porta de teus mares!...[1]
[1] CASTRO ALVES, Antônio de, Os Escravos. Rio de Janeiro: Martins Editora; 1972.
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